Lembranças - DRARRY

Décima Segunda Lembrança: O Pergaminho Encantado

Querido Draco,

Data da lembrança: Segunda, 29/11/99.

Eu me lembro da vez que assistimos o nascer do sol do telhado de Hogwarts.

Eu tinha tido um final de semana estressante. Passei-o na Toca, comunicando a família sobre o meu término com Gina. Eles tiveram diferentes tipos de reações, algumas esperadas, outras completamente inesperadas. Por exemplo, Molly e Arthur, ambos ficaram bastante surpresos e um pouco decepcionados, eu diria. Mas nós explicamos o motivo da separação e eles, sendo como sempre muito compreensivos, nos apoiaram em nossa decisão. Estas foram as reações esperadas. Já Mione e Ron me surpreenderam. Quando souberam, não teve surpresa alguma da parte deles, porque, ao que parecia, Gina já vinha  se confidenciado com Hermione há algum tempo sobre nossos problemas e, por isso, Rony também já sabia. Então eles estavam simplesmente fingindo não saberem de nada e, ao mesmo tempo, aguardando a declaração inevitavelmente não tardaria a chegar. Gina não sabia que Hermione tinha contado para o Rony, Gina ralhou com ela por essa razão. Os Weasleys acabaram me prendendo mais tempo do que eu pretendia ficar, mas decidi aceitar passar a noite lá e partir de manhã na segunda. Era o mínimo que eu poderia fazer depois de ter largado uma notícia daquela.

Eu estava ansioso por meu retorno, principalmente para rever certo loirinho, ao qual não via desde sábado de manhã. Me desanimava pensar que só teríamos tempo juntos após todas as aulas do dia. 

Surgi na lareira do meu quarto e percebi que havia algo de estranho. Um cheiro muito delicioso. Segui até a sala de jantar, encontrando uma mesa de café da manhã posta lindamente. Sorri curioso e fui verificar as opções de cardápio. Meu estômago roncou de fome, havia minhas comidas preferidas para o café da manhã. Encontrei um pequeno pedaço de pergaminho. Eu nem precisava ler para saber quem tinha o escrito. O bilhete dizia: Quis te dar um presente de boas-vindas. Aproveite, estou com saudade. Te vejo depois, fiz avanços com o pergaminho encantado - Menino das Trevas.

Aquilo era algo tão especial, que também me fez sentir muito especial. Era uma demonstração de carinho, e eu sabia que para você isso era bem incomum. Reli o recado várias vezes. Me atentei ao fato de ter usado o apelido que te chamei uma única vez no dia que firmamos amizade. Como você não podia arriscar que outra pessoa encontrasse o bilhete, você o usou para que somente eu pudesse adivinhar de quem seria. Sempre tão esperto.

Desta forma, eu comi bastante. Obviamente eu sabia que não tinha sido você que havia preparado a refeição, pois não cozinhava nada. Porém, com certeza fora você que escolheu o cardápio, bem como tinha preparado a mesa. Quando me senti satisfeito, olhei o horário e já estava em cima da hora. 

...

As aulas do dia passaram vagarosamente. E como se não bastasse, após as aulas ainda tive uma detenção para aplicar. Era com Roney, a oitava detenção que o garoto cumpria comigo. Eu tinha te prometido naquele dia, que não abusaria dele, isso é, tentaria não o torturar. E eu cumpri esse juramento, mas, ainda assim, não queria liberá-lo das detenções. Mesmo que as detenções fossem bem simples de serem feitas. Roney tinha que aprender uma lição sobre o quê tinha feito.

Enquanto Roney retirava todo tipo de sujeira e comida velha de debaixo das carteiras e dos cantos da sala, eu lia um livro de DCAT avançado que tinha comprado. O fim de ano estava se aproximando, e com ele, os testes de fim de semestre do Snape. Snape tinha me avisado que não aceitaria nada menos do que um "E", embora eu já quisesse por conta própria exceder as expectativas, não somente da prova mas também queria "exceder as expectativas" do Snape.

Ao mesmo tempo que lia, tentava transfigurar um copo de água em café para mim beber. Estava incrivelmente difícil acertar no café ideal para o meu gosto. Forte demais, sem açúcar, ralo, muito doce. "Ainda bem que você não virará professor de transfiguração", alguém comentou da porta.