Lembranças - DRARRY

Terceira Lembrança: Amigos

Querido Draco,

Data da lembrança: Sábado, 17/10/99

Eu me lembro do dia que devolvi sua varinha.

Eu sei... Do dia da detenção até o dia em que finalmente entreguei sua varinha demorou quase um mês. Mas eu juro quantas vezes quiser que a culpa não foi minha. Eu estava atolado de trabalho. Eu peguei realmente a varinha naquele fim de semana, mas depois não consegui arranjar tempo para te entregar.

Toda vez que eu te via durante as aulas dos setimanistas me lembrava e falava para mim que naquela noite eu entregaria. Porém, quando chegava à noite estava cansado demais ou ocupado demais, então eu ia procrastinando. 

Geralmente, nos finais de semana eu deixava Hogwarts para visitar meus amigos e ver a Gina. Contudo, naquele final de semana decidi mentir para eles dizendo que estava atolado de serviço para poder permanecer em Hogwarts. Achei que eles não entenderiam se eu lhes dissesse que iria trocar um final de semana com eles somente para te entregar a varinha. Nem eu sabia direito porque estava fazendo aquilo.

Fato era que eu estava apreciando cada vez menos meus encontros com Gina. Quando nos víamos era divertido durante a primeira hora. Porque na primeira hora contávamos sobre o que tínhamos feito na semana: eu comentava sobre os jogos do time dela e ela me perguntava sobre como estavam as coisas em Hogwarts. Mas, depois que essa abençoada hora passava, começava os silêncios cada vez maiores, as puxações de conversa sem graça que sempre eram correspondidas por sorrisos ainda mais sem graças, as desculpas forçadas para escapar um do outro, enfim... nos tornávamos tímidos e sem jeito quando ficávamos muito tempo na companhia um do outro. Não era assim que namorados deveriam agir. Eu sabia disso. Ela sabia disso. 

Havia só uma coisa que fazíamos bem. Transar. Enquanto transávamos estava tudo bem, e quase, quase dava para acreditar que estávamos dando certo. Mas a transa tinha que acabar em algum momento, e quando acontecia, o que se seguia era um silêncio desconfortável. Era horrível sentir o ar pesado que ficava. Uma vez eu cheguei a fingir cair no sono para fugir daquilo. Outra coisa que nos salvava era os nossos amigos. Quando estávamos perto deles tudo voltava ao normal, porque ali não éramos apenas namorados, também éramos amigos. E com amizade não precisávamos fingir nada.

Para todos estávamos felizes. Realmente, parecíamos felizes em público, mas ninguém sabia como era quando estávamos sós. Essa parte quem sabia era só nós dois, e guardávamos para a gente como um segredo precioso. Eu dizia a mim mesmo: Está tudo bem. Deve ser a distância. Só não temos passado muito tempo juntos mais. Ou qualquer outra desculpa que pudesse inventar. Evitávamos discutir sobre isso e evitávamos aceitar isso. Então eu continuava persistindo, afinal, eu não desistira da Guerra, como iria desistir do meu namoro?

Ao mesmo tempo, o meu estágio com Snape estava ficando melhor. Os testes e trabalhos de casa não diminuíram, porém os estudos práticos aumentaram e, em consequência, diminuíram os malditos trabalhos manuais. Continuava difícil, mas eu gostava. Sentia que estava aprendendo muito e bastante rápido. O jeito de Snape ensinar podia quase te deixar louco, mas admiti que funcionava. 

Isso tudo contribuía para me fazer querer ficar cada vez mais em Hogwarts.

Estava corrigindo algumas provas de DCAT para o Snape quando ouço uma batida na porta do quarto. Me perguntei se já era você. Eu tinha acabado de pedir para um aluno da grifinória te entregar um bilhete, onde eu dizia para que viesse no meu aposento buscar sua varinha. No entanto, o horário marcado era daqui meia hora.

Abri a porta e vi McGonagall parada do lado de fora. "Diretora? Posso ajudar?" perguntei.

"Sim, senhor Potter. Eu pretendia tratar de um assunto importante com você, se não estiver ocupado", ela disse.