1 - PESADELO SEM FIM

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Era quase meia noite quando o pequeno Diego finalmente estava perto de dormir.

Deitado em um colchão com lençol verde claro sobre um sofá feito de cimento, apenas usando uma bermuda vermelha. O garoto de 13 anos sem camisa, franzino, cabelo curto e castanho, assistia um filme de comédia fazia alguns minutos.

Ele tem um quarto, porém prefere dormir sozinho ao ter que dividi-lo com o irmão caçula.

O sofá fica em frente à televisão e Diego se encontra de barriga para cima, apenas com o rosto virado para a TV. Os seus olhos foram se fechando lentamente, até que como uma onda, o sono passou diante de seu rosto e levou sua consciência para bem longe.

Subitamente sua consciência retorna alguns segundos depois, seguida de uma inexplicável sensação de medo e terror. O sono desaparecera por completo, como se tivesse dormido por horas e os finos pelos de seu corpo começaram a se arrepiar.

Mesmo com receio, Diego abriu os olhos e a luz acesa da sala o obrigou a semicerra-los. Mas algo o surpreendeu completamente: ele não conseguia mexer sequer um músculo.

Apenas os olhos podiam se mover, mais nada. Nem a boca ou o dedo mindinho. Nada. Como se o corpo tivesse se desligado do cérebro.

O garoto começou a sentir o coração bater mais forte, como se ele quisesse sair do peito. Sua respiração começou a ficar mais acelerada, ofegante, tudo devido ao medo.

Diego abriu completamente os olhos e percebeu algo estranho perto de seus pés. Uma orelha pontiaguda preta, com pelos cobrindo-a quase que por completa. Parecia ser a orelha de um morcego, ou alguma criatura horrenda.

Não dava para ver o que realmente era, pois o bicho estava no chão e a posição do garoto não o permitiu olhar. Apenas uma orelha, tudo o que ele conseguia identificar devido ao seu campo de visão bastante prejudicado.

O significado da palavra medo ganhou um novo sentido para o garoto. Não apenas pelo fato da pequena criatura estar perto de seus pés, mas também por não poder se movimentar, ficando vulnerável a qualquer coisa. Uma mordida de um cachorro? De um morcego? Diego fechou os olhos e pensou que podia ser apenas o Rex, seu poodle preto. Por um breve período de tempo uma doce sensação de alívio tomou conta de seu peito, como uma brisa. Até ele se lembrar que o cachorro dorme do lado de fora da casa, seria praticamente impossível ele estar ali naquele momento.

O alívio que sentira também se foi como uma ligeira brisa num dia sem vento. O garoto começou a suar, tentando de qualquer jeito clamar por ajuda mas de nada adiantava. Todo o esforço seria banal, não havia jeito, a única coisa que podia fazer era esperar com medo e ansiedade.

Por incrível que pareça a curiosidade foi além do medo, permitindo-lhe que abrisse os olhos novamente. O seu coração gelou, pois agora a orelha estava à sua frente, alguns centímetros de seu rosto. O susto foi tão grande que fez o garoto perder a consciência.

Não sabendo quanto tempo ficara inconsciente, o garoto simplesmente levantou com um pulo. O mesmo filme ainda passava na TV. Diego se sentou e colocou as mãos sobre os joelhos, certificando se a criatura não estava mais ali. Não parecia um sonho, todos os móveis estavam exatamente no mesmo local e do mesmo jeito, foi tudo muito real para ser apenas uma peça pregada pela sua mente.

Com medo de voltar a dormir, ele se levantou e foi em direção ao quarto da mãe dele. A casa muito grande só aumentava seu medo, pois o caminho parecia ser muito maior do que realmente era. Apenas a luz da sala iluminava os outros cômodos: um pequeno corredor até a cozinha, depois a sala de jantar até que finalmente o quarto de sua mãe.

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