Almas de Sangue | taekook

Um

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— Vinte e um por cento? Vocês não podem fazer isso sem aviso prévio. — falo para o homem à minha frente, que suprime um sorriso.

— Temos uma cláusula de reajuste anual, senhor Kim. — ele responde de forma macia.

— Mas vinte e um por cento? Isso é ridículo!

O vampiro senta mais confortável em sua cadeira e passa a olhar para a sua sala com atenção. Seu olhar se demora na porta e então ele me encara sem muito interesse.

— Senhor Kim, Engenharia Mecânica é um curso caro, você deveria saber. Se lhe interessar, há outros cursos superiores mais baratos e com um reajuste muito menor que se adequaria melhor a sua condição.

Travo meu maxilar e luto contra a vontade de dar um soco na face pálida do vampiro, até porque isso só acarretaria em um pulso quebrado e uma carta de expulsão. Não posso me dar ao luxo de nenhuma das duas alternativas.

— Eu tenho plena consciência de minha condição, Diretor. — cuspo as palavras sem me preocupar com a mínima cortesia — Eu entrei aqui para ser um engenheiro mecânico e eu serei um engenheiro mecânico. — pego o boleto na mesa de granito e enfio em minha mochila surrada, sem o mínimo cuidado. — A mensalidade será paga como as outras foram, e como as futuras serão. — tomo fôlego — Passar bem.

Me dirijo rapidamente até a porta sentindo o "passar bem" queimar em minha garganta. Eu quero que ele passe mal. Muito mal.

— Senhor Kim! — o homem chama a minha atenção antes que eu saia da sala. — Talvez seja a hora de pensar um pouco mais racionalmente. Seria uma pena perder um aluno dedicado como você, mas nossa universidade não poderá fazer muito para impedir o que uma hora ou outra acontecerá inevitavelmente.

— Senhor Choi... — respiro fundo — Eu não pedi sua análise e nem sua opinião. Peço que guarde seus pensamentos para si próprio.

Os olhos vermelhos do homem adquirem um estranho brilho e ele sorri levemente.

— Boa sorte, Kim. Irei torcer por você.

Fecho a porta sem responder. Que o maldito vampiro engula as próprias palavras. Eu não preciso de sorte, e sim de três mil wons até às oito da noite.

[...]

— O escoamento ao longo de... — a voz do meu professor parece se difundir no ambiente, não me permitindo captar o real significado de suas palavras. A sala parece muito abafada, e é como se todos os olhares estivessem em mim.

Respiro fundo duas vezes e me permito beber um pouco de água, esperando que com isso meu foco esteja de volta, mas é inútil; é inútil prestar atenção na aula quando eu sei que em menos de seis horas serei chutado da kitnet minúscula e bolorenta que eu chamo de "casa", e estarei na rua. 

Passo as mãos pelo rosto e encaro a folha em branco. Meus pensamentos voam em mil direções diferentes, mas sempre voltam ao mesmo ponto. Como irei conseguir dinheiro?

Uma ideia se forma na minha cabeça.

O único jeito que conheço para um humano conseguir três mil de forma rápida...