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Sina Deinert

Eu estive correndo feito louca atrás de alguém para me ajudar, se eu ligasse para o meu pai eu estaria frita. Meu carro é novo, como pude deixar isso acontecer? Como aquele cara irresponsável pôde fazer isso comigo?

Tive que ir até a casa da minha melhor amiga, Sabina, a pé e aproveitei para trocar de roupa. Minha sorte era que eu já estava por perto, mesmo assim meus pés estavam doendo devido à caminhada. E nem se quer podia acreditar que estava com meu gloss borrado. Implorei para Sabina que me arrumasse um guincho para me ajudar com o carro em vez dela ficar rindo da minha cara borrada.

Ao retornar a estrada pedi para o guincho que me aconselhasse a melhor oficina da região. O homem prestativo, até demais, me recomendou uma oficina chamada "Scorpions”. Perguntei-me quem era o maluco que colocou o nome de um negócio assim? Mas segundo o guincho, era a melhor oficina da cidade. Até aí tudo bem, eu poderia lidar com isso, só não esperava encontrar meu mais novo inimigo no mesmo local.

― Ah! ― dou um grito, com a mão no meu coração.

O choque é grande e preciso mais do que um simples dia no spa para me tirar deste sofrimento.

Como ele pode estar aqui? O que ele estava fazendo debaixo de um carro? Todo sujo, com uma regata branca desgastada, cabelos castanhos bagunçados e todo suado com os músculos dos seus braços para fora.

Seus olhos castanhos escuros me avaliam enojado. Eu nunca odiei tanto uma pessoa como odeio ele. Eu sei que ódio é algo profundo e não deveria sentir isso, mas estou nervosa demais para discutir.

― É! Eu também não estou feliz em te ver.

Ele se levanta e eu me assusto com sua altura. Quando o vi, hoje na estrada, estava de moletom, mas seus músculos são muito mais assustadores de perto, principalmente expostos. Por outro lado, o cheiro da oficina é forte, a gasolina sempre me causa enjoo.

Ele limpa suas mãos, ainda sujas de graxa, em um pano todo felpudo.

― Então o que te traz aqui, Sina? ― Ele sorri para mim descaradamente. Eu ouvi bem o meu nome soar num tom sarcástico.

Fico até mesmo com vergonha de tentar persuadi-lo, só de me lembrar do meu gloss borrado... Sabina não parou de rir de mim e vai continuar até a próxima reencarnação.

― Meu carro ― começo ríspida. ― Não está funcionando. Por sua culpa! ― acuso e ele fecha a cara.

― Deve ser porque minhas preces foram atendidas ― murmura e fico chocada.

O grandalhão passa por mim para ver meu carro estacionado no lado de fora. Eu o sigo tentando manter distância desse ogro insensível.

Ele levanta a parte da frente do meu carro para ver o que está acontecendo e ergo minha cabeça para olhar também, mesmo eu não sabendo o que tem por ali.

― Foi papai que te deu? ― pergunta de repente, pegando-me de surpresa enquanto se curva para mexer em alguns fios.

As suas costas são extremamente largas, pisco os meus olhos para olhar em outro lugar.

― Sim. Ele me deu de presente por ter ganhando uma boa nota no mês passado ― digo com orgulho.

― Imagino se tirasse uma péssima nota. ― O escuto murmurar e franzo a testa ao pensar no assunto.

― Ele provavelmente tiraria minha mesada ― respondo horrorizada.

O sujão olha para mim com a sobrancelha erguida e ri sem humor. Sua risada me deixa com raiva, pois já a escutei hoje à tarde. Fico séria.

Tudo Por Você | Adaptação Noart༄Onde histórias criam vida. Descubra agora