Capítulo 1 - Primeira Onda

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Dizem que as primeiras impressões são as que ficam.

Quando nos conhecemos, você agiu de um jeito único. Meu coração respondeu de uma forma que eu não soube como reagir. Você parecia saber exatamente do que estava falando, e falava com tanta paixão. Naquele dia, eu jurava que vi seus olhos brilharem de emoção. Seu sorriso era encantador, amável, acolhedor. Sua energia era contagiante e parecia que você emanava luz e paz.

Essa primeira impressão durou por um tempo.

Não sei como tudo aconteceu. Não sei se isso já era premeditado, ou se foram más escolhas que nos levaram para esse caminho. Não sei dizer se tudo foi uma farsa desde o início, ou se você era verdade. Não consigo entender. Para mim, tudo era tão normal.

Tudo me parecia silenciosamente genuíno.

Você nunca quis conversar. Nunca disse o que se passava pela sua cabeça, e, admito, nunca te perguntei também. Tais coisas sequer rondaram pela minha mente quando te conheci, até porque, ninguém nunca imagina viver uma situação dessas. O que eu sabia sobre você era só o que você deixava transparecer.

Aceitar que tudo aconteceu é tão esquisito.

Sua ida sem volta doeu. A ficha demorou a cair e, quando aconteceu, me desesperei. Parecia que tinham demolido minha base, enterrado minha esperança e drenado minhas forças. Novamente, eu havia te julgado errado. Não poderia estar mais equivocado e, se pudesse, voltaria no tempo para consertar tudo. Mas eu não posso, e isso dói tanto que eu gostaria de estar no seu lugar.

Por que não fui eu que te deixei? Isso não é justo.

Tudo o que faço é lamentar. Recordar de bons momentos e perceber o quão feliz eu era. A ignorância era uma dádiva, e eu não sabia. Acho que você tentou me alertar. Mas eu fiz questão de entrar naquele poço com você. Você, por sua vez, não tinha forças para sair dali. Se pudesse, eu sei que o faria.

Eu acredito em você.

Por isso, peço desculpas. Peço perdão por tudo que você se obrigou a fazer. Mas também te agradeço. Tudo que você fez por mim mudou meu jeito de pensar, me ajudou a evoluir como ser humano, me fez perceber que o momento de ser feliz é sempre o agora. Não tem ideia do quanto sou grato.

Obrigado.

Obrigado por me fazer perceber que não mentem quando dizem que a primeira impressão é a que fica. É a memória mais bonita que tenho de você.

E a única que eu faço questão de nunca esquecer.



Pyo Nari sentia-se derrotada.

Fez a mão de apoio do queixo, posicionando a cabeça em uma direção bem específica.

Não se preocupava em encarar as costas do garoto do outro lado da sala. Ela sabia que ele nunca tiraria os olhos do quadro branco, a não ser que a professora o dissesse para fazê-lo.

Kim Taehyung conseguia ser facilmente irritante.

O moreno mantinha suas costas curvadas e apoiava seus cotovelos no caderno. Os olhos escuros eram cravados de modo sonso nas letras que a professora escrevia rapidamente no quadro.

Taehyung nunca foi muito sociável, enquanto Nari gostava de chamar a atenção de todos daquela escola. Era perceptível. Eles pareciam opostos, e esse pensamento pairava na cabeça da mais nova quando, suspirando, desistiu de achar um meio de fazê-lo render-se aos seus pés.

Desencostou o corpo da mesa da sala de aula e relaxou a postura, escorando o peso na cadeira. Resolveu prestar atenção na tediosa conversa que sua tia provavelmente iria propor aos seus colegas de classe.

Lírio OcultoOnde histórias criam vida. Descubra agora