Cap. 1

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Um belo cavalo branco corria pela floresta apressado. Em sua cela uma jovem o comandava. Sua capa vermelha em contraste com a pelagem do animal tremulava ao vento. Alguns fios rebeldes de cabelos ruivos teimavam em atrapalhar sua visão. Ela já podia avistar a colina dos desejos. Parou com seu cavalo na antiga ponte de pedra que divisava a floresta. Atrás de si a densa floresta verde se estendia por quilômetros, a sua frente a colina que dava para a cidade fechada dos nobres e o grande Castelo de Autterbran. Poucas vezes ela havia chegado tão perto do castelo, não havia porquê.

Por um momento se perguntou se o que estava prestes a fazer era o certo. Talvez devesse dar meia volta e retornar para o lugar que chamava de casa. Só de pensar nessa opção sentiu a angústia invadir seu corpo. Ela não podia voltar, não antes de conseguir o que vira buscar. Com uma puxada de rédea pôs seu cavalo a galopar novamente em subida.

A paisagem da floresta era muito mais acalentadora ao seu coração, ela gostava da sensação de se sentir perdida no mundo de mistérios que ela abrigava. A colina era aberta demais, a fazia se sentir exposta a qualquer perigo.

Quanto mais se aproximava da entrada murada da cidade fechada mais nervosa ficava. Sabia que suas chances não eram as maiores e ao mesmo tempo não tinha um plano B. Ganhar era a única opção. O som de trombetas e música começava a lhe chegar nos ouvidos. Mais do que nunca ela não podia demonstrar medo, de forma que arrumou sua postura no cavalo e assumiu uma feição séria.

O grande portão de pedra que protege a cidade estava aberto, cinco guardas estavam prostrados de cada lado. Era raro que as portas ficassem assim tão abertas, mas era uma ocasião especial e a cidade estava em festa. Era o dia das inscrições para o torneio de Teutates. Ele acontecia a cada dez anos e era o responsável por eleger os quatro novos representantes do círculo de proteção da cidade.

_O que faz aqui? – perguntou um dos guardas mal encarados.

Apesar dos portões abertos simbolizando que os aldeões da cidade aberta também podiam participar isso era raro. Quase nenhum tinha educação erudita ou aprendizado em magia. Os poucos que tinham temiam os moradores da cidade fechada.

_Vim para me inscrever para o torneio. – disse a jovem fazendo contato visual o tempo todo com o guarda.

Todos os guardas riram da jovem menina que se postava diante deles. Qualquer um da cidade aberta que viesse só poderia ser uma piada. Porém vendo que a menina continuava sustentando o olhar sem se abalar a deixaram passar.

Não muito longe da entrada havia um pequeno estábulo onde ela prendeu seu cavalo.

_Já volto Kirsh, se comporte. – ela deu um beijo em sua cabeça e partiu em direção às barracas.

O centro da cidade estava apinhado de barracas. O momento da inscrição dos corajosos jovens era um dia de festa. Vários músicos esperavam sua vez de mostrar seu talento. Barracas vermelhas vendiam de tudo, desde antiguidades, à comida e até pedras que prometiam serem mágicas. Os moradores passeavam felizes por ali, crianças brincavam com os brinquedos comprados pelos pais sem se importar com mais nada. Isso fez uma onda de raiva percorrer a jovem, que apressou seus passos para chegar na tenda principal.

A fila não estava grande, mas ainda assim demorou uns bons minutos até que fosse chamada ao balcão para completar sua inscrição.

_Boa tarde. – disse o homem de meia idade atrás do balcão. – Precisarei dos seus dados. – a animação na voz dele, deixava claro o cansaço de fazer isso o dia inteiro. – Nome, nome dos pais e idade.

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