“Não te vou amassar nada, anda aqui para o sofá e dá-me a tua bolsa”, pedi com sorriso torto, observando-a, que agora está com o cabelo castanho-escuro com californianas loiras, que neste cabelo comprido lhe ficam a matar. Da última vez que a tinha visto estava com o cabelo mais curto e pintado de roxo, daí a minha surpresa com as cores naturais.
“Então, como estás?”, perguntou, acordando-me do transe.
“Ahm, digamos que bem”, dei de ombros.“Eu tenho um pedido de desculpas a fazer.”, baixou o olhar e começou a remexer nas mãos nervosamente. Não falei, apenas pus as minhas mãos sob as dela e apertei levemente, dando-lhe incentivo a continuar. “Desculpa não ter sido a amiga que precisavas, desculpa não ter estado lá quando ele se foi e nem sequer ter mandado uma única mensagem ou feito um único telefonema. Mas…”, parou encarando-me de novo.
“Mas…? O que se passou?”, algo não estava bem e conseguia perceber isso pela forma que ela falava, com a voz meia a tremer, estava quase a chorar.
“Mas, fodasse!”, olhou para longe e voltou a encarar-me ao fim de uns segundos já com as lágrimas a cair pelo seu rosto abaixo. “O Harry, o Harry fez-me prometer que não estaria tanto contigo, porque se não tu irias sofrer ainda mais comigo por perto, mostrou-me o quão zangada e desiludida ficarias por estar do lado dele e por apoiar a decisão dele de te deixar.”, olhou-me com pena, limpou as lágrimas com as costas da mão e respirou fundo antes de continuar. “Vocês eram muito felizes, o casal mais lindo que eu alguma vez vi, e tu sabes bem que achava isso, mas as vossas discussões e a forma como estavas sempre com o Louis, a vossa amizade punha-me louca, a forma como estavas sempre tão bem com ele e ele era capaz de te apoiar mais que a mim que namoro com ele há tanto tempo! Estava magoada, mais que magoada sentia-me traída e o Harry estava lá, ele ajudou-me a passar isso de certa forma. Passei muito tempo com ele, e da mesma forma que ele fez muito por mim eu fiz por ele, então era a única forma de não ficar mal, afastar-me completamente de ti.”, à medida que ia falando ia trocando de roupa e vestindo o pijama, fungando levemente e tentando não me olhar nos olhos, mas então finalizou. “Desculpa mesmo por tudo, eu sei que errei e sou a primeira a admiti-lo. Desculpa. Desculpa por ser uma idiota, uma cobarde e uma ciumenta orgulhosa do piorio que se afastou da melhor amiga por causa de porcarias. Espero que um dia me perdoes…”, agarrou as minhas mãos e apenas ficou a olhar para mim.
Eu estava completamente sem reação. Quem diria que a Guida, a forte da Guida iria-se afastar de mim por cenas destas?
Se estava magoada? Claro que estava, e sentia-me extremamente traída. Mas não posso dizer que tenha sido uma novidade. O Louis sempre falou comigo e me disse que ela andava estranha, que andava muito com o Harry na altura final em que eu e ele não estávamos assim tão bem. E quem sou eu para a julgar? Fui idiota ao pensar que alguém poderia entender a minha ligação amorosa com o Harry, quanto mais a amizade que fiz com os rapazes da banda?A Guida continuava a olhar para mim, entreabria a boca, mas logo a voltava a fechar, como quem vai falar mas perde num segundo o pio ou a pouca coragem que resta.
Mas ela, como ambas já dissemos, esteve sempre comigo, conhece-me aos anos e de uma forma ou de outra sabíamos sempre uma da outra, nunca nos perdíamos uma da outra e houvesse discussão que fosse voltávamos sempre uma à outra, tantas vezes lavadas em lágrimas como agora.Como te amo porra! Quem me dera que fosse tão fácil perdoar-te como a vou perdoar a ela. A esta desmiolada que não sabe agir sem pensar duas vezes. Quem me dera que aqui estivesses, sinto muito a tua falta idiota. Volta para mim, amo-te como sempre.
