16. SUBMISSÃO

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Dezembro traz um céu cinzento quase constante, como um sinal de que em breve neve irá cair

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Dezembro traz um céu cinzento quase constante, como um sinal de que em breve neve irá cair. Por causa disso, todos ao meu redor falam sobre seus planos para as férias de inverno e os feriados de final de ano em Orion. Eu, por outro lado, pergunto-me se vou conseguir ficar na mesma casa que a minha avó de novo e fingir que não estou nada incomodada com ela. Se quer saber a conclusão a que chego, trata-se de um óbvio não.

Ela conseguiu o que queria quando me obrigou a ficar longe de Henry. Agora sequer preciso me esforçar sobre isso, porque ele mesmo cumpriu com o que me prometeu em nossa última conversa e sequer olha na minha direção. É como se eu não existisse e a semana em que nós dois nos aproximamos e nos conectamos tão rápido houvesse sido somente um sonho.

Todavia, cumprir com a exigência de Yan An ainda não foi suficiente para fazê-la confiar em mim. Mesmo sabendo que eu não possuo qualquer amigo em Alewood e tendo me afastado do único que havia conseguido, ela não devolveu o meu celular e a cada dia que passa eu me sinto mais solitária, sem poder sequer manter contato com os meus primos.

Faz quase duas semanas desde o jantar na casa dos Greenhunter. Desde então, não falo com ninguém que não seja Yan An e não faço nada que não seja assistir as aulas de modo automático e me isolar no quarto do dormitório, comendo de vez em quando no refeitório.

Ao mesmo tempo em que perambulo pelos lugares em que sei que encontrarei Henry apenas para vê-lo, também evito tal coisa. Ao contrário de mim, ele está se esforçando a seguir em frente e parece feliz com seus outros amigos. Eu vivo relembrando as nossas conversas, pensando em nosso único beijo e choramingando quando lembro que acabou. Também me sinto culpada e o ouço me acusar de fugir de tudo antes de dormir, quase em looping.

"Você já terminou?", saio dos meus pensamentos e me viro para encontrar uma de minhas novas colegas de classe ao lado da minha carteira, carregando uma pilha de cadernos com uma mão. Ela usa a outra para apontar para o meu caderno, aberto sobre o tampo da mesa.

Nem mesmo cheguei a começar a minha redação. A folha permanece inteiramente em branco e a garota parece bastante propensa a me perguntar se estou bem quando apenas fecho o caderno e o entrego, mesmo sem ter feito a atividade.

"Isso valia a nota final do semestre", ela me avisa, como se eu não houvesse escutado quando o professor falou a mesma coisa ao entrar na sala.

"Acho que farei a prova de recuperação, então", a ideia não me soa tão mal. Ficar de recuperação significa entrar de férias depois de todo mundo que conseguiu nota suficiente e ter que passar menos dias na casa dos meus avós, em Dominique.

A garota ainda está me olhando quando o sinal toca, avisando o final da aula.

"Com licença", recolho o meu estojo e a agenda em que costumo rabiscar, fico de pé e passo por ela para poder seguir o fluxo que sai da sala.

SOBRE UM FALSO LORDE E A PRINCESA DE GELO [COMPLETO] Onde histórias criam vida. Descubra agora