Uma segunda estrambólica

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A meia-noite já tinha se passado há várias horas sem que eles se dessem conta. As velas também haviam se apagado há muito tempo, o que provavelmente tinha feito a barreira protetora ser desfeita, mas como ninguém mais tinha ido incomodá-los, eles também não se deram conta disso.

Com as mãos agarradas firmemente na cabeceira da cama, tão firmes que já estava começando a deformar a madeira escura sob seus dedos, Loki tentava não demonstrar metade da satisfação que sentia ao ter Thor arremetendo contra seu corpo numa cadência relaxada, mas certeira. As mãos grandes faziam carícias rudes por onde passavam, enquanto Thor lambia sem pudor a linha de sua coluna. Loki mordeu o lábio com força, buscando reunir um pouco de resistência tanto mental quanto física, e aproveitou a oportunidade para falar quando Thor deu uma pausa para deslizar uma das mãos na ereção momentaneamente abandonada do vampiro.

— Então, Thor, é só isso que tem para me mostrar? — provocou, dando uma olhada de esguelha para o homem atrás de si. A respiração dele batia em suas costas devido à alta proximidade, causando-lhe arrepios espontâneos.

Com uma risada rouca, Thor aproximou a boca do ombro alheio e raspou de leve os dentes na pele suada.

— Isso é uma reclamação? — comentou num tom divertido, e até um pouco enérgico, apesar da rouquidão. Loki não podia nem caçoar disso já que estava em situação bem parecida. — Se acha que faz tão melhor assim, podemos trocar de novo...

Loki considerou a possibilidade por meio segundo, mas até ele precisava reconhecer que possuía limites físicos. Eles já haviam invertido as posições algumas vezes durante aquela imprevista maratona sexual, e precisava admitir, Thor era um parceiro formidável, mas sentia que não tinha energia o suficiente para mais uma rodada. A verdade era que mal se aguentava firme na posição em que estava. A qualquer momento poderia, inclusive, desmaiar de prazer e exaustão, então era melhor finalizar antes que se prestasse a esse papel vergonhoso.

Ele empurrou o quadril contra Thor numa resposta silenciosa a pergunta dele.

— Então está admitindo que eu sou melhor — Loki acabou acrescentando sem conseguir resistir à tentação de irritá-lo nem que fosse um pouco.

Thor rosnou baixo, enquanto deslizava ambas as mãos para as ancas do vampiro, segurando-o com tanta vontade que até o arranhou de leve por estar com as unhas ligeiramente afiadas.

— Lembre-se: foi você quem pediu.

*

Loki andava apressado pelos corredores numa tentativa de chegar a algum refúgio onde pudesse extravasar livremente as lágrimas que já teimavam em sair. A bochecha ardia do tapa que tinha levado, o rosto sujo do sangue que não era seu.

Quando recebera mais cedo a notícia de que sua mãe passaria em casa para vê-lo, tinha ficado feliz, pois já fazia uns bons meses que não a via. E apesar de sua relação com os pais não ser nem minimamente parecida com os exemplos que via de seus colegas da escola, Loki não conseguia evitar de ter esperança de em algum momento começar a ser tratado como um filho deveria ser.

Infelizmente, sua esperança despedaçou-se quando descobriu que Nal tinha desviado de sua rota de viagens apenas para castigá-lo pela queda de rendimento na escola. O momento do reencontro se tornou ainda pior quando alguém a informou que Loki, em plenos 10 anos de idade, tinha se recusado a passar pelo rito de passagem que todos os seus coleguinhas vampiros já tinham passado: subjugar alguém mais fraco para beber diretamente de um corpo vivo pela primeira vez.

— Nós somos caçadores, estamos no topo cadeia social! — a cada frase dita numa fúria baixa, Loki se encolhia no sofá. O belo rosto de sua mãe retorcido pelo desgosto. — Você não vai me envergonhar, Loki. Você é meu primogênito e deve honrar o nome da família como tal.

Cuidado: Ele morde!Onde histórias criam vida. Descubra agora