Francis Academy

Água não tem Galho cap.7

Judite:
Acordamos e na noite passada eu os meninos havíamos brigado.

Mas hoje é um novo dia e além do mais hoje é a festa de aniversário do James!

Precisamos arrumar tudo! Até mesmo os meninos vão ajudar com os preparativos hoje.

Morgana:
- Meninas cuidarão das comidas e decoração, enquanto os meninos irão levar a mesa e as cadeiras até a praia.

- Vamos lá, e 1, e 2, e 3. Levantem a mesa!

James:
Estava no meu quarto quando ouço alguém bater à porta, corro até ela na esperança de ser Judite, mas era apenas o meu tio.

Ele se senta em minha cama e diz que precisa conversar sério comigo. Pergunto se fiz algo de errado, e ele nega.

Francis:
- James, agora que está se tornando um homem, um adulto, precisamos conversar sobre o que você quer para o seu futuro.

- Como eu havia dito, tenho algo que te espera em relação a isso, e realmente quero que aceite.

- Isso não é um reformatório!

James:
- Como assim? Um orfanato então?

Francis:
- Muito mais complicado que isso. E eu vou te contar toda a história.

- Essas crianças na verdade trabalham para mim James, todas elas, inclusive a Judite.

- Não estou falando de tarefas do dia a dia, que o que você pensa que eles fazem, mas sim trabalho braçal, trabalho escravo.

- Não me orgulho disso, mas também não vou parar. Estou a procura de alguém que continue com o que eu construí. E ninguém melhor pra essa tarefa do que sangue do meu sangue, filho de consideração.

- Essas crianças além de estarem a fazer trabalhos para mim, também estão sendo vendidas.

- E isso pode variar muito, algumas são vendidas para famílias que querem um filho mas não conseguem, assim como também são vendidas para cafetões.

- Nenhuma delas sabe deste detalhe, e eu quero que permaneça dessa forma.

- Eu preciso saber se você aceita James. Se aceita ficar com com esta casa, com esta ilha...

James:
- Eu aceito.

Max:
Após levarmos a mesa até a praia vi o que parecia ser arbustos se mexendo em direção ao começo da floresta.

Infelizmente não consegui me distanciar o suficiente da Morgana e os outros para ver o que era.

Judite:
A noite caiu e nós todos fomos para praia. A mesa estava farta, contava com tortas, carnes variadas e muitas frutas.

Cantamos parabéns e James liberou todos para nos divertir na água, incluindo o cozinheiro e as enfermeiras.

Acho que aquele foi o único momento em meses conhecendo Morgana, que a vi sorrir.

Todos estávamos nos divertindo muito, nem parecia que éramos mantidos em cárcere privado. Mas eu notei que Nick não estava alí conosco.

O mundo todo parou, tudo ao meu redor havia se congelado, e assim comecei a escutar gritos de socorro.

Comecei a procurar a fonte dos gritos e alí estava. Nick estava se afogando perto de algumas rochas.

Tudo volta ao seu lugar e começo gritar pelo seu nome enquanto entro cada vez mais ao mar.

- NICK, NICK. EU ESTOU INDO.

As pessoas que alí riam, cantavam e contavam histórias, pararam e ficaram em estado de choque.

Me lembro de entrar no mar e não voltar, tudo estava tão escuro e frio. Nick estava cada vez mais no fundo e eu sendo levada junto.

James:
Ao ver aquela cena me joguei a dentro do mar com roupa e tudo, não conseguia pensar em mais nada que não fosse Judite. Consegui retirar ela do mar e por sorte com respiração boca a boca ela voltou a respirar.

Judite:
Acordei na praia vom todos ao meu redor com expressões de pavor, mas Max não estava alí.

Procuro mais um pouco e vejo Max separado do grupo chorando muito. Ele chora tanto que acaba caindo de joelho no chão.

- Cadê o Nick?

James:
- Se acalme querida...

Judite:
- CADÊ O NICK?

Morgana:
- Ainda está na água.

Judite:
- FAÇAM ALGUMA COISA, POR FAVOR.

James:
De volta a água, tento procurar pelo corpo de Nicolas em meio a rochas e algas, o encontro quando ele está quase no fundo do mar.

Pego ele e o levo até a praia para tranquilizar Judite.

Max:
Ele estava pálido.

Seu corpo estava tão frio quanto o olhar de James e Francis, que apenas fingiam desespero.

Eu não podia acreditar naquilo.

Nick era como um irmão pra mim, o irmão que eu nunca tive, o irmão que sempre estava ao meu lado quando precisava.

No dia que fiz 13 anos nesse lugar Nick fez um bolinho de lama, colocou um graveto em cima para fingir que eram velas e me deu.

Não conseguia parar de chorar, Nick era tão doce. Tão querido. Tão amável...

Eu o amava, o amava como a família que eu tive e perdi. O amava como a pessoa que sempre estava alí para o que eu precisava. O amei e o perdi.

Judite:
Lembro de olhar para James e com os olhos cheios de lágrimas perguntar:

- Por que não está fazendo nada? POR QUE NÃO ESTÁ FAZENDO NADA?

Eu bato em James, mas ele me abraça.

Nunca pensei que eu pudesse sentir tanta tristeza e dor de uma só vez.

Ao olhar para Nick alí no chão, vejo que em seu rostinho há paz. Finalmente paz.

Eu deveria ter protegido ele.

Eu deveria ter ido no lugar dele.

Eu deveria estar dando risadas com ele agora.

Só queria poder dar um último "boa noite Nick" pra ele agora.

Eu posso!

Me ajoelho sobre o corpo molhado e branco de Nick e sussurro:

- Boa noite Nick, bons sonhos.