Prólogo

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Sina Deinert

― Sim, claro. Reserve uma reunião o
quanto antes. Não tem problema se a agenda estiver cheia, encaixe-os...

Não é a primeira vez e muito menos será a última que vou escutar o meu pai reservar o seu tempo para o trabalho. Ele mal fica em casa, principalmente depois que mamãe se foi. Já faz
dois anos e a dor continua como um buraco profundo em meu coração. Depois do enterro, o meu pai se fechou em seu mundo, em seus negócios, mal notava que eu existia. Maldito dia que liguei e apressei as coisas, eu implorei tanto para que ela chegasse a tempo e me visse apresentar. Eu provoquei aquilo, essa dor vai me consumir até o fim da minha vida. Mas de um
tempo pra cá comecei a ser insistente para exigir por sua atenção, nem que fosse só por míseros segundos.

Ao escutar a porta ser aberta, me afasto erguendo os meus olhos esperançosos.

― Papai ― chamo-o, mas como sempre ele está apressado.

― É algo importante, Sina? ― Ele mal
me olha.

― É que... ― Tento acompanhar os seus passos.

― Deixe para mais tarde. Tenho uma reunião agora.

E com isso ele se vai, sem dizer adeus.
Assisto-o entrar no carro e dar partida. O meu coração aperta, dolorido demais, para uma garota de apenas quinze anos.

― Eu só queria desejar... Feliz dia dos pais.

Noah Urrea

Levanto-me do banco feito um leão
enfurecido.

― Estou em um acordo? Em uma porcaria de acordo?! ― praticamente grito no corredor, roubando a atenção de outras pessoas.

― Acalme-se, filho. Vamos continuar
lutando ― o meu pai tenta me confortar.

Se eu pudesse resolveria com as minhas próprias mãos, mas sei que isso não aliviaria o meu caso, já me envolvi em problemas demais durante a
minha adolescência, brigas em escola, em faculdade, em bares, boates, até mesmo em muitos momentos para tentar tirar Vivian de problemas
com drogas. Eles esperam por isso, Roseé Thompson e o seu advogado, a partir daquele momento torcem por meu fracasso. E em vez de ficar ao meu favor, o que é correto, quer continuar
com sua luta miserável, junto com o seu tormento. A audiência é apenas o começo para mostrar ainda
mais as suas garras.

Roseé se aproxima como uma víbora e nos encaramos como dois inimigos.

― Sei que não está satisfeito com o
resultado, assim como eu.

― Não me diga ― ironizo.

― Você quis dessa forma, Urrea. Quis
impor, fez a minha filha de gato e sapato até o último dia da sua vida. ― Ela julga sem ter provas.

Minha vontade é de dizer aos quatro ventos que a sua filha era a verdadeira irresponsável, a que não sabia cuidar nem de si mesma.

― A culpa não é minha se a sua filha se meteu em problemas...

― Senhores, por favor ― o meu advogado nos interrompe.

Os olhos de Roseé são como brasas.

― Não pense que vou te dar tudo de mão beijada. Se depender de mim, vou fazer você cair. ― Suas palavras afiadas me fazem sorrir sombriamente.

― Veremos!

Tudo Por Você | Adaptação Noart༄Onde histórias criam vida. Descubra agora