Capítulo 6: Treino

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— Estão me dizendo que o melhor é não ir?! — Tanjiro questionou irritado. — Muzan praticamente nos deu um convite!

— Sabemos disso. — Iguro respondeu suspirando. — Mas está confuso. Ele sempre se esconde, agora está deixando rastros. Isso é perigoso.

— Se acalmem! — Kocho falou batendo as mãos na mesa. Estavam há horas naquela sala discutindo se deveriam atacar ou não e não saiam daquele impasse. —  Concordo com o Tanjiro que não devemos desperdiçar. Mas Muzan é uma cobra inteligente, não faz nada que o coloque em risco. Precisamos agir com cautela.

Todos ficaram quietos com o argumento da beta, afinal ninguém estava errado naquela discussão e Tanjiro sabia disso. Mas precisavam agir, mesmo sendo uma armadilha não podiam desperdiçar assim. O ômega respirou fundo e levantou, caminhando até a porta.

— Onde vai? — Shinobu questionou preocupada, sabia que o ômega podia colocar a vida em risco por conta de sua raiva.

— Sair. Quando decidirem algo me avisem. — Tanjiro respondeu batendo a porta.

Caminhou pela mansão sem um rumo definido, precisava esvaziar de sua cabeça os sentimentos que o impediam de pensar com clareza. Acabou sorrindo ao encontrar Senjuro sentado no corredor quase dormindo.

— Vai acabar ficando doente. — Comentou ao parar na frente do loiro.

— Ah… eu não tinha nada para fazer… — Senjuro respondeu, tentando não gaguejar pelo susto que levou. — Fiquei pensando se não quer treinar…

— Ótima ideia, pirralho. — O ômega respondeu ajudando Senjuro a levantar.

— Eu não sou um pirralho! — Senjuro respondeu emburrado. Por que todos o chamavam assim?!

— Isso é algo que um pirralho responde. — Tanjiro sorriu, bagunçando o cabelo de Senjuro enquanto iam treinar.

[...]

Kyoujurou andava pela mansão preocupado, um pouco aflito até. Desde o dia que seu irmão saiu escondido parecia que ele o estava evitando. Sabia que muito do que falou foi no calor da raiva e precisava pedir desculpas. Amava demais seu irmãozinho para ficarem nesse clima.

Prezava sua segurança também e o fato dele ser o motivo de Muzan não ter saído da cidade aumentava em níveis drásticos sua preocupação. Agradecia que ele estava construindo um laço forte com o ômega ruivo, mas sentia saudades do tempo que tinham juntos, das risadas e dos segredos que lhe eram confiados. Estava procurando pelo irmão quando encontrou com Kocho andando pelo corredor e decidiu tirar algumas dúvidas.

— Desculpa Shinobu, mas o que sabe sobre o ômega Tanjiro?

— Que ele é um sobrevivente dos sequestros de Muzan. — A beta respondeu e sorriu. — Mas se quer saber mais, sugiro que pergunte a ele. É indelicado perguntar para os outros assim.

— Só estou preocupado com Senjuro, ele se apegou muito ao Tanjiro. — Confidenciou coçando a nuca desconfortável.

— Ora, mais motivos para se aproximar dele não é? — Kocho falou. — Sei do que aconteceu, mas duvido que Tanjiro sinta algum rancor. Ele estava preocupado com seu irmão apenas.

— Sabe onde ele está? —  Perguntou mais confiante, precisava falar com os dois.

— Onde um guerreiro estressado fica? — Shinobu questionou retórica, sorrindo e apontando para o corredor que leva as áreas de treino. — Está descontando nos próprios músculos as frustrações… E nisso vocês dois são iguais.

Rengoku agradeceu e foi na direção que Shinobu apontou, criando um pouco de esperanças de conseguir pedir desculpas aos dois e restaurar seu laço com Senjuro.

Ficou surpreso ao encontrá-los treinando. Do Tanjiro já esperava, mas não achava que seu irmão queria aprender. Estavam frente a frente, Senjuro com suas cimitarras e Tanjiro com uma espada, o ruivo ensinando seu irmão a desarmar alguém mesmo sua arma sendo menor que a do oponente. Decidiu não atrapalhar, ficando na porta vendo-os treinando. O ômega tinha paciência em tirar as dúvidas do seu irmão e ensiná-lo a não ter movimentos desnecessários.

— Irmão? — Senjuro chamou, quando finalmente o notou ali.

Pôr um segundo o loiro ficou com medo que Kyoujurou estivesse ali para o repreender, mas se acalmou ao sentir Tanjiro apertando seu ombro.

— Perdão, não quis atrapalhar. — O Rengoku respondeu, levantando do chão. — Queria saber se estavam com fome, mas achei melhor não atrapalhar o treino.

Tanjiro riu baixo com a falta de tato do alfa com o irmão, mas precisava admitir que ele estava tentando. Foi pensando nisso que uma ideia surgiu na sua mente e não tardou em colocar em prática.

— Ei, você estava assistindo certo? — Questionou só para ter certeza, seu sorriso aumentou ao ver o alfa confirmar. — Então me ajuda aqui. O Sen está com dificuldade em aprender essa técnica.

Kyoujurou concordou, pegando uma espada e indo para o centro da sala. Fizeram o movimento devagar, o alfa girando a base da lâmina contra a de Tanjiro para o desarmar. Senjuro ficou surpreso em ver a espada do ômega voar longe.

Decidiram mostrar como seria usar aquele golpe em uma batalha real. Tanjiro se esquivou do ataque, rolando para a direita enquanto a espada do Rengoku cortava o chão. Sua espada jogada a alguns metros de distância, respirou fundo e correu.

O alfa foi atrás, queria impedir que Tanjiro recuperasse a espada a todo custo. Pulou, usando a parte cega da espada para bater na mão do ômega no momento em que ele alcançou a arma, mas não deu certo. Tanjiro se esquivou rolando para a direita, respirou fundo e atacou.

Kyoujurou notou uma mudança nas ações de Tanjiro, ele parecia estar mais focado, calmo, como se tivesse jogado todas suas emoções fora. Apertou a espada e atacou, não conseguia acreditar que o ruivo que sorria para o seu irmão era o mesmo que corria em sua direção. Ele parecia uma máquina, com apenas um objetivo.

Recuou, a ponta da espada passando próxima demais da sua garganta e refez a técnica que mostraram a Senjuro, a lâmina de Tanjiro voando novamente enquanto ele o encarava calmo, frio, como se estivesse decidindo como acabar consigo.

— Isso foi incrível! — Senjuro falou, quebrando o silêncio que ficou no lugar.

— Agora só falta você aprender… — Tanjiro começou a falar, mas seu corpo começou a doer, o fazendo cair no chão. — Merda.

— Tanjiro! — Senjuro gritou, correndo até o ruivo preocupado. Em sua cabeça aquela crise de dor não voltaria tão cedo. — Calma, está tudo bem. Vamos para o seu quarto.

Kyoujurou largou a espada e pegou o ômega no colo. Não sabia o que estava acontecendo, mas precisava chamar Kocho o mais rápido possível. Enquanto corriam, seu braço começou a formigar, como se todo seu ser estivesse dizendo “Tem algo errado”. E o alfa se pegou rezando que não fosse tarde demais para ajudar o ômega que se contorcia de dor.

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⏰ Last updated: Aug 27, 2020 ⏰

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