-Oi minha querida passei bem e você, conseguiu dormir depois de tantas ideias?
-Consegui sim mamãe, mas estou bem ansiosa para chegar ao colégio e falar com a Clarinha.
-Cuidado com as palavras viu minha querida!?
-Pode deixar mamãe tomarei.Enquanto Rebeca estava conversando, sua mãe estava preparando o seu lanche. Foi quando a condução havia chegado para levá-la para o colégio.
(Bi bit)
-Já estou indo tio Antônio (Rebeca grita de dentro de casa e em seguida se despede da mãe)
-Tchau! Bença mamãe te amo até mais tarde.
-Também te amo minha flor, Deus ti abençoe e proteja.Rebeca estava muito inquieta e pensativa e Rafaela achou estranho, mas também se segurou e não falou nada até que não aguentou e indagou:
-Rebeca o que você tem amiga? Está tão quieta com pensamento longe.
-Não é nada amiga.
-Claro que é Rebeça. Você não é assim, me conta o que tá acontecendo?
-A menina da cadeira de rodas, que estuda lá em nossa sala.
-Ahhhh Rebeca.. você vai perder seu tempo, com aquela "aleijada'? Não acredito nisso!! Sinceramente.
-Vou sim Rafaela, e outra coisa minha mãe me ensinou que não é aleijada que se fala, e sim deficiente física.
-Tanto faz Rebeca aleijada, inválida... estou nem aí para a palavra certa. Agora eu sei de uma coisa!! Se você começar a falar com ela pode esquecer a nossa amizade.
-O que é isso Rafaela? Nunca ouvi você falando desse jeito.-É isso mesmo amiga vai doer bastante eu não poder falar mais com você, mas se caso continuar com essa de querer falar com a tal Clarinha, pode se esquecer que um dia fomos amigas.
-Poxa Rafaela, por que você tem tanto preconceito assim? Você nem conhece a garota e já julga.
-Não é questão de preconceito Rebeca, e sim de conceito. Pensa comigo... o que uma garota que não anda, vai poder me dar em troca? Se a gente fosse sair por exemplo... eu teria que empurrar a cadeira dela. O que falariam de mim, se me encontrassem fazendo isso? Ah meu amor sinto muito, mas não quero ser motivo de piada em canto nenhum, só porque estou empurrando uma cadeira de rodas. E outra...Você sabe das limitações dela? Sabe o que ela pode e não pode fazer? Fala sério amiga e outra eu não vou a qualquer lugar, não me misturo com certos tipos de pessoas. Só me aproximei de você, porque tem a mesma cor de pele que a minha, temos a mesma religião e vivemos em uma mesma classe social. E agora vamos descer, já chegamos á escola. Já sabe... se falar com ela pode esquecer nossa amizade.As duas desceram da condução sem dar uma palavra nem se querer responderam o tchau do tio Antônio. Mas assim que entraram na sala de aula deram de cara com a Clarinha. Uma olhou para outra com um olhar dizendo: Não fale com ela. Já sabe o que irá acontecer. Foi quando nesse meio tempo a professora chegou.
-Bom dia classe.
-Bom dia professora Letícia. (todos em uma só voz responderam)
-Bom classe... hoje nós vamos estudar sobre o que é verbo, como eles se formam e como se dividem.Enquanto a aula seguia seu rumo, Rebeca estava pensativa no que iria fazer. Foi quando tocou o sinal para o intervalo. Ela chegou perto da professora e falou: - Professora Letícia, a senhora tem 1 minuto?
-Sim minha querida, em que posso ajudá-la, alguma questão do verbo que não ficou compreendida?
-Não professora, não tem nada a ver com a aula. É outro assunto.
-Então fale, em que posso lhe ser útil?
-É o seguinte professora. Não tem a Clarinha?
-Sim o que tem ela?
-Reparei que ela é muito triste, e com a palestra que tivemos na quinta passada, aqui na escola, pude entender o por que dela ser tão triste, é que ninguém se aproxima dela. Então resolvi escrever um livro, encima desse assunto.
-Nossa Rebeca!! Que linda sua atitude.
-Obrigada professora.
-Mas eu ainda não entendi, em que posso ajudar? Ah já sei você quer dicas de português?
-Também pode ser professora, mas não foi por isso que vim lhe procurar.
-Então não estou entendendo mais nada Rebeca!!
-Vou explicar professora. Estou querendo me aproximar da Clarinha, mas a minha amiga Rafaela disse que se eu falar com ela, não seremos mais amigas.
-Mas por que a Rafaela disse isso a você? Tem espaço para todas fazerem amizades, sem deixar a outra de lado!
-Então professora Letícia eu sei disso!! Mas é que a mãe da Rafaela é preconceituosa e ensinou ela a ser também.
-Sabe o que você faz Rebeca? Aproveita que a Clarinha não foi para o intervalo e conversa com ela. E enquanto isso, vou conversar com a Rafaela.E foi exatamente a Rebeca fez. Chegou a Clarinha meio apreensiva, pois não sabia qual reação ela teria, mas se lembrou de que tinha prometido a si mesma que teria coragem.
-Oi Clarinha, tudo bem? Posso me sentar ao seu lado?
-Sim pode. Eu estou bem, obrigada por perguntar. (Clarinha com voz baixinha e tímida respondeu.)
-Que bom! Respondeu Rebeca, toda entusiasmada.
-Eu estava conversando com a minha mãe e com meu pai sobre você, comentei com eles sobre a palestra que teve aqui na escola, semana passada. Você se lembra?
-É lembro sim. (Respondeu Clarinha ainda com aquela voz baixa.)
-Gostei e realmente tudo o que foi dito ali, acontece em nossa vida. As pessoas acham que só por que estamos "presas" a uma cadeira de rodas, somos incapazes de fazer o que quisermos e ainda sermos felizes. Bom... eu não penso dessa forma, por isso resolvi vim aqui falar com você. Sei que posso até estar perdendo uma amiga nesse exato momento, mas pensei comigo mesma " se eu for parar e dar valor para essa bobagem vou ser uma menina como alguns dizem aquele ditado MARIA VAI COM AS OUTRAS.Nesse momento um sorriso mesmo que tímod saiu dos lábios de Clarinha, e ela então falou: - Poxa Rebeca. Estou surpresa com sua atitude, ando muito triste porque ninguém se aproxima de mim. Quando ti vi chegando perto, pensei até que você iria fazer alguma brincadeira sem graça, pra me deixar triste.
Nesse mesmo instante uma gota de lágrima caiu do olhar de Rebeca. Ela ficou pensando: "Meu Deus como as pessoas podem ser tão más, ao ponto de pisar nas dores do próximo?"
-Desculpe Rebeca, não queria lhe fazer chorar.
-Não foi pelo que me disse... Até entendo que você pensasse assim. Mas é que eu fiquei pensando como as pessoas são tão ruins de coração. Ficam perdendo tempo como esse tal de preconceito que eu nem sei pra que existe sabe!? Estava até comentando com a professora Letícia que resolvi fazer um livro, sobre esse tema. Cansei sabe, de tanta coisa feia nesse mundo que Deus fez tão lindo. Eu só fico triste com uma coisa. Não vou ter o apoio de minha melhor amiga Rafaela. A mãe dela é muito preconceituosa sabe? Ela não pode falar com ninguém que não tenha a mesma cor de pele dela, nem que não seja da mesma religião e muito menos que não seja da mesma classe social.
-Poxa é muito triste mesmo pessoas assim não é Rebeca?
-É sim Clarinha.
-Mas me conte mais sobre esse livro!?
-Bom... comecei a escrevê-lo tem pouco tempo. Sou uma garota que apesar de pouca idade, tenho muitas opiniões já formadas. Mas na verdade, não foi só por esse fato que comecei a escrevê-lo. Foi porque eu vi sua situação e achei que de alguma forma, poderia lhe ajudar.
-Poxa!! Fico muito agradecida Rebeca.
-Não precisa agradecer Clarinha, agora preciso voltar para minha banca, a aula já vai começar.O sinal tocou e todos voltaram para a sala. E Rafaela já entrou com a cara de raiva, sentou em sua banca, sem dirigir uma palavra se quer a Rebeca. E então Rebeca pensou: "Eu não acredito que ela vai cumprir com o que falou. No final da aula, vou falar com ela".
Por hoje é só amores!!! Estão gostando da história? Deixem seus comentários e estrelinhas pra que eu possa saber... Na próxima quarta-feira saberemos se Rafaela vai realmente ficar com raiva de Rebeca só porque ela resolveu ser amiga da Clarinha. Então até breve meus amores com mais um pedacinho de A pequena, gente grande. Beijinhos e até lá!! *-*
YOU ARE READING
A pequena gente grande
ContoRebeca é uma menina de apenas 10 anos que se depara com uma situação nova. Em sua sala de aula, tem uma menina cadeirante, que se sente muito só. Então ela resolve se aproximar, mas sua melhor amiga não gosta nem um pouco disso. Tudo isso muda, quan...