Confesso que cheguei a um ponto onde encontre-me esgotada, cansada física e mentalmente. Atolar-me em livros na tentativa de concluir o ensino médio não estava lá me fazendo tão bem. O problema é que devemos sim estar ativos e ir em busca daquilo que almejamos, mas sem esquecer que somos humanos, e que também precisamos de um tempo para nós.
O habitual estava aos poucos me matando. Excluir-me das festas, dos passeios e dos meus amigos, não adiantaria de nada caso fosse colocar na balança.
Um número de telefone havia persistido em minha mente o dia inteiro: o da minha melhor amiga. Ainda deitada em minha cama, o disquei talvez até três vezes e o apaguei no mesmo instante. De fato ela não me negaria uma festa, afinal, ela era a Aline. Uma bela morena dos cabelos encaracolados, louca, extrovertida e apaixonada por música alta.
— Alô maluca. — Falei alto, no tom em que estávamos acostumados a conversar.
— Oi meu doce de coco. — Do outro lado da linha, sua voz encontrava-se arrastada, talvez por conta do sono, mas com o seu doce tom de deboche de sempre.
— Preciso sair! Estou ficando louca com a quantidade de livros espalhados em minha cama. — Afirmei esgotada.
— É comigo mesmo. Irei passar na sua casa às 21h30min para fazermos um esquenta. — Avisou, desligando em seguida o telefone, deixando-me sozinha na linha.
A verdade era que ela poupava as palavras. Quando decidíamos algo, não havia muito sobre o que conversar. Pelo menos a minha amiga era bem decidida, ao contrário de mim, que sempre precisei pensar um milhão de vezes para tomar alguma atitude. Chamo isso de precaução.
Em busca de algo que fosse pelo menos razoavelmente "bom" para sair, virei meu guarda-roupa de cabeça para baixo, até achar uma blusa e uma saia que eram do mesmo conjunto — talvez eu estivesse há uns belos seis meses sem comprar algo decente para mim —, e aquele tom de azul escuro pareceu combinar bem com um par de sapatos pretos que encontravam-se no fim do armário, já com uma considerável quantidade de pó em cima.
Convenhamos que eu não levava jeito para secadores de cabelo ou chapinha. Por conta disso, pelo menos 300 dias do meu ano deixava meu cabelo secar naturalmente. Mas quem sabe aquele dia fosse diferente. Quem sabe eu não fosse me queimar como de costume, então resolvi deixar as madeixas lisas.
O meu tom de cabelo castanho escuro de certa forma era bom, porque 1: ele não se prejudicaria ainda mais por conta do sol, assim como cabelos mais claros. 2: ele não parecia tão ressecado quando o queimava com a minha chapinha.
O relógio marcava que faltavam cerca de trinta minutos para as dez horas. Ou seja, a qualquer momento Aline bateria a minha porta informando que havia chegado. Nós normalmente fazíamos o esquenta em meu apartamento, por conter uma boa variedade de bebidas — que é claro não eram só minhas, eu não era exatamente a menina que se acabava em beber —, mas as pessoas geralmente deixavam litros pela metade por ali.
— Oi amiga. — Aline entrou pela porta que havia deixado encostada, a forma como silabava as palavras com seu bonito e escuro batom vermelho, deixava-a ainda mais atraente.
— Oi feia. — Respondi, fingindo analisar seu look com desgosto.
— Você ficou linda, está querendo encontrar um Deus grego? — Perguntou encarando meus olhos.
— Vai que eu encontro mesmo. — Falei, dando uma piscada para ela e caíamos na risada.
Após pequenos copos de whisky e vodka, iríamos com o carro dela para a tal festa que havia escolhido, mas no fim decidíamos chamar um uber, já que iríamos beber ainda mais. Era uma dessas boates que ficavam no centro da cidade. Estava cheio demais, mas não tinha tirado o dia para ficar reclamando, mesmo porque eu quem havia tido a ideia para sairmos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Além Do Seu Amor (DEGUSTAÇÃO)
RomanceGabriela é uma doce jovem de 18 anos que cursa a faculdade de Psicologia. Durante todos esses anos buscou encontrar o cara certo, mas nunca foi tão fácil assim. Depois de tanto esperar, ela desiste e tenta seguir sua vida sem outra pessoa. "Ama...