Oitava Lembrança: A Bordo

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Querido Draco,

Data da lembrança: Sexta, 12/11/99.

Eu me lembro daquela festa no navio de Durmstrang que fomos convidados.

"Você se lembra do jeito que ele ficou te encarando no dia da entrevista dos Campeões? Como saber se Villin não está com planos de te... eliminar da competição?" perguntei.

"Eu não sei. E é por isso que você está indo, porque eu disse a ele que não iria ir nesta festa sem a presença do meu Conselheiro".

"Isso só diz que se der merda, ao menos dará merda para nós dois e não apenas para você" indiquei.

"Basicamente. Embora eu duvide que ele tente fazer qualquer coisa com você junto comigo" falou enquanto se olhava no espelho do meu quarto.

Revirei os olhos. Em minha opinião, entrar na jaula do inimigo era uma grande burrice, além de um risco enorme. Entretanto, como alguém conseguiria dizer não para uma coisa linda daquelas? 

"Estou bem?" perguntou se virando para mim.

Sim, está bem. Está mais do que isso. 

Usava vestes bruxas, que caia perfeitamente no seu corpo, te deixando elegante e ao mesmo tempo sem estar exagerado. "Es-está b-bem. Quer dizer... sim. Você está... bem", eu disse. Como eu era patético e sabia passar vergonha. Parecia um adolescente apaixonado, e aquilo me deixava irado. Dei de costas para impedir que visse meu rosto vermelho.

"Sério? Sua reação não me convence muito", você disse levantando uma sobrancelha.

Limpei a garganta. "Por que não vamos logo? Já está no horário", mudei de assunto.

"Está bem, senhor estranheza" disse revirando os olhos.

Eu já sabia que estava gostando de você, no entanto, eu não sabia o que fazer com aquele sentimento. Como eu poderia chegar e simplesmente dizer isto? Você riria da minha cara? Ou então ficaria sem jeito e se afastaria de mim? Eu acabaria com nossa amizade? O que você faria se eu te beijasse? Me socaria a cara? Você havia admitido que gostava de mim, mas também tinha dito que já deixou de gostar há muito tempo. Fora como uma paixão adolescente passageira, não devia significar mais nada.

Sim, o melhor a se fazer era esquecer esses sentimentos. Ignorá-los completamente até que desaparecessem. Evitaria que eu quebrasse minha cara e destruísse nossa amizade. E era estranho como aquela amizade significava tanto para mim, julgando o pouco tempo que ela existia. Mas significava, e significa bastante. Eu não queria perdê-la e tampouco torná-la estranha para sempre. Entretanto, é clichê dizer que era mais fácil falar do que fazer? Bem, se for, me desculpe, mas aquele era justamente o caso. Eu tentava ao máximo afastar todos os pensamentos proibidos que lutavam em vir para minha cabeça, e até chegava conseguir às vezes, por exemplo quando eu dormia. Humpf... Maldição, às vezes até quando dormia eu sonhava com você sorrindo daquele jeito verdadeiro que pouquíssimas pessoas tinham o prazer de presenciar. E também tinham os sonhos mais... quentes, onde parávamos um na frente do outro, e íamos nos aproximando lentamente, vagarosamente, a ponto de eu conseguir analisar todos os detalhes de seu belo rosto, os seus olhos e sua boca, e deste jeito, sempre que estávamos a ponto de encostar nossos lábios... ele terminava e eu descobria que tudo fora um sonho. Ou um pesadelo, já que eles sempre me deixavam suado e... excessivamente animado.

Curioso pensar que eu nunca tinha tido sonhos parecidos com Gina. Nem durante o sexto ano quando estava apaixonado. Achei que deveria ser porque o meu desejo por você era mais carnal do que qualquer coisa. Eu queria te beijar ardentemente e sentir o seu corpo junto do meu. A minha paixão era sobre desejos. Eu duvidava que algum dia iria querer namorar, ou ter alguma relação mais séria. Isso tudo contribuía para me deixar ainda mais na dúvida. Valeria a pena arriscar perder uma amizade apenas por um desejo carnal? Não, não valia. Se eu o fizesse estaria sendo egoísta. 

Lembranças - DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora