Não é Hereditário

359 59 17
                                    


A claridade entrou pela janela, e Taehyung suspirou, relutantemente voltando à consciência, porque agora precisava encarar as consequências.

Ele se virou. Hoseok estava acordado, recostado no travesseiro, segurando um livro, muito à vontade.

— O que você está lendo? — ele queria soar normal, mas sua voz saiu num resmungo. O companheiro lhe mostrou a capa do livro.

— Encontrei-o na sua estante. É muito bom.

O assistente gemeu e pegou o celular ao lado da cama. Precisava confirmar o horário de chegada de Seokjin e Namjoon. A última coisa que ele queria é que os dois os encontrassem daquele jeito. Seokjin tiraria conclusões apressadas, e ele já estava tendo dificuldades para não fazer o mesmo.

— O que está fazendo? — resmungou Hoseok também.

— Atualizando o meu perfil — mentiu ele.

— Evidente... O que você está dizendo? — perguntou ele secamente.

Taehyung jogou o celular de lado, satisfeito porque Seokjin só chegaria dali a dez horas.

— Nada.

Hoseok imitou-o, jogando o livro de lado com um gesto teatral, e se voltou para o assistente.

— Então, Tigresinho, o que vamos fazer agora?

— Tomar um banho? — sugeriu o moreno, se derretendo todo com o jeito que ele pronunciara o apelido de longa data.

Foi uma boa ideia. Quarenta minutos mais tarde, o banheiro estava tão cheio de vapor, que o exaustor falhou. O disjuntor desligava quando sobrecarregado.

— Porcaria! — Taehyung afastou a franja do rosto e pegou o banco do banheiro, para subir nele e tentar religar o disjuntor. Hoseok riu, tirou-o do caminho e ligou o disjuntor.

O moreno olhou para ele, zangado.

— Não me trate como se eu fosse um garotinho incompetente.

— Não estou. — o outro riu e o segurou. — Não projete os seus complexos em mim.

— Não estou projetando. — Kim tentou se soltar. — As pessoas olham para mim e acham que eu sou um boneco que não pode fazer nada sozinho. — disse lembrando-se de seus pais.

— Amor, tenho certeza de que você pode. — Ele o acariciava. — Mas, de vez em quando, não é bom ser ajudado? — o coração acelerou, por um momento esqueceu o motivo de sua zanga, o jeito que ele estava pronunciando o novo apelidinho carinhoso parecia cada vez mais natural.

Mas logo tirou o que quer que fosse da cabeça e voltou à realidade.

— Eu não admito ser tratado com superioridade. Eu me viro muito bem sozinho.

— Então, você não admite ter algumas limitações físicas? Mas você tem, Taehyung, e isso não é ruim.

— Eu me recuso a ser limitado — argumentou ele. — Posso e faço de tudo. Os meus pais não queriam que eu me mudasse para a cidade... Nunca acreditaram que eu conseguiria um emprego em uma empresa como a Winter Bear. Posso não parecer competente, mas tenho inteligência.

— E você prova o seu poder atacando pessoas na internet? — O advogado sacudiu a cabeça, com um olhar de censura. — Por que isso lhe importa tanto?

— Você não passou a vida inteira lutando contra a suposição de que não é tão capaz quanto o resto da população, porque é "fraco".

— Sim, mas desde que a sua vida não se limite a provar a sua capacidade. Para algumas coisas, é preciso ter um parceiro. — Ele o abraçou, mostrando-lhe que era mais forte e o que um parceiro podia fazer.

Paixão Perigosa [ Uma adaptação Vhope ]Onde histórias criam vida. Descubra agora