Capítulo 3 - Pyo Nari

12 0 0
                                    

Imagine uma nuvem. Fofa, branquinha, pequena e delicada. Pode pensar até que ela tem gosto de algodão doce.

As coisas vão acontecendo aos poucos, alguns problemas vão surgindo, e essa pequenina nuvenzinha aumenta alguns centímetros de tamanho.

Pássaros tentam desmanchá-la, humanos curiosos tentam comê-la, o vento forte tenta arrastá-la, e a nuvem cresce mais um tanto.

O tempo passa, e a nuvem já não consegue mais crescer, estava exageradamente grande.

Mais problemas vêm acontecendo e a nuvem já tão grande, começa a sobrecarregar-se. Vai ficando escura, cinzenta, pesada, e seu gosto não lembrava tanto assim o açúcar docinho.

Toneladas e mais toneladas de contratempos, sufocos, obstáculos, dificuldades, e complicações atormentam a pobrezinha da nuvem.

E então, ela já está escura, grande, pesada e salgada.

A nuvem antes branquinha e brilhante andava com dificuldade pelo céu, até encontrar outra nuvem, semelhante a ela própria. Esta era quase tão escura quanto ela, e quase tão pesada também.

Resolveram parar um pouco e conversar.

Papearam sobre os mais diversos assuntos, desde o recente término do Sol com a Lua até o surgimento de uma nova e pequena estrelinha no céu.

Mas então, chegaram ao temível assunto: o fato de estarem diferentes de como eram antes. Uma nuvem explicou à outra sobre as dificuldades que passaram. As coisas que poderiam ser evitadas, mas elas deixaram para o dia seguinte, deixaram acumular.

Lembraram-se das perdas que sofreram, das tristezas a quais passaram, dos sacrifícios que precisaram fazer.

E então, desabaram. Literalmente. Fizeram chover, e ficaram ali. Abraçaram-se, e um raio foi lançado a terra. Houve uma tempestade terrível, causaram estragos, tiraram vidas, mas continuaram chovendo. Aos poucos, foram descarregando, ficando pequenas e clarinhas, até sobrarem apenas resíduos de algodão no céu.



O vazio preenchia os arredores.

As botas pesadas eram a única coisa que calava o silêncio daquela tarde.

Os passos rápidos e longos indicavam pressa, e a carranca estampada na face deixava claro que o homem precisava urgentemente tratar de um assunto sério.

Kwon Daejung não estava para brincadeiras.

Forçou a abertura da porta da diretoria, assustando a mulher que havia acabado de terminar de ajeitar os últimos arquivos necessários, fazendo-a dar um passo para trás e encarar, com receio, quem entrou na sala.

— Mas o... — ela começou, mudando a expressão de choque para uma confusa, antes de ser interrompida por Daejung.

— Você vai abrir a escola amanhã? — o Kwon perguntou, exalando descontentamento e raiva.

Ahn Aecha poderia ser tudo, menos tola.

Ela era a diretora. Ela mandava naquele lugar. Ela sabia o que fazia. Ela viu aquilo como um puxão de orelha, e ela não gostava de ser desafiada daquela forma.

Pressionou os dentes, impetuosa, ajeitando a postura enquanto franzia a testa e levantava o queixo.

— Isso não te diz respeito.

O homem arqueou uma das grossas sobrancelhas e abaixou os ombros. Ele não esperava aquela reação, um movimento tão imaturo, infantil e presunçoso da parte dela.

Lírio OcultoOnde histórias criam vida. Descubra agora