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Como de costume, eu e Todoroki estávamos a caminho do hospital psiquiátrico onde a tia Rei estava. Endeavor sempre contava como ela se tornou mentalmente instável ao ponto de um dia machucar Shoto. Nunca a culpei por nada, pelo contrário, eu sei o que ela passou...

"Sejam bem-vindos, vou acompanhá-los", falou a recepcionista.

A porta se abriu e entramos.

"Estava com saudades, entrem por favor", Rei falava com um sorriso. Talvez aquelas poucas visitas fossem a melhor coisa que acontecia com ela presa naquele quarto.

"Tia Rei, é tão bom ver você", fui ao seu encontro com um abraço apertado que, por mais fria que eu fosse, me sentisse aquecida. Era um abraço que eu me lembrava bem.

A conversa fluía, era tão bom estar ao lado dela, por mais que fosse naquele lugar. Shoto até mesmo sorria, coisa que eu via poucas vezes...

"Tia, sei que você não deveria estar aqui, mas só de imaginar você voltando para perto do Endeavor eu me sinto péssima."

"Não se preocupem comigo. Olhem, ele até me manda flores, apesar de eu ainda ter medo de encontrá-lo... Mas me fale como está sendo sua vida na U.A. Shoto já me falou que tem amigos."

"Acho que tenho amigos agora. Quero me tornar uma heroína não pelos caprichos de Endeavor, mas para poder ajudar os outros, principalmente você, tia!"

"Isso é ótimo, querida. Estou torcendo por você."

"Ele te manda flores?" Shoto estava confuso; Endeavor não era desse tipo.

Não queria estragar aquele momento falando de Endeavor, e o outro assunto também não era dos melhores, mas eu tinha que descobrir de qualquer forma.

"Ah, é mesmo. Tia, eu tive pesadelos frequentes com o meu pai novamente."

"Como foi dessa vez?" Rei sabia dos meus pesadelos e sempre ficava preocupada, já que a única coisa que eu sabia era que meu pai era um vilão e nada mais.

"Estava machucada e ele me obrigava a liberar a minha individualidade."

"Seu pai compartilhava a mesma individualidade que você, então acho que talvez ainda tenha fragmentos das lembranças dele. Mas não precisa se preocupar; acredito que isso seja apenas o passado."

"Sempre tive medo do meu pai depois daquele dia..."

"Yukima, acho que agora que tem seus objetivos, deveria reconhecer seu passado. Você gostaria que eu te contasse?" Rei era a irmã mais nova do meu pai, portanto sempre soube de tudo sobre minha mãe.

"Do que você está falando, tia?"

"Sua mãe, ela me pediu para cuidar de você, e acho que ela gostaria que você entendesse o que ela passou."

"Sim, eu quero entender!"

"Tudo bem. Sua mãe sempre foi muito forte e, quando mais jovem, sofreu muito..." Sentei ao lado de Shoto e segurei firme a mão dele, queria me acalmar, sabia que o passado sempre me deixava emotiva. "Após meu casamento forçado, seus pais se afastaram. Achava um absurdo a nossa família agir daquela forma. Ele, meu irmão, sempre acreditou que nunca amaria ninguém, pelo menos até conhecer sua mãe. Apesar de negar, ele a amava, e era recíproco. Naquela época, durante a gravidez, ela percebeu o comportamento estranho do seu pai; ele começou a usar a maldição. Ele sempre quis ser um pro-hero, mas sempre foi rejeitado. Então ele ficou desamparado e o 'coração de gelo', como sua mãe costumava chamar, controlou ele e então ele se tornou esse homem maligno."

"Então minha mãe estava apaixonada por alguém, e eu tenho certeza que ele era uma boa pessoa, mas essa maldição o corrompeu..."

"Quais eram as chances da individualidade da sua mãe ser a mesma do seu pai? Mas não era bem assim; a individualidade do Hyōrei era uma maldição, um monstro que controlava seu corpo congelando qualquer tipo de sentimento. E infelizmente, acabou possuindo ele por completo, matando sua mãe..." Disse Rei com dificuldade. "Uma parte dele queria sua única filha viva, então compartilhou a maldição com você, e atualmente ele é considerado morto."

"Eu não vou me tornar como ele", falei confiante. Eu nunca permitiria machucar alguém dessa forma.

"Desculpa..." Falou Rei, enquanto me dava um beijo na testa.

"Tia, por que está se desculpando? Você fez tudo que podia; sempre vou ser grata à senhora."

"Mãe, obrigada por esclarecer tudo isso, mas infelizmente temos que ir para casa", Shoto falou enquanto a abraçava.

"O único motivo para eu me levantar todos os dias é porque espero ansiosamente a visita de vocês. Não se preocupem, nos veremos na próxima semana."

"Mais uma vez, obrigada tia. Prometo visitá-la mais vezes", falei, abraçando-a e logo depois eu e Shoto saímos do local.

Cold Heart - BNHAOnde histórias criam vida. Descubra agora