Capítulo 1

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Comparada a dor que sentia isso não era nada, meus olhos estavam ardidos e marejados por conta da cebola que estava cortando. Mas o que é o ardor de uma cebola comparado a um coração partido?

Pensei que ele sempre me amaria e estaria ao meu lado, mas para minha grande surpresa tudo aquilo que vivia não passava de um sonho inventado e vivido apenas por mim mesma. Foram lutas e lutas perdidas para uma traição. A base de um relacionamento é a confiança, dizia minha mãe, e a partir do momento em que ela se perde, tudo se vai com ela e era isso o que sentia. O amor construído, o esforço de anos juntos, tudo fora destruído por uma noite de prazer, mas não quero ficar presa a isso, já haviam se passado cinco meses, mas para mim parecia que tinham se passado apenas cinco minutos.

Acabo de cortar a cebola e misturo-a na salada, colocando na vasilha que iria levar meu almoço. Olho para o relógio e percebo que se não for me trocar agora acabarei me atrasando para o trabalho, então corro para quarto e visto uma blusa branca de manga com uma calça jeans cigarrete, ponho meus saltos pretos e confortáveis, pego a bolsa e confiro se não faltava nada, lembro que meu almoço está em cima da mesa, então pego-o e saio do apartamento trancando-o. Vou em direção ao elevador e depois passo rapidamente pelo hall, dessa vez não vou ao estacionamento. 

Meu carro está no conserto então vou de ônibus, meu trabalho fica um pouco longe e o ônibus só passa em horários específicos. Chego ao trabalho vinte minutos antes do meu turno, aproveito para ir ao banheiro ver minhas condições, quando olho no espelho vejo que meus cabelos ruivos estão bagunçados, então arrumo eles em um rabo de cavalo simples, meus olhos estão um pouco vermelhos por conta das lagrimas supostamente causadas pela cebola. Lavo o rosto e ponho uma maquiagem básica, enfim estou pronta e bem a tempo do inicio do meu período de trabalho.

-Sam, temos novos funcionários, você não participou do processo, mas preciso que apresente o ambiente de trabalho para os novos colaboradores, o Rafael está doente e não poderá. Os dados necessários estão em cima da mesa, eles já devem estar chegando, então espere-os no andar indicado na ficha. – diz minha chefe Gris.

Aceno com a cabeça, pego as fichas e vou em direção ao elevador. Enquanto espero, leio o que terei que repassar para os novos contratados e um dos dois nomes me intriga Sebastian Clinn, penso que não pode ser a mesma pessoa que conheci no tempo de escola, há muitas pessoas com nomes parecidos, não é possível.

O elevador abre,  então quando olho para frente o vejo, ele mesmo: Sebastian, o garoto ao qual fui apaixonada por três anos seguidos, bem na minha frente, meu coração acelera e meus pensamentos ficam atordoados, a partir do momento em que entro no elevador me pergunto se ele é o novo funcionário, o que é obvio, mas minha cabeça não queria entender, várias lembranças vem a tona, então tento tranquilizar meus pensamentos, focando no que é importante: meu trabalho. Já conhecia o setor ao qual pertenceriam os novos integrantes, então só precisei ver brevemente a outra lista e informações pessoais dos contratados. Um era o Sebatian Clin, para o meu azar (será?), minha antiga paixão de escola, o outro chamava-se Loui Flin, que conheceria assim que chegássemos ao andar indicado, sentia uma estranha familiaridade com o nome, mas nada me vinha a mente, por hora. Fiquei tão perdida em pensamentos que não percebi quando o elevador parou e ele pediu para passar, então educadamente deixei-o passar e sai logo em seguida.

Para minha surpresa o Sebatian vira-se e fala: - Samanta, certo? Estudamos juntos, você lembra de mim?

Se eu lembro dele? Ah querido Sebatian, como me esqueceria de você... Meus pensamentos são interrompidos com as mãos ao ar do Sebastian tentando chamar-me para terra.

-Sim, claro, apesar de não termos estudado na mesma sala, lembro-me bem de você... – falo sem perceber a entrada que havia dado. -Digo... porque tenho uma memória boa e lembro de muita gente da época da escola. - emendo rapidamente para ele não perceber o quão atirada fui, pelo menos é o que acho.

Ele sorri docemente e fala: - Eu não, não tenho uma boa memória.

Como assim? Ele estava querendo dizer que lembrava de mim, por qual motivo? Fico curiosa, mas não tenho muito tempo para pensar no que foi falado ou para responde-lo, porque o Alberto chefe do setor me chama e diz que o funcionário novo me aguardava, então o Bass (apelido do Sebastian nos tempos de escola) tem a oportunidade de dizer que também era um novo integrante da empresa. Digo a ele para me seguir, que os levaria para conhecer o setor, a medida em que andamos em direção onde o outro funcionário esperava vou ficando confusa, pois é como se conhecesse aquela silhueta de costas daquele sujeito que estava a nossa frente, então quando ele se vira, o meu mundo todo para e a única pessoa que consigo enxergar é ele. 

Recomeço ou retrocesso?Onde histórias criam vida. Descubra agora