✞ O garoto do sótão ✞

O Telefonema

Jimin saiu do banho depois de alguns minutos. Seu rosto ainda doía, tudo nele doía.

Deitou na cama como de costume, e ficou pensando, ele pensava demais, desde pequeno.

Nada podia tirar a angústia daquele coraçãozinho, ele sentia saudade, saudade de algo que ele não podia ter de volta.

Jimin adormeceu, quando acordou já era noite, seu tio batia na porta o chamando para jantar.

Jimin desceu e como sempre sozinho há a mesa, melhor assim, ele pegou seu prato que ficava em um canto longe dos outros, e se serviu, foi comendo devagar.

A comida da sua tia era péssima, às vezes ficava salgada, outras vezes não tinha tempero nenhum, outras vezes queimava, mas ele não podia reclamar.

De repente seu tio aparece na cozinha.

- Quando terminar de comer, quero essa cozinha limpa, você é muito preguiçoso, tem que ajudar em alguma coisa. - Diz e sai logo em seguida.

Jimin se levanta e começa a lavar a louça, faz frio e a água é fria, o ar da casa é frio, só tem aquecedor no quarto dos tios.

Quando terminou pegou uma garrafa de água na geladeira e saiu em direção ao seu quarto.

Sua tia estava ao telefone, e ouviu ela chamar alguém de "amor". Jimin se assustou, pois ela não chamava ninguém assim, nem seu tio.

Talvez ela tivesse um amante, Jimin não se importava, até ficou feliz com a idéia de seu tio ser corno, ele desejava todo o mal para aqueles dois, parou de prestar atenção na conversa da sua tia e seguiu em frente.

JIMIN OFF

- Você entendeu o que eu disse Sung? - dizia Sun com a voz baixa.

- Você não precisa se preocupar meu amor, eu já resolvi o problema da sua irmãzinha e do maridinho dela, um sequestro pra mim é moleza, meu filho vai me ajudar.

- Não me decepcione. - Dizia Sun ainda com a voz baixa.

JIMIN ON

Jimin estava tendo outra crise de ansiedade, ele já não aguentava mais, sua tia não comprava remédios para ele, a única coisa que o acalmava era beber água, ele bebia muita água.

Tentou se acalmar e relaxar, mas parecia até ironia se acalmar naquele lugar infernal.

Olhou para o chão e encontrou a maçã que tinha pegado mais cedo, se levantou e foi em direção a maçã, ele ainda estava com fome, afinal o jantar foi horrível.

Pegou a maçã, deitou-se na cama novamente e começou a comer.

JIMIN OFF

- Temos trabalho hoje Jungkook - Dizia Sung.

-  Não sei se quero fazer isso de novo pai - respondia Jungkook.

- Eu não perguntei se você quer, vamos fazer e pronto. - Responde Sung olhando para o garoto.

- O que vai ser dessa vez? Assalto? Assassinato?

-  Sequestro. - Responde o homem acendendo um cigarro.

- E quem vamos sequestrar? - Pergunta Jungkook curioso.

- O sobrinho da minha vadia - Responde com um sorriso sarcástico no rosto. - O muleque é cheio da grana, mas não quer liberar a grana pra ela...

- E não é mais fácil matar ele? - pergunta Jungkook acendendo um cigarro.

- Não seu idiota, como ele vai assinar os papéis morto?

- Mas porque ela quer sequestrar ele se eles já moram juntos? - Pergunta Jungkook ainda curioso.

- Isso eu também não sei... e já chega de fazer perguntas seu pirralho, ela vai pagar bem, e ainda vamos receber a mais se ela colocar a mão na grana do depressivo. - Diz Sung rindo.

*JIMIN ON*

Jimin já tinha acabado de comer a maçã quando seu tio entra no seu quarto novamente o mandando arrumar a sala.

Jimin desce as escadas e vai rumo a sala, vê que seu tio está saindo e isso faz seu coração palpitar, Jimin não saia daquela casa a meses, e nem ousava pedir, da última vez apanhou tanto que não tinha forças nem para se levantar.

Jimin era pequeno, não tinha forças para brigar com alguém e nem sabia como brigar, seus pais o ensinaram que a violência não levava a nada.

Jimin focou no que estava fazendo e continuou limpando a sala, não sabia que horas era, e nem se importava, todos os dias pareciam iguais de qualquer forma.

De repente Sun entra na sala e fica parada observando Jimin.

- Você é realmente parecido com a vadia da sua mãe, por isso você me dá tanto nojo - Diz Sun que sai em direção a cozinha.

Jimin deixou escapar algumas lágrimas, afinal, sua mãe não era uma vadia, e mesmo que fosse, Sun não tinha o direito de falar dela.

Terminou o que tinha para fazer e antes de subir para o quarto ouviu Sun no telefone novamente.

Sun percebeu que Jimin ainda estava ali e saiu rapidamente para a varanda.

- Não ouse vir aqui para fora seu nojento - Dizia ela olhando fixamente para Jimin.

Jimin apenas pegou outra garrafa de água e subiu para seu quarto, ele sentia uma sensação estranha, não sabia o que era.

Talvez estivesse doente, afinal ele não tomava sol, não se alimentava direito, não fazia mais exercícios, agora ele só existia.

JIMIN OFF

- Tudo certo para hoje? - Dizia Sun ao telefone.

- Sim, meu filho vai entrar aí e pegar esse animalzinho.

- Diga a ele para ser discreto ok? Se você fizer tudo certinho, irei te recompensar - Diz Sun com a voz baixa.

- Vai dá certo, até mais tarde.

Sun desliga o telefone e Sung conversa com Jungkook.

- Você entendeu o plano, certo? - Pergunta Sung.

- Mais que caralho, já disse que entendi, eu só tenho que entrar lá e pegar o doente, para de repetir isso. - Responde Jungkook irritado.

- Se você falhar eu te mato. - Responde Sung apontando uma arma para Jungkook e rindo.

Jungkook não era uma pessoa ruim, mas cresceu no meio de sexo, drogas e violência, sua mãe era uma viciada, ele não há via a mais de 10 anos.

Seu pai foi quem ficou com a guarda dele e como não podia deixar Jungkook sozinho o levava para todos os cantos, desde os 16 anos Jungkook bebia e fumava, foi expulso da escola aos 17 por fumar no banheiro, ele não era uma pessoa fácil de lidar.

Jungkook era egoísta, quase nunca sentia pena de suas vítimas, era bem frio, nunca matou ninguém, mas espancava até as pessoas desmaiarem de dor.

Seu pai dizia que ele não tinha sentimentos, e talvez ele não tivesse mesmo.

Ele se lembrava da sua mãe antes de se afundar nas drogas, ela dizia que ele era bom de coração e que um dia alguém abraçaria ele como ela abraçava.

Ele não acreditava nisso.

JIMIN ON

Jimin não sabia, mas sua vida estava prestes a virar de cabeça para baixo. Ele também não sabia, mas já era madrugada, ele dormia sereno, era o único momento na sua vida que ele tinha paz.

De repente alguém entra no quarto de Jimin, dessa vez não era seus tios.