4 - Locaute

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— Com licença, você é a sobrinha de Margarete Gonzalez? — adentrou pela porta um doutor de aparentemente trinta anos, com um jaleco branco.

— Sim, sou uma Melanie. — estendeu a mão e o doutor a apertou.

— Melanie, eu sou o doutor Garcia, precisamos conversar sobre a condição de sua tia. — ambos se sentam nas cadeiras que estavam em um canto do quarto.

— Pode falar doutor. — apreensiva, respondeu.

— A sua tia está em uma situação muito grave, ela está em coma induzido e...

O doutor estava falando e falando sobre a condição de Margarete, mas a sobrinha não ouvia, ela entrou em um estado de choque emocional que a prendeu em um transe, deixando-a completamente imóvel e inacessível.

"Eu não tenho mais ninguém?" — A pobre garota se questionava.

— Mas faremos todo o possível para deixarmos ela estável.

— Sim, obrigado. — respondeu seca.

Sem entender a situação, Melanie só sente suas lágrimas quentes descendo pelo seu rosto, sentiu como se estivesse caindo em um poço sem fundo, cada segundo que se passava, uma faca perfurava seu coração, fazendo-a morrer lentamente.

Dessa mesma maneira, Thomas se sentia, quando chegou da faculdade e ainda tinha que fazer as tarefas de casa. Ele chegou, deixou a mochila no armário do corredor e viu a sala de estar cheia de latas de cerveja e caixas de delivery espalhadas por todo o canto, virou seu olhar para a cozinha e viu uma pilha de louça que provavelmente já estava ali há um bom tempo.

O rapaz não tem costume de comer em casa, além da correria do trabalho e estudo, o fato de não querer ficar no mesmo ambiente que seu pai não ajudava muito. Então criou ânimo e foi arrumar a casa, aproveitando que Renato, seu pai, não estava lá.

Após terminar tudo, ele ouve um estrondo vindo da porta principal, era seu pai, chegando em casa provavelmente, virado da noite passada; estava imundo, com roupas sujas e mau cheiro.

— Eu não acredito que você já está bêbado! — irritado, Thomas disse secando suas mãos em um pano de prato.

— O que você quer de mim hein? — falou com a voz arrastada, estava muito fora de si.

— Eu só queria que uma vez na vida você me tratasse como um filho e não como um fardo ou um simples empregado! — com sangue e lágrimas nos olhos, fechou seus punhos — Eu te odeio com todas as minhas forças, você é o pai mais asqueroso que alguém teria o azar de ter!

— Ah! Deixa disso Thomy...

Esse era o jeito que sua mãe o chamava, antes de seu trágico falecimento.

— Você não falou isso... — seu corpo inteiro fervia de raiva — VOCÊ NÃO FALOU ISSO! — sem ao menos pensar no que estava fazendo, Thomas foi com toda a raiva do mundo se aproximando de Renato, dando um soco em cheio no seu rosto. Gerando uma imensa fúria dentro de seu pai, revidando com diversos socos na face de Thomas, fazendo-o cair no chão inconsciente.

Depois de um tempo ele acordou, sentindo dores fortes em sua cabeça, quando já estava atrasado para seu trabalho e poderia ser despedido.

— Ah! Meu Deus! O que aconteceu com você? — disse a garçonete da lanchonete.

— Longa história... — falou passado por trás do balcão para colocar o uniforme — Desculpa pelo atraso.

— Não se preocupe, hoje está mais tranquilo. Vem, vamos limpar esses machucados.

A moça foi para os fundos e pegou um 'kit' dos primeiros socorros, Thomas se sentou em uma cadeira do balcão e Alice, a garçonete, limpou seus ferimentos.

O que eles não imaginavam, é que do outro lado da rua estava Ayla, assistindo aquela cena, que para a jovem, era um beijo apaixonante, pois eles estavam um de frente para o outro, mas de costas para a porta de vidro da loja. Então seu coração se fechou, pois, em sua mente, aquele clima que ela sentiu com o Thomas, não passou de uma mentira.

Acompanhada de passos fortes e rápidos, a jovem caminhou desiludida até sua casa, que não era muito longe daquele local, mas era necessário passar por um beco escuro e abandonado.

Quando de repente, da neblina da noite surgiu um homem que vinha em direção a Ayla. Já apreensiva, apressa o passo, porém é inútil.

— O que a princesinha faz por aqui hein? — asqueroso, o homem perguntou — Tá perdida meu bem? — tenta aproximar-se da garota, quando uma segunda sombra aparece.

— Está tudo bem por aqui? — Um rapaz alto, com cabelo pouco comprido, pergunta com uma voz grossa.

— Fica na tua colega! Tá tudo bem aqui. — o desconhecido homem falou enquanto tentava tocar no braço de Ayla.

— Não, não está nada bem. — firme e cheia de ira respondeu indo para o lado do outro homem.

— Vamos. — sussurrou.

— Isso não vai ficar assim não hein! — gritou ao longe.

Eles se viraram e continuaram seu curso, Ayla estava salva, mas quem seria seu grande herói misterioso?

— Você tem que tomar mais cuidado por onde vai moça. — respondeu andando com passos firmes.

— Sei, obrigado por me ajudar, agora posso ir sozinha. — respondeu ainda apreensiva.

— Está tudo bem, confia em mim. Acabei de te salvar! — brincou.

— Sim e eu já agradeci, mas tenho que ir. — cruzou os braços ainda firme em sua ideia.

— Ok, você quem sabe. — sorriu de lado e foi por outro caminho.

O resto do caminho foi tranquilo para Alya, o perigo passou e agora estava a salvo, pelo menos foi o que ela percorrer, pois, ainda teria que percorrer um caminho turbulento, assim como foi sua infância.

Ayla foi abusada sexualmente por anos pelo seu tio Beto. Ele infelizmente, morava com sua família quando tudo começou. A pequena e inocente menina tinha apenas cinco anos quando ele mudou, maior arrependimento que Annabeth, mãe de Ayla, poderia ter.

Frequentemente seus pais saíam e a deixava, junto de seu irmão, com seu tio, que aparentemente era educado e gentil, uma ótima pessoa.

Na primeira vez que aconteceu, foi no aniversário da pequena, ela iria completar seus seis aninhos, quando ocorreu o desastre no fim da festa. Ela foi ao banheiro, quando seu tio Beto foi atrás; uma criança inocente, sem saber o mal que poderia acontecer, deixou o tio entrar junto dela, no banheiro, um fardo junto de arrependimento que amargura que a jovem que carregou por anos essa sua triste infância.

No início, ela não entendeu o que estava acontecendo, mas com o tempo e a idade, percebeu, sentindo nojo e vergonha de si mesma, pensando que a culpa de tudo aquilo era dela, por isso nunca contou para seus pais. Ele a ameaçava frequentemente, depois de cada vez que a abusava, dizendo:

" — Se algum dia você abrir sua boca sobre isso para alguém, eu mato toda sua família e você vai junto! "

Até que um dia, em um feliz banho de piscina, aos seus dez anos, sua mãe descobriu e denunciou seu irmão, mas nada nunca aconteceu, não conseguiram pegar esse monstro, que aterrorizava todos os dias a vida da pequena Ayla Foster.

Continua ..

AAAi meu povo! Tadinha da Ayla!!!

Chega a dar medo desse "tio Beto"! 

Quem será o herói misterioso hein??? Comentem seus paulpites! 

Um beijo e fiquem com Deus! S2

O Time Dos Fracassados ​​[EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora