Capítulo 2

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            Alyssan estava tão absorta em seus próprios pensamentos que nem notou os passos se aproximando. Repassava mentalmente todas as magias que já havia aprendido, além disso queria ter na ponta da língua a utilização de cada uma de suas pedras. Só despertou quando ouviu o cavalo ao lado do seu relinchar. Ela levantou o olhar o suficiente para ver quem era a pessoa e ao mesmo não ser vista.

Dada a aparência ela imaginou que devia se tratar de algum outro competidor. O jovem ainda murmurava consigo próprio diversas reclamações sem notar a presença de Alyssan. Ela sabia que era melhor ignorá-lo, mas não resistiu alfinetá-lo.

_Se não gosta do torneio é só não participar.

A voz da menina fez com que Aodh se calasse. Ele não havia percebido que havia mais alguém com ele. Quando olhou em direção a voz viu a mesma capa vermelha de antes. Ela estava sentada ao lado de um cavalo segurando diversas pedras.

_Creio que esta questão não seja da sua alçada senhorita.

_Não, creio que não.

Ela logo se arrependeu de ter dirigido a palavra ao estranho. Já sabia por experiência de vida que era sempre melhor ficar calada. As pessoas sempre tendiam a ser grosseiras. Isso porque ele nem sabia que ela vinha do campo. O menino continuava encarando-a, o que estava a deixando desconfortável. Alyssan teve que se controlar para não falar com ele de novo.

Aodh estava intrigado com a menina sentada ao lado do cavalo. Para ter falado daquele jeito com ele não deveria saber que estava falando com o príncipe. Isso constatava o que ele já imaginava: ela era uma camponesa. Eram poucos os camponeses que se arriscavam no torneio. Por mais que pudessem nascer com inclinações à magia, não tinham ninguém que os ensinasse.

Ele queria muito poder ver o rosto por baixo do capuz. Imaginou se ela seria como as outras camponesas que já havia visto no castelo. Normalmente eram loiras de olhos claros e sardentas. A grande parte tinha as mãos calejadas do cultivo. A culpa era do maldito capuz, se já tivesse visto seu rosto perderia o interesse. A voz dela ela doce, mas nada demais, então decidiu que sua aparência devia seguir o mesmo padrão.

_Não posso dizer que foi um prazer conhecê-la. – mesmo enquanto dizia isso continuava encarando-a na esperança que talvez um vento batesse e lhe retirasse o capuz.

Vendo que isso não aconteceria naquele belo dia de sol, montou em seu cavalo e foi embora. Mas não sem checar pelo menos três vezes se algo diferente havia acontecido.

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_Anda, já são 4h30, temos menos de meia hora para chegarmos na praça e realizarmos a inscrição. – sua impaciência era tangível.

_Eu sei disso, mas moramos a menos de 100 metros dela. Poderíamos sair faltando dez minutos e ainda daria tempo.

_Gadora você é minha irmã gêmea, mas se nos atrasarmos juro que te mato.

_Calma irmão, aqui estou eu, pronta e linda.

Gadora saiu do quarto trajando um belo vestido azul de saia rodada na altura do meio da canela. Seu irmão lhe olhou com reprovação, achava o vestido muito curto, sabia que algumas pessoas ainda não haviam se acostumado aquele novo comprimento que sua irmã amava.

Os dois não podiam estar com emoções mais diversas. Enquanto Gadora estava super animada com o torneio, Mael estava uma pilha de nervos. Ver Gadora tão calma o deixava ainda mais nervoso. Sentia como se ela não conseguisse ver a importância de tudo aquilo.

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