Hyungs

Tirando a Prova

COREIA DO SUL, SEUL

SEXTA, 03 de AGOSTO — 23:09

Jeongin encarou, pelo que pareceu a vigésima vez em menos de dez minutos, a tela de seu celular; a claridade do aparelho iluminando por longos cinco segundos o quarto escuro. Tal ação deixava-o apreensivo, com medo de que Changbin ou Jisung notassem que ele ainda permanecia acordado, mesmo que no outro dia, bem cedinho, eles tivessem uma agenda bem cheia.

Preocupado, ele se esgueirou para a borda do colchão, deixando sua cabeça pender para baixo para se certificar de que Jisung continuava dormindo na cama de baixo; assim como Changbin e Hyunjin do outro lado do quarto. Abriu um sorrisinho sapeca, empurrando para longe o lençol que mantinha seu corpo coberto — encobrindo o fato de que não era o seu costumeiro pijama que ele estava utilizando — antes de descer, cuidadosamente e o mais silenciosamente possível, da beliche.

Mordendo o lábio inferior em nervosismo, enquanto nas pontas dos pés ele andava por todo o quarto — fechando seus olhos com força quando um ruído escapava hora ou outra —, Jeongin não conseguiu deixar de suspirar em alívio quando conseguiu chegar no corredor do dormitório sem despertar seus colegas de quarto.

O sorriso que havia sumido logo retornou ao seu rosto, enquanto o garoto de cabelos negros caminhava rapidamente até a saída, sentando-se ligeiramente no chão apenas para calçar os sapatos sociais que estrategicamente deixou ali há horas atrás, escondido por detrás dos pares dos outros garotos.

Sentiu-se minimamente culpado por estar furtivamente escapando de casa para ir em uma balada sem a companhia de nenhum dos outros membros, entretanto não foi questão de minutos para que ele afastasse rapidamente o sentimento de si, repetindo diversas vezes que aquilo não era apenas para seu bem, mas também para todo o grupo.

O fato era que não era de agora que Jeongin vinha se sentindo estranho perto de seus hyungs, não demorando para notar que o que ele vinha sentindo era desejo pelos mais velhos. No entanto, aos seus olhos, isso se devia unicamente ao fato de nunca ter se relacionado antes com qualquer pessoa. Nem mesmo um único beijinho — mas não se engane se acha que a pequena raposinha era inocente sobre esses assuntos.

O fato de nunca ter beijado não significava que ele não via certos programas ou praticava certos atos.

A questão era que Jeongin estava preocupado com o que poderia acontecer caso alguém notasse que os sentimentos do mais novo pelos outros membros não eram mais de apenas companheirismo ou admiração. Ele realmente estava assustado com o rumo que as coisas pudessem tomar, principalmente se aquele desejo se desenvolvesse para algo a mais.

Logo, numa solução meia-boca de uma teoria que surgiu durante uma das noites em que ele não conseguiu dormir com aquela preocupação tomando seus pensamentos, Jeongin concluiu que se matasse aquele desejo pela raiz — com qualquer outra pessoa —, tudo ficaria bem.

Bom, pelo menos era o que ele esperava. Porque ele sabia que os hyungs já vinham notando o distanciamento de Jeongin — numa tentativa desesperada de acabar com os pensamentos inadequados ou a queimação que surgia em sua virilha na presença dos outros —, e logo o questionasse o porquê daquilo. Então se resolver o mais rápido o possível era o que ele devia fazer. Só assim ele poderia voltar a manter uma relação de apenas amizade com os mais velhos.

Ele realmente esperava que desse certo.

[...]

A primeira coisa que Jeongin fez ao pisar no edifício foi se aproximar do mini bar e pedir um coquetel sem álcool, visto que sua intenção ali não era ficar bêbado, mas sim encontrar alguém para resolver seus problemas e, de quebra, conseguir experiência.