Capítulo 02 - Quando nos conhecemos

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01 de setembro de 1971


"Uma cabine vazia. Eu preciso de uma cabine vazia. Apenas uma cabine vazia"

Remus Lupin caminhava hesitantemente pelo corredor do Expresso de Hogwarts. Era a sua primeira viagem para a escola e, previsivelmente, ele ainda não encontrara amigos — às vezes, tinha vontade de não fazer amizades.

Afinal, Remus Lupin não sabia o que era realmente ter um amigo. Passara sete anos trancado em casa, desde que fora mordido por Greyback. Antes dos quatro anos, no entanto, ele já não se lembrava.

Talvez ele já tivesse tido amigos antes de sua licantropia, mas o tempo o fez se esquecer. Não fazer amizades era algo comum a Remus, as crianças o evitavam quando o viam, já que seu rosto era coberto por cicatrizes. Talvez os pais dessas crianças temessem que ele tivesse alguma doença contagiosa.

E era por isso que Remus procurava por uma cabine vazia.

Não se lembrava de qual fora a última vez que esteve perto de crianças; ter em mente a imagem dele mesmo com outros garotos parecia um pesadelo. E se ele entrasse em uma cabine e as crianças olhassem feio para ele? O que ele iria fazer?! Nunca havia convivido com ninguém antes!

Espiou minimamente a janela de uma cabine cujo interior estava cheio de adolescentes nos quais — e Remus agradeceu por isso — nem perceberam sua presença através do vidro.

Enquanto andava, Remus pensou que seria melhor nunca ter entrado naquele trem, imaginando que ter ficado em casa seria uma ideia muito melhor. Talvez seu pai o ensinasse magia em casa...

Espiou por outra vidraça e, com o estômago dando uma cambalhota, Remus não encontrou ninguém. Agradecendo mentalmente, um Remus sorridente arrastou a porta da cabine, mas seu sorriso se desmanchou logo ao fazê-lo.

Havia dois garotos agachados no chão, um deles segurava uma coisa que Remus, devido ao seu desespero, não conseguiu identificar e, quando a porta foi aberta, os meninos o encararam imediatamente, assustados por alguém ter, repentinamente, aberto a porta.

— Aah... hum, desculpe... — gemeu Remus ficando vermelho. — não foi minha intenção ter os incomodado.

Desejando sair daquela situação constrangedora o mais rápido possível, Remus girou nos calcanhares para continuar caminhando pelo corredor, mas um dos garotos, para o desagrado do Lupin, exclamou:

— Menino, espera!

Remus suspirou mas não olhou para nenhum dos dois, parado no lugar.

— Para onde está indo? — perguntou o outro garoto.

— E-Estou procurando por uma cabine vazia. — respondeu olhando para o próprios pés.

— Não tem nenhuma vazia, não. Eu e o Sirius estivemos procurando por uma e essa foi a única que achamos. Se quiser pode ficar aqui com a gente.

Remus levantou a cabeça como se tivesse tomado um choque.

— O-O que?

— Pode ficar com a gente se você quiser. — repetiu o garoto.

— Ããn... tudo bem.

Remus entrou na cabine olhando para os pés. Atrapalhado, ele fechou a porta e se sentou no estofado.

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