Festa, cicatrizes e vômitos.

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Eu não vi Shuhua na escola pelos próximos dias que se passaram. Eu fazia de tudo para que pudesse evitá-la em todas as aulas, e no intervalo, eu apenas ficava na sala de aula. Me sentia envergonhada o bastante de ter compartilhado o quê eu sentia com ela. Com exceção de Soyeon, as meninas não estranharam meu afastamento repentino, por acharem que eu estava evitando ficar perto dela com medo de perder a aposta. Não era uma mentira total, afinal.

Shuhua, no entanto, era uma garota insistente. Ela me procurava no intervalo, tentava conversar comigo na sala de aula, mesmo eu a ignorando. Foi difícil me esconder da garota, mas não uma tarefa impossível.

- Você vai me dizer o por quê de estar assim? - Soyeon perguntou se ajeitando na minha cama.

- Eu realmente não quero falar sobre isso. - eu disse ainda de costas para ela.

Normalmente Soyeon e eu íamos uma para a casa da outra toda sexta feira assim que saíamos da escola e hoje não poderia ser diferente. Teríamos uma festa na casa de Hui aquela noite, e Soyeon havia desmarcado com Yuqi apenas para se arrumar em minha casa e ir comigo. Mas eu já tinha consciência de que Soyeon sabia que algo havia acontecido comigo, mas eu não queria relembrar tudo aquilo novamente. Me sentia nervosa por compartilhar meus sentimentos - os verdadeiros - com alguém que não fosse Soyeon. Me sentia ainda mais nervosa por esse alguém ser Shuhua.

Eu só esperava que ela não espalhasse para alguém da escola ou algo do tipo. Suspirei me virando para Soyeon que me olhava séria.

- É alguma coisa com seus pais? - ela perguntou preocupada e eu neguei suspirando. Soyeon não me deixaria em paz se eu não colocasse um ponto final naquilo.

- Eu realmente não quero falar sobre isso agora. - respondi olhando em seus olhos.

- Tudo bem, eu vou dar o seu espaço.

Soyeon se preocupava comigo, mas ela me deixava respirar e me dava um tempo para mim mesma, e esse foi um dos maiores motivos pelo qual nos aproximamos mais uma da outra. Ela sempre soube que havia um certo limite nos meus sentimentos e até onde eu gostava de expor ou não. Diferentemente dos meus pais, que estavam em cima de mim 24 horas por dia.

Não fora nem um pouco difícil convencer minha mãe de me deixar ir á festa. Logo que ouviu o nome de Hui, sua esperança de tê-lo como meu namorado novamente voltou a aparecer. Meus pais e os pais de Hui são muito próximos e, devido á isso, começamos um namoro quando tínhamos 14. Foi algo legal e confortavél no começo, mas passou a ser desgradável para mim quando mamãe e ele ficaram próximos. Ele começou a não me dar espaço e ser totalmente possessivo sobre mim. Terminamos no meu aniversário de 16, que foi quando descobri que ele me traía.

Para ser sincera, não fiquei muito surpresa quando descobri a traição, tão pouco me senti triste. Minha mãe, no entanto, ficou para morrer, jogando a culpa em cima de mim, o quê me fez borbulhar de raiva.

- Tem certeza que quer ir nessa festa? - Soyeon perguntou, me tirando de meus pensamentos. Eu suspirei. Não queria ir, mas sair um pouco seria melhor do que ficar presa nessa casa, com meus pais.

Também me sentia aliviada por saber que, provavelmente Shuhua não estaria lá, dado ao seu grande ódio que nutria por Hui e todos os outros garotos do time de futebol.

- Eu não quero ir. - respondi bocejando. - Mas também não quero ficar em casa numa sexta-feira com meus pais.

☆☆☆☆☆

Quando chegamos na casa de Hui, a música estava explodindo de tão alta, dava até mesmo para escutar do jardim, juntamente com pessoas falando e rindo ao mesmo tempo.

Caos, Farpas e Afins Onde histórias criam vida. Descubra agora