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Ochako simplesmente não sabia como aquela situação poderia piorar.
Quando ela acordou de manhã, o noticiário exibiu durante o maldito dia inteirinho a foto da sua calcinha, ainda que censurada, porém, constrangedor da mesma maneira. Ali, em rede nacional, a "UraCalcinha" era o assunto mais popular do Twitter. Principalmente depois de ter sido recuperada por vigilantes anônimos e a prisão dos vilões "Irmãos Tempestade" ter sido concluída em menos de doze horas após o furto, com provas e tudo mais.
Claro, ela estava aliviada sobre os vilões terem capturados e a paz de muitas mulheres recuperada. Ela até já havia recebido uma notificação para depor na delegacia no próximo dia útil. Sua assessoria de imprensa tendo garantido de que ela receberia uma boa indenização por toda a exposição e danos morais, e ficou feliz com a justiça sendo feita.
Porém, ela estava com a cara queimando de vergonha, se perguntando mentalmente como o furto de uma calcinha poderia acarretar... nisso:
Ochako estava lavando a louça na casa de Kiri e Mina.
Ochako estava olhando encarando a torneira da pia, enquanto enxaguava um copo e passava para o lado depois de limpo. Ela não fazia ideia de como manter uma conversa nesse momento, porque ela simplesmente não conseguia se concentrar.
Ochako também estava sendo repetitiva em sua narrativa interpessoal ao pensar em toda a sucessão de acontecimentos que a trouxeram para este exato momento, no ponto alto da noite. Se questionava constantemente: "Ochako, por que você escuta a Mina? Porque você aceitou oferecer esse jantar para Bakugou? Por que você sempre se mete nessas situações?!"
— Merda. — ele resmungou.
— Heh, é... meio... constrangedor.
— Eu vou matar os dois. — ele bateu o prato na pia — Eu juro pelo inferno que vou explodir os dois que nem uma análise de arcada dentária vai ser capaz de reconhecer esse merdas.
— Certo, só não quebre os pratos de Mina, fui eu que dei à eles estes. — Ochako argumentou, com um sorriso constrangido.
— Tsc! — ele revirou os olhos.
Bakugou e Uraraka estavam lavando a louça do jantar. Juntos, lado a lado na pia. Ela limpava e ele enxugava e guardava. Após as panelas de macarrão e molho terem dado certo trabalho, estavam quase no final. Por algum motivo, o argumento de Ochako sobre terem que arrumar a bagunça antes de ir, convenceu o explosivo a ficar e ajudar, uma vez que ele estava praticamente quase explodindo pela sacada.
Mina e sua grande boca bêbada haviam jogado tantos verdes durante o jantar que, a certa altura, o próprio Bakugou simplesmente berrou algo como:
"Eu vou enfiar aquela porra da calcinha na sua boca se você não para de falar agora, sua Alien maldita".
Ochako não é burra. Ochako sabe ligar os pontos.
E Ochako não pode ficar quieta e simplesmente fingir que não entendeu nada. Principalmente depois de Kirishima chamar o amigo de "Number One", claro e óbvio como a luz do dia. O @Number1 do leilão era Bakugou Katsuki, seu antigo colega mal humorado de escola. Ou, se preferir, lide com o fato de que, simplesmente, o ProHero GroundZero havia gasto ¥100.000 numa calcinha dela.
Fucking CEM MIL!
Ela literalmente caiu para trás. Novamente.
E, logo em seguida, parece que Kirishima teve um problema e precisava de Mina lá no quarto deles, onde o casal encontrava-se até agora, ambos bêbados de vinho, rindo e audivelmente transando.
Sério... Ochako iria matar Mina, caso Bakugou não o fizesse.
— Ufa... Terminamos! Vamos indo, então?
Ela sorriu. Mas não ousou olhar o outro nem por um instante. Bakugou deu de ombros, e se arrastou para fora da cozinha, indo até a mochila dele. Uraraka o assistiu içar a peça até o ombros para se aprontar, enquanto desamarrava o avental e o pendurava ao lado da geladeira.
Um redemoinho de emoções girava em seu estômago, a curiosidade e nervosismos tomando-a de uma forma que ela não sabia lidar. Como ela dormiria à noite sabendo que Bakugou fez questão de, pessoalmente, resgatar uma peça íntima dela?
Não era grande coisa. Era, sim, só um pano. Um pano preto e rosa, rendado e meio ousado? Sim. Ela estava com vergonha? Claro. Ele a havia visto vestida com calcinha durante sua missão? Ela tinha certeza disso. O que tornava tudo mais estranho ainda.
Mas, é o que dizem, se você já está no inferno...
— Eu... — Ele ergueu a sobrancelha em resposta a interjeição dela, estranhamente quieto depois de tanto gritar no jantar umas meia-hora atrás — Eu quero te pagar. Pela c-calcinha.
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UraCalcinha
FanfictionUraraka compete com um comprador anônimo para ver quem dá o maior lance na compra de sua própria calcinha furtada e vendida num leilão online. No fim, um herói inesperado recupera a calcinha, prende os culpados e, de quebra, se confessa pra ela!