𝟮𝟭, veronica.

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A semana passou voando, apesar da minha insistência em fugir de Nathan e qualquer coisa que me lembre dele.

Na segunda, as meninas concordaram em irmos ao cinema depois que fomos dispensadas. Na terça, eu fiquei na casa de Olivia. Na quarta, eu fui retirar a tala do tornozelo e a do pulso. Na quinta, eu fiquei na casa de Olivia de novo. Na sexta, hoje, eu não tive uma desculpa decente; a minha mãe está de folga, e quer saber o porquê de eu quase nunca estar em casa.

Eu sei que eu, provavelmente, não deveria estar deixando o conforto da minha casa para fugir de alguém que sequer mora lá; mas é melhor prevenir do que remediar.

Dessa vez realmente não houve escapatória. Assim que o sinal soou, indicando o fim do almoço e, consequentemente, nos dispensando, eu pude ver o carro prateado estacionado do outro lado da rua. Com a janela abaixada, eu tive a visão da minha mãe, com os óculos de sol no topo da cabeça e com o olhar focado, provavelmente, em seu celular.

─ Boa sorte. ─ Olivia diz e sai rindo da minha desgraça junto com Maggie.

Por sorte, dona Vanessa estava sozinha. Eu provavelmente fingiria não tê-la visto e ido andando até em casa se ele estivesse com ela.

Ela solta o celular no colo e vira a cabeça para me olhar assim que eu fecho a porta ao me sentar no banco do passageiro.

─ E então? ─ ela pergunta, com um sorriso afobado.

─ O que?

─ As provas, bobona. ─ ela dá partida no carro. ─ Foi a última semana, não?

─ Sim. ─ suspiro, feliz por ter acabado e orgulhosa pelo meu desempenho. ─ Acho que me saí bem em todas elas.

Ela não estendeu muito o assunto, percebendo o meu estado no momento; eu parecia um cachorro que correu quilômetros, mesmo sem ter dado mais de cinquenta passos até o carro.

Me preparei mentalmente assim que enxerguei a minha casa, porém, a garagem estava vazia.

─ Ah, claro. ─ dona Vanessa começa, como se tivesse se esquecido de me contar algo. ─ Pensei que você quisesse um pouco mais de privacidade depois.. da sua recaída. De qualquer maneira, Nate tinha planos com os amigos dele no final de semana, eu apenas uni o útil ao agradável.

Só deus sabe o quando eu quis abraçar essa mulher.

─ Já que tocamos no assunto. ─ ela volta a falar assim que o portão eletrônico fechou. ─ Como você está?

─ Bem. ─ mexo os ombros, entrando dentro de casa. ─ Eu só.. não quero falar sobre isso, tudo bem?

─ Claro, como quiser.

Minha mãe era, de longe, a pior cozinheira de todos os tempos. Em uma tentativa de atividade entre mãe e filha, ela conseguiu queimar todo o arroz e o bife que eu estava salivando desde a noite anterior. A nossa única saída foi pedir um delivery de marmita e, depois que pagamos, comemos em menos de dez minutos.

─ O que você acha do Nate? ─ a sua pergunta me fez cuspir o último gole de refrigerante de volta ao copo.

─ Como assim? ─ franzo o cenho, me recuperando.

─ Eu fiquei fora por quatro dias, e vocês conviveram juntos enquanto eu não estava aqui. Você deve ter alguma impressão sobre ele, seja boa ou ruim. ─ ela mexe os ombros. ─ Eu me sinto no dever de perguntar isso, levando em conta a última vez.

Ah, é, a última vez. O último namorado da minha se chamava Tom, ele é chef de cozinha em um restaurante bem conhecido por aqui, e isso fazia dele o maior egocêntrico de todos. Ele nunca cozinhava para nós, e a única vez que cozinhou – minha mãe estava fora –, ele cobrou pela comida.

─ Eu não adoro ele, mas também não odeio. ─  não minto, de certa forma. ─ Sei lá, ele é.. normal.

Minha mãe ri, se jogando no sofá.

─ É, ele é. ─ ela suspira. Não consegui identificar qual tipo de suspiro foi, mas com certeza não foi um suspiro apaixonado. ─ Sabe o que eu acho? ─ sacudo a cabeça. ─ Precisamos de uma tarde das garotas, por minha conta.

Dito e feito.

Não tive tempo de criar qualquer opinião sobre isso. Quando dei por mim, dona Vanessa já estava no estacionamento do shopping, onde tinha um salão de beleza enorme.

Felizmente, o meu instinto claustrofóbico não apareceu quando eu estava rodeada de pessoas; havia uma mulher sentada em um banquinho, cuidando das minhas unhas dos pés, assim como havia uma ao meu lado, e fazia a mesma coisa com as das mãos. Atrás de mim havia, pelo menos, três pessoas cuidando do meu cabelo.

Naquele momento, resolvi fazer uma mudança drástica que eu, provavelmente, não demoraria para me arrepender e voltar atrás. Sim, eu descolori o cabelo. Pelo próximo mês, eu estaria loira.

A raiz continuava marrom, mas não de uma forma estranha; parecia que eu havia feito luzes, apenas. Estava natural e, também, muito bonito. Há tempos eu não me sentia desse jeito.

─ Realmente, fábrica boa não faz produto ruim. ─ minha mãe brinca, se aproximando. Ela não havia mudado muito; alguns pontos de seu cabelo estavam mais claros, sua sobrancelha estava feita, suas unhas estavam pintadas e só, nada tão drástico quanto a minha nova cor de cabelo.

─ Concordo plenamente! ─ Harry, um dos cabeleireiros, diz. Ele sempre dá em cima dela quando aparecemos por aqui.

A conversa entre os dois não foi breve, mas também não demorou tanto para me deixar agoniada. Por fim, dona Vanessa deixou uma pequena fortuna no caixa e, enfim, pude fazer o que eu estava esperando desde que pisamos no shopping: comer.

─ Nós acabamos de almoçar, Veronica! ─ ela diz, e se não fosse pelo seu tom brincalhão, eu desistiria da ideia.

─ Errado. Nós almoçamos antes de vir, e eu duvido que ficamos lá dentro por menos de duas horas. Por isso, eu exijo fast food agora mesmo! ─ imponho de brincadeira, saindo na frente.

─ Não sei como a sua treinadora ainda não te deu uns bons puxões nessa sua orelha por você comer coisa que não deve. ─ ela diz, me alcançando.

─ Simples, ela não sabe. ─ mando um beijinho pelo ombro e escuto a sua risada.

Não tenho certeza de quanto tempo ficamos dentro do shopping, apenas passando de loja em loja para opinar sobre coisas que não iríamos comprar, porém quando saímos o céu estava alaranjado, e não demoraria até que estivesse completamente escuro.

Eu tentava não me animar muito com esses momentos com minha mãe, pois eu sabia que, quanto mais eu os desejassem, mais eu me decepcionaria ao não tê-los.

Ainda assim, eu estava feliz por não ter arruinado o dia. E, mais ainda, eu estava feliz por não ter pensado nele.

 E, mais ainda, eu estava feliz por não ter pensado nele

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