A viagem de trem

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Natalie Pusset sentia vontade de vomitar

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Natalie Pusset sentia vontade de vomitar. Pela viagem de trem inteira ela ficou apertando o lencinho branco que segurava. Aquela sensação, que fazia parecer que seu estômago dava cambalhotas, lhe traziam as lembranças dolorosas da época que esteve confinada em um quarto esperando sua barriga crescer. Aquela definitivamente havia sido a pior época da sua vida. E ela não sabia como era ter uma vida normal desde antes disso. Até então ela passeava pela cidade, exibindo seu exuberante vestido caro, paquerando os jovens rapazes da redondeza e fazendo compras. Há quem dizia que seu comportamento era inadequado para uma moça como ela, da nobre família Pusset, e apesar dos conselhos de todos, Natty sentia que seu espírito livre ansiava pela vida na cidade, e que não fazia sentido ficar em casa costurando e tendo aulas de etiqueta enquanto o mundo pulsava do lado de fora. Mal sabia aquela jovem Natty que sua liberdade chegaria ao fim aos 18 anos. E que aquela menina apaixonada pelo charmoso jovem Theodore Galloway se tornaria, provavelmente, a moça mais infeliz da Inglaterra.
-Tudo bem, irmã? - perguntou uma voz. Era do irmão mais velho de Natalie, Anthony, que estava sentado no banco da frente do trem. Ele era um dos dois irmãos homens que Natty tinha, e ela arriscava dizer que ele era seu predileto. Diferente de Thomas, o outro irmão, ele nunca havia julgado Natty por sua atribulada vida.
-Tudo bem. Só estou nervosa. Faz tempo que eu não vou para Londres.
Anthony sorriu e apertou a mão enluvada de Natty.
-Eu prometo que não vou deixar ninguém te fazer mal. Nem a você, nem ao Andy - ele então direcionou o olhar para um pequeno garotinho de 3 anos que dormia tranquilamente no seu colo. Natalie se inclinou e acariciou os sedosos cabelos louros do filho.
-Nem acredito que ele já tem 3 anos. Passou tão rápido - comentou Anthony. Natalie pensou em responder que havia passado rápido para ele, que estava na cidade, e não confinada em uma casa de campo por quase 4 anos. Mas decidiu não gastar energia com isso.
-Haverão boatos. Todos querem saber sobre o misterioso desaparecimento da filha mais velha dos Pusset. Todos sempre comentam sobre, você mesmo me disse isso. Vão saber que eu sou uma pobre mãe solteira abandonada pelo namorado! - Natalie pensava que não havia nada de errado em ser uma mãe solteira. Afinal, quem havia abandonado o próprio filho havia sido aquele maldito charlatão Theodore
Galloway. Natalie evitava ao máximo não pensar nele, como ela mesmo o chamava, verme asqueroso. Mas, para a sociedade inglesa, ser uma mãe solteira era o maior motivo de desonra e vergonha. E por isso seria melhor esconder esse fato.
-Bem, vamos dizer que você estava doente. E que o Andy é um primo distante que ficou órfão. É simple, Natty.
-Mas olhe aquelas senhoras ali! Estão cochichando. Aposto que sabem quem somos, e estão comentando sobre. Sabe como são essas pessoas, se preocupam mais com as vidas alheias do que com as próprias.
Anthony soltou uma risada.
-Ora, Natty, nisso você está completa de razão.

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