Quando dei por mim já estava toda estremunhada na cama com a Guida aos saltos em cima de mim, rindo que nem uma louca depravada.
“Ei, ei, ei, que raio pensas que estás a fazer Guida Maria?”, dei-lhe um berrinho mandando-a com certa força para o outro lado do colchão.
“Estavas a ocupar a cama toda Ana!”, sentou-se rindo-se.
Deitei-me em posição de conchinha em frente a ela e falei “Demoraste ume eternidade, ainda por cima com o meu telemóvel…” pisquei os olhos, focando-me no seu rosto, continuei “Já não estou habituada a dormir com mais gente, e tinha de ocupar o espaço que o outro deixou pela minha cama”, revirei os olhos.
“Desculpa, o Lou começou a contar o que andou a fazer hoje, falou que falou com a família pela web, mais isto e aquilo, e com isso tudo passou-se…” fez um clic no meu telemóvel para ver as horas e tchanan “Credo, já é 1h30 da manhã!” olhou-me com olhos de cachorro, mexendo numa ponta de cabelo “Desculpa mais uma vez, exagerei.”
“Deixa lá. Agora já não tenho pica nenhuma para falar e assim, podemos dormir?” perguntei coçando os olhos.
“Sim, sim, vamos lá dormir. A primeira a acordar acorda a outra, certo?” perguntou juntando o seu mindinho ao meu.
“Certo! Boa noite Guida.” falei bocejando.Enquanto isso ela cobriu-se, preparando-se para fazer conchinha comigo, como sempre fazíamos. “Fazíamos”, pois, passado.
Não entendo como é que éramos tão unidas e assim do nada, por causa do outro idiota, nos separamos. Uma amizade verdadeira não devia ultrapassar todas as barreiras, juntas? Demorou, mas estamos bem outra vez, espero que não hajam mais motivos para estarmos separadas uma da outra, motivos para nos chatearmos, ou se houverem para não estarmos durante mais que um dia, no máximo.É incrível que seja apenas com o Louis que mantive mais o contacto. Estávamos separados, mas nem que fosse um e-mail ou um coração de longe a longe que mandássemos por sms, que nos mantínhamos unidos. Espero realmente voltar a ter aquela cumplicidade com ele, já que com a Guida está tudo bem. Vamos esperar que ela não volte a ter um ataque de ciúmes ou algo do género que não me faça continuar a falar como sempre com ele.
Ainda me lembro de como o realmente conheci, depois de o ter visto a primeira vez no café do tio Vicente.-Flashback on-
Estava a acabar o dia de trabalho no café do Tio Vicente, o grupo que tinha vindo, os One Direction, já cá tinham estado há cerca de dois meses e meio. A Melissa tinha-me dado o número dela e íamo-nos contactando, e por isso sabia que eles iam voltar brevemente para fazerem um jantar de ter terminado a tour, e que o início de entrevistas e de presenças iria começar em breve.
Também andava a falar por mensagens com o Harry, que arranjou o meu número pela Melissa e desde então que temos falado imenso, sobre tudo, mas que sem ser da primeira vez no café nunca mais estive pessoalmente com ele.“Tio, já são 19h, posso sair?”, perguntei acabando de arranjar as minhas coisas e pegando nelas pelo braço.
“Que horas são mesmo?”, retorquiu coçando os sovacos.
“19h, devia ter saído às 18h30 por causa das compras mas fiquei esta meia hora a mais para acabar de arrumar tudo e tratar da louça.”, expliquei arranjando minimamente o cabelo no vidro que havia por detrás das estantes com as bebidas.
Olhou em volta, levantou-se para passar o dedo no balcão, e dando uma cuspidela no chão falou “Depois de limpares isto no chão podes ir”.Horrivelmente porco que ele conseguia ser às vezes, poucas, mas algumas vezes era mesmo porco. Sem criticar peguei na esfregona, passei em água e espremi para passar o chão sem pousar as minhas coisas. Era pequenina, mas desenrascava-me nestes trabalhos de mãos ocupadas com pressa de sair do café.
E como se não bastasse ainda me deu um encontrão para me desequilibrar e mandar as minhas coisas para o chão.“Oh Ana!”, com voz de espanto chamou por mim.
“Diga?”, perguntei apanhando as minhas coisas.
“Atende lá este jovem que está aqui à espera e depois podes ir à tua vidinha.”, voz de santinho com clientes por perto, como sempre.
“Arranjas-me um sumo de laranja por favor?”, aquela voz rouca ao ouvido outra vez.
“Ha-har-harry?”, lá estava eu a gaguejar como nunca tinha feito antes.
“Olá Ana, como estás?”, aquele sorriso branco e perfeito do outro lado da bancada.
“Ahm, bem e tu?”, tentei falar casualmente, pondo de lado as minhas coisas e tirando o sumo de laranja da máquina.
“Agora melhor”, sorriu-me de lado, continuando “Já estás de saída?”, mexeu no cabelo desleixado, olhando para mim.
“Sim.”, resposta base. Por mais que gostasse de estar ali na sua presença ainda tinha afazeres e queria sair do café, por hoje já chegava. “Cá está o sumo.”, dei-lhe o sumo no copo, pondo-o à sua frente. “Tio, já está servido, vou indo, faça você o caxe.”, voltei a pegar nas minhas coisas e ainda me despedi dele “Até qualquer dia Harry”.Estava a andar com certa velocidade pela rua, quando comecei a sentir-me meia incomodada, como se alguém me estivesse a perseguir. Olhei à minha volta e num segundo estava a olhar para trás, para confirmar que ninguém me seguia. Mas lá estava alguém, a poucos metros de mim, com passo relativamente acelerado, mas não tanto em ponto de corrida, por ser homem de perna longa. Com o capuz metido, e cabeça para baixo, oh céus, quem seria?
Virei na rua que ia dar ao parque, um atalho para o supermercado e catrapum. Lá estava eu escarrapachada no chão com as minhas coisas e o senhor cada vez mais perto de mim.
“Estás bem Ana?, perguntou ajudando-me a apanhar as minhas coisas e ajudando-me a levantar de novo.
“O que estás aqui a fazer?”, perguntei ajeitando a minha roupa que amassou levemente.
“Aquela é uma rua muito perigosa, não devias andar por aí sozinha.”, coçou a cabeça, olhando-me com expressão meiga.
Dei um passo a trás e falei calmamente “Já percorro estas ruas à muito tempo, está tudo bem.”, olhei-o de leve, estava com os lábios em linha, juntos “Eras tu que vinhas atrás de mim desde o café?”, tentei confirmar.
“Sim, desculpa se te assustei.”, pediu, começando a andar ao meu lado.
“Não faz mal.”, comecei a andar ao lado dele também. “Tenho de ir ao supermercado, para onde vais?”, perguntei, tentando ser simpática.
Encolheu os ombros e juntou-se um pouco mais a mim “Vou-te levar a jantar comigo”, sorriu entre dentes.
Parei no canto da rua, pronta a passar a estrada para o supermercado. “O quê?”
“Isto é, se não tiveres coisas combinadas, jantas comigo. Conheço uma pastelaria que fica aberta até relativamente tarde, 22h30 mais ou menos”, aquele sorriso de novo.
“Ahm, tenho de fazer o jantar para o meu tio, desculpa”, falei, tentando não ser indecente para com ele.
“Ele só fecha o café depois das 22h, não é?”, acenei com a cabeça, continuou “Então nós levamos um bocadinho a mais para ele.”, pôs a sua mão nas minhas costas e ajudou-me a passar a passadeira para ir ao supermercado. “Ou então, se não quiseres ir à tal pastelaria, posso cozinhar lá em casa”, olhei para ele com cara cómica.
“Mas tu sabes cozinhar?”, ri da sua sugestão.
“Duvidas?” sorriu de leve e entramos no supermercado “Temos é de andar um bocadinho a partir daqui”, falou mais calmo.
“Qual é mais longe? A pastelaria ou a tua casa?”, devo admitir que estava reticente quanto a ir até à casa dele, mas tentei disfarçar.
“A pastelaria é mais perto”, falou, seguindo-me, enquanto eu pegava na comida e produtos necessários lá para casa.Cá está mais um capitulo. Vou tentar escrever mais um hoje, para publicar amanhã. Repito, vou mesmo tentar!
@anacoelho17

VOCÊ ESTÁ LENDO
I don't wanna love you
Teen FictionAna e Harry, algo os une mas algo mais forte os mantém separados. Almas gemeas com uma linha intemporal da vida que os separa por emoçoes, sentimentos, historias do passado e confusoes com eles mesmo. Sera que o amor vai suportar todos os obstaculos...