Abri os braços, enquanto lágrimas também já percorriam o meu rosto. E ela veio, como sempre vem contra mim em impulso rápido, encaixando-se em mim. Já estava desculpada desde que me começou a contar as suas razões para me ter “abandonado”. É tão fácil perdoar pessoas que amamos, independentemente da porcaria que tenham feito.
Afastou um pouco o seu rosto do meu pescoço, tendo espaço para me olhar nos olhos e finalmente falou. “Estou desculpada?”, sorriu-me torto.
“Acho que só precisava que me contasses a verdade para te perdoar, então claro, não há forma de não te desculpar Guida”, passei-lhe a mão pelo cabelo e sorri-lhe de volta. “Vá, vamos comer?”
“Estou esfomeada!”, quando é que não estás? “Mas quero que me contes o que andaste a fazer desde à três meses e meio, quase quatro que não nos falamos”, pediu ao mesmo tempo que pegava na maior fatia de pizza que havia na caixa e a metia à boca.E então contei-lhe, contei-lhe tudo o que fiz. Desde falar com o meu patrão para me deixar continuar a trabalhar na empresa fotográfica e como tinha conseguido um part-time na biblioteca municipal. Do tempo que tive e consegui ler mais de vinte livros e de como montei com a ajuda do porteiro Nuno uma estante no quarto que tinha vazio, ao qual comecei a torna-lo na minha própria biblioteca, já com um sofá e secretária por lá, com paredes pintadas por mim e tudo, tipo marinheira, às ricas azuis e brancas. Estava perfeita e até levei logo a Guida para ver aquilo e ela adorou, tirou uma foto comigo a pegar num dos livros de costas e pôs no seu instagram, com uma descrição qualquer, nem vi, mas sei que me identificou. Ainda lhe contei do quanto chorei e do quanto o Milka com a sua companhia de gato me ajudou. Contei de quando fui ao cinema e vi um casal mais velho a sair de lá a apertar as calças e do quanto queria que ela estivesse lá para me rir da situação e do quanto chorei a ver o filme e precisava do seu ombro. Mil e uma situações que se tinham passado e por fim contei das compras que fiz hoje e do estranho bilhete, incenso e rosa que tinha recebido.
“Edward S.? E espera aí, isso de “7º - A5” não é onde tu moras, não é a morada do prédio?”, ela perguntou.
“Não, eu é no A3… mas então isso significa que é cá do prédio e do mesmo andar que eu e tudo!”, olhei-a já com as mantas por cima de nós e uma chávena de chocolate quente na mão.
“Quem será o rapaz mistério?” ela fez aquele olhar marado e abanou as sobrancelhas.
“Ai credo, que não seja o velhote que mora ao fundo do corredor!”, ri alto, como já não à ria à tanto, tanto tempo.O telemóvel da Guida piscou e num instante ela estava com ele na mão. Leu, sorriu e escreveu lá qualquer coisa. Oito palavras em como adivinho quem era.
“Essa cara é tudo por causa do Louis?”, perguntei, pondo a mão no seu queixo para ela me olhar.
“Claro que era ele”, corou, e de que forma.
“Ei, ei, ei! O que é essa carinha envergonhada Guida, o que se passou?” perguntei como quem não quer a coisa.
“Bem, é que ele perguntou o que estava a fazer e se me podia ligar.”, olhou-me de meio olho e continuou. “E perguntou de que cor era a minha roupa interior e para lhe mandar uma foto para sonhar comigo mais tarde!”, riu baixinho, pondo a mão na boca.
“Que tarados!”, dei um pequeno empurrão no seu ombro. “Ele vai ligar agora?”
“Sim, espero que não te importes, e eu não lhe cheguei a dizer que estava contigo, desculpa”, voltou a olhar para longe.
“É só o Louis, mal não me vai fazer certo?”Peço desculpa por não ter conseguido publicar mais cedo, mas com a passagem de ano, voltar à escola e todas essas coisas não consegui mesmo.
36 leituras? Para vocês pode ser pouco, mas acreditem que para mim é muito mesmo!!! Espero que estejam a gostar!
@anacoelho17
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I don't wanna love you
Подростковая литератураAna e Harry, algo os une mas algo mais forte os mantém separados. Almas gemeas com uma linha intemporal da vida que os separa por emoçoes, sentimentos, historias do passado e confusoes com eles mesmo. Sera que o amor vai suportar todos os obstaculos...