June Andrew (Alana) finalmente conseguiu sua liberdade, de volta ao mundo humano por um prazo muito curto, que nem mesmo ela sabe quando irá expirar. Em seu pouco tempo ela precisa dar um adeus definitivo a todos que conhece e ama, o relógio está co...
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Olá, pessoal!
Esse é o primeiro capitulo. Espero que gostem de embarcar no mundo da June (Alana).
Podem deixar muitos comentários, adoro ler as teorias de vocês.
Beijão EJ!
1.Em terra
A luz da tarde entra pela enorme porta de vidro da sala de música. Pálida e alaranjada, dançando pelo cômodo de modo suave, carregando minúsculas partículas de poeira para enfim repousar na cerâmica branca.
Odeio essa cerâmica, não havia notado o quanto ela era irritante até voltar para casa. Sempre tão limpa e impecável, só destaca ainda mais a falta que sinto da desordem dos grãos de areia, de suas misturas de cores e tamanhos.
Me recosto no banco do piano e tendo novamente tocar as notas, tecla branca, depois negra, brancas e mais brancas, negras.... Costumava ser tão fácil.
Suspiro baixinho deixando minhas mãos penderem em minhas coxas. A quem quero enganar? Meu corpo não aceita mais esses comandos fúteis. Ele não consegue ficar tantas horas debruçado sobre esse instrumento apenas passando meus dedos pelas teclas de marfim.
Estralo meus dedos e tento outra vez. O movimento faz a manga do meu vestido cair por meu ombro. Pego a manga e a coloco no lugar. A macieis da minha pele ainda me espanta às vezes. Eu nunca tive a pele tão perfeita assim, mesmo com todos os cremes e tratamento caros. Não quando ainda era humana.
Toco mais duas notas quando sinto meus dedos tremerem sentindo falta da minha espada, do meu escudo, da sensação áspera que o cabo deixa em minha mão, do metal frio que passei tantas horas polindo. Fecho a tampa do piano e recosto minha cabeça nela, o piano está frio. Tudo sempre está muito frio em Boston.
Estou com uma dor de cabeça que não passa. Não ousei tomar nenhum remédio, não sei se fariam resultado ou acabariam me deixando pior, talvez eles não funcionem mais, ou podem me causar algum mal estar. E mesmo que ainda servissem para mim, não serviria para essa dor de cabeça especificamente.
Estou fora do mar a exatos duas semanas, três dias, vinte e três horas, cinco minutos e quatro segundos. Quando sai da água na ilha Miller. Quando dei adeus ao Derek e a Atina.
E ontem foi noite de lua cheia, fiquei apreensiva o dia inteiro pensando que algo aconteceria, por isso não sai do quarto a noite toda, ou ousei olhar para a janela. Me senti impelida a ir ao mar, mas consegui me conter, se tivesse visto a lua talvez, não tivesse.
Levanto do banco e passeio pela sala. Sentindo a cerâmica fria em meus pés. Depois de dois meses só sentindo a areia quente é bem desagradável está aqui. Toco as cortinas brancas e me volto para o espelho.
A sala de música também é a sala de dança. Duas de suas paredes são cobertas por enorme espelho, outra é feita de vidro com uma vista esplêndida para o jardim e a última é pintada de uma cor bem clara de bege. Os instrumentos ficam guardados em outra sala, apenas o piano permanece aqui. Há algumas cadeiras de madeira acolchoadas encostada na parede que combinar perfeitamente com as lâmpadas penduradas.