Primeiro dia

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Eram 7 da manhã, esculto alguém bater em minha porta, achei estranho, ninguém fazia isso a anos.

Logo eu quase sem conseguir falar respondo:

- O que foi? Quem é?

Uma voz feminina responde do outro lado da porta:

-Sou eu; Você esqueceu que hoje é o primeiro dia de aula, vai logo, se arruma!

Logo eu percebo que é minha irmã, faz tempo que eu não escultava a voz dela, na realidade eu não lembrava da sua voz.

Então eu me levanto, vou até a porta e abro respondendo:

-Letícia eu não preciso que você me fale que dia eu tenho que ir para escola, se eu não vou é porque EU não quero.

Falo mas fico me perguntando por que fui tão grosso? não poderia simplesmente agradecer? 

Percebo que estamos nos olhando, um silencio paira sobre o ar; Era um olhar profundo, sinto que ela queria me dizer algo, mas eu não tinha vontade de perguntar oque era, já tenho meus próprios demônios para lidar.

Sem falar nada ela se vira e vai embora, esculto a porta bater e o carro ligar.

O pior de tudo isso foi eu perder a minha carona; Sim eu vou para escola depois de falar tudo aquilo, apesar de não parecer eu gosto da escola, lá eu consigo observar as pessoas, imaginar como são ás duas vidas.

Chego na escola na segunda aula, bato na porta e entro na sala de aula; Senti olhares vindo para mim, não sabia se era pela minha aparência, ou por outro motivo, deve ser por eu estar chegando atrasado com uma cara de cansado no primeiro dia em uma escola nova.

A professora olha para mim e faz o sinal com a cabeça de reprovação, e logo me pergunta:

Professora:  Bom dia

Eu: Bom dia

Professora: Bom, todos já se apresentaram, meu nome é Sara, agora fale seu nome para toda a sala e procure um lugar para sentar

Eu: Meu nome é Lukas (respondo seco)

Professora: É, pelo visto teremos um bom ano

Eu respondo: Igualmente (dou um leve sorriso sarcástico) 

Logo vou procurar um lugar para me sentar; Observo todos me olhando e alguns meninos no fundo sorrindo abafado.

Ao chegar na mesa vazia olho para o lado e vejo minha irmã olhando para frente, sem ao menos virar a cabeça para demonstrar sua raiva.

Então olho para professora, ainda me esperando sentar, e falo de forma impulsiva:

- Sou irmão dessa gatinha aqui do meu lado, com certeza vamos ter um bom ano!

Ela continua olhando para frente, mas quando sento ouço uma respirada profunda, como se ela quisesse dizer algo com aquilo.

Fico me perguntando por que fiz isso? normalmente eu fugiria de qualquer atenção, odeio que as pessoas me olhem ou falem comigo.

Logo que o tempo passa eu acordo com o sinal tocando e todo mundo saindo da sala, percebo que estamos no intervalo, fico sentado esperando todas saírem, mas minha irmã não se levanta e uma menina vem em minha direção.

Ela chega mais perto e diz:

Ela: Lukas neh?

Eu: Sim (respondo seco)

Ela: Meu nome é Clara, eu estudava nesse colégio antes, se você precisar de alguma ajuda, me fala

Eu: Obrigado Clara, mas acho que eu consigo me virar

Ela: Tá bom, mas se precisar toma aqui meu númer...

Ela é interrompida pela minha irmã que diz:

- Você não escultou Clara, ele disse que se vira sozinho, porque você não deixa ele em paz e vai para o intervalo? 

Eu fico parado, me perguntando por que ela fez isso com a menina, a Clara é bonita, ela tem um belo corpo, com cabelos claros e olhos castanhos claros, é o tipo de mulher que eu ficaria.

E eu não acho estranho ela vim falar comigo, eu não sou um simples menino de 16 anos; Apesar da minha idade, pelo meu gosto pela arte eu tenho tatuagens, e me visto diferente também, além de ter um corpo grande e um rosto bonito, nada perfeito, mas marcante; Mas eu não ligo muito para isso, eu sei o meu lugar.

Logo a Clara se vira com um rosto cabisbaixo e vai andando em direção a porta, então eu falo:

- Espera, toma coloca seu número no meu celular, se precisar eu te chamo

Então ela sorri, coloca o número e se despede saindo da sala.

Ainda no meu lugar eu olho para Letícia e dou um leve sorriso sarcástico, como se tivesse feito isso só para irritar ela, claro que não foi por isso, ou não?

Ela se levanta, vai saindo da sala, e sem olhar para mim fala: 

- Eu nunca falei que te queria aqui, se você estragar com tudo como sempre, eu vou te odiar, mais do que já odeio! 

Então ela sai da sala me deixando sozinho; Eu sem reação fico me perguntando porque estou sentindo algo estranho, como se algo apertasse em meu peito, não é possível que me senti mal por isso... O que está acontecendo comigo? por que essa vontade de gritar? por que estou desesperado assim? que emoções são essas? não sinto isso dês da morte da minha mãe.

Por que? Por que? Por que? Por que?

Logo todos voltam para sala, e eu continuo olhando para o vazio, perdido em um limbo, revivendo aquele momento em minha mente, me perguntando o que aconteceu? o que ela queria tratando a Clara daquela forma, porque falar aquilo para mim.

No fundo eu sabia que tudo que eu negligenciava, sentimentos, emoções, tudo estava por mudar, não sabia como, mas sentia que algo aconteceria.

O pecado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora