Sono

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Pov's Irene

No meio da madrugada, enquanto eu me preparava para dormir batidas frenéticas começaram a ser desferidas em minha porta.

— Quem seria à essa hora? – Indaguei baixinho, mas rapidamente abri a porta me assustando ao ver uma mulher.

— Me ajude..Por favor.. – Pediu respirando fundo, via algumas manchas de sangue em sua roupa que, no mesmo estante percebi ser um conjunto geralmente usados por homens.

— Ah..Claro, entre. – Segurei seu braço e olhei envolta, não havia ninguém acordado aquela hora pelo que eu via.

Me assustei ao ouvir um estrondo e quando olhei, a moça estava jogada no chão respirando profundamente com os olhos fechados.

Cheguei perto dela e me agachei, tocando hesitante em sua pele notando o estado febril em que ela se encontrava.

— O que aconteceu com você? – Perguntei.

— U-Uh..Estavam tentando matar o animal da floresta.. – Falou baixo — Meio que..o ataque deles não foi muito eficiente, e acabou matando muitos.. – Suspirou.

— Aquele bicho fez isso com você!? – Perguntei incrédula.

— Uh..Sim. – Engoliu em seco — Mas é como dizem..Não mexa com quem está quieto, ela só quis se proteger. – Grunhiu e abraçou o próprio corpo.

— Você precisa limpar as feridas se não quiser adoecer. – Falei olhando nas partes vermelhas em sua roupa.

— Tem razão. – Ameaçou se levantar, mas eu segurei sua mão.

— Fique aí, eu vou pegar alguma coisa. – Falei me levantando e indo em direção ao banheiro pegando um pequeno pano branco, liguei a torneira e o molhei deixando-o levemente úmido.

Olhei de relance para a mulher e suspirei, não me lembro de ter a visto em algum momento.

— Certo.. – Respirei fundo, espremi o pano tirando o excesso de água e segui até ela outra vez.

— Você é médica ou algo do tipo? – Perguntou de repente.

— Não, mas sei de muitas coisas. – Falei e logo senti minhas bochechas ruborizarem — Hm..Você..Precisa tirar a blusa. – Dei uma tossida falsa.

— Não precisa disso, deixe que eu mesma limpo. – Falou e tentou pegar o pano em minhas mãos mas logo grunhiu.

— Eu duvido muito que consiga. – Falei enquanto ouvia sua risada baixa.

— Certo, certo..Se quer tanto ver meu corpo, vou lhe dar essa visão. – Deu um sorriso divertido e eu neguei.

— Se quiser eu jogo você para fora dessa casa e então terá de procurar outra alma boa nesse lugar. – Dei um sorriso e ela apenas fechou a cara.

— Jesus, você não sabe brincar. – Bufou.

— E você nem brincar deveria, está quase morrendo e ainda vem com essa pra cima de mim.

— Ok, então eu deveria agir como uma pobre coitada que vive jogada pelos cantos e que não tem humor nem mesmo para dar um sorriso? – Disparou e eu fechei meus olhos respirando fundo.

Deus, me dê paciência para aguentar essa coisa.

— Apenas tire sua camisa antes que eu me estresse, por favor. – Pedi calmamente, e assim ela fez retirando a peça com lentidão.

— Aish! – Amaldiçoou quando eu puxei a camisa com força, provavelmente fazendo seus ferimentos arderem — Qual o seu problema!?

— Falta de paciência, ainda mais quando interrompem minha hora de sono então agora, fique caladinha. – Falei, ela apenas concordou e quando eu olhei para suas costas meus olhos quase pularam para fora.

Havia cortes realmente profundos em sua pele.

Ok, talvez eu tenha sido uma idiota de ter puxado sua camisa de forma tão violenta.

— Certo, respire fundo. – Falei e ela prontamente encheu seus pulmões de ar fazendo uma feição de dor quando encostei o pano por cima de um dos ferimentos.

— Ainda falta muito? – Perguntou trêmula.

— Eu mal comecei. – Franzi o cenho — Apenas mantenha a calma, logo logo passa. – Continuei passando o pano por toda a sua costa por longos minutos, até que o sangue parasse de sair das feridas — É, acho que está bem melhor. – Falei, mas ela nada disse.

Franzi o cenho e me inclinei para ver seu rosto de perfil, vendo seus olhos fechados.

— Não acredito que você dormiu.. – Murmurei incrédula — Droga.. – Suspirei e me levantei indo até o banheiro colocando o pano em cima da pia, logo voltando para o quarto encarando o corpo adormecido ao lado da minha cama.

Não havia muito o que fazer, então apenas me deitei na cama e olhei mais uma vez para ela que continuava dormindo tranquilamente.

— Bem..Boa noite, moça. – Dei uma risada fraca e então fechei meus olhos.










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