3! o laranja do seu cabelo

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🌈

Jungkook

O despertador tocou às seis da manhã. Meu pai já havia saído de casa.

Às sete, depois do banho, eu sentei sozinho na mesa de jantar e tomei meu café-da-manhã. Às oito, comecei minha sessão de estudos.

Juntei as apostilas de diferentes matérias em meus braços, e liguei o rádio ouvindo os cálculos repercutirem pelo quarto. Na mesa já organizada, virado para a parede, senti os raios de sol do início do verão entrarem pela cortina.

"Seria tão bom ir lá fora agora...", pensei, em um devaneio bobo. "Só ficar na calçada... Talvez tomar sorvete."

E como se fosse automático, as palavras de meu pai vieram à minha cabeça.

Devaneios eram perigosos. Eles podiam te distrair do seu objetivo. E sorvetes eram bombas de gordura e açúcar, não valiam uma dose da lactase.

Balancei a cabeça, tentando espantar a vontade de sair, e abri a primeira página de Biologia I.

Li, grifei, anotei. Li, não entendi, li de novo. Resumi, resumi, resumi. Acabei o capítulo. Alternei essa apostila com uma de outra matéria.

Assim eram todos os meus dias. O planner era meu único propósito, e os livros minha única companhia.

Nada demais acontecia. Nunca.

Entretanto, lá pelas onze da manhã, algo diferente aconteceu. Algo que não estava em meu planner, ou no planejamento de meu pai.

A campainha tocou.

Dei um pulo na minha cadeira, tamanho o susto. Papai sempre me avisava quando tinha alguma entrega, e nossa família era só eu e ele.

Ninguém visitava a gente, e meu pai nunca esqueceria um compromisso. Então, quem poderia ser?

Desci as escadas aflito, com uma sensação esquisita, ansiosa no peito. Era só uma campanhia, por quê eu estava tão nervoso?

Poderia ser a polícia, me incriminando por algum crime que tento lembrar se cometi. Ou um sequestrador, um assassino de adolescentes em série.

Na boa, não sei qual dos dois me assusta mais.

Sem conferir quem era pelo olho mágico, abri a porta.

- Oi! - Um garoto que eu nunca vi na vida disse, com um sorriso um tanto tenso. - Bom dia...

Ele apertava uma travessa entre as mãos, e sua respiração estava esquisita. Parecia mais nervoso do que eu. E nem era ele quem iria ser sequestrado!

Mas eu não me atentei ao seu nervosismo. Nem à sua jaqueta jeans de lavagem clara, cheia de broches coloridos. Ou aos seus tênis pretos nos pés inquietos, com uma meia de cada cor subindo por seu tornozelo.

Não prestei atenção em nada disso porque estava vidrado em seus cabelos laranjas.

A cor chamava tanto minha atenção que fiquei besta. Parecia artificial, dava para ver um pouquinho da raíz escura surgindo, e estava com certeza bem bagunçado... mas um bagunçado bonito.

Nossas (e Apenas Nossas) Cores • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora