Um sábado desvantajoso

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As conversas após o jantar tinham se estendido demais e quando cada um começou a se recolher para os respectivos quartos já passava de uma hora da manhã. Loki andava calmamente pelo corredor, tentando não parecer ansioso demais. Teria ido para o quarto mais cedo caso Katerina, a irmã mais velha de Thor, não tivesse grudado nele o tempo todo.

Se conheciam desde criança, mas Katerina nunca tinha demonstrado qualquer interesse nele até o tal anúncio de noivado. Era perceptível o quanto ela odiava pertencer a uma família tão pouco prestigiada quanto a dos lycan e agora Loki percebia que ela faria de tudo para ascender socialmente. Até casar com o filho de uma ditadora que todos temiam como Nal Vasilien.

Suspirou. Loki não a culpava. Afinal, se não tivesse sido criado numa família de status considerável e não conhecesse a hipocrisia de perto, provavelmente também desejaria o topo.

Alcançou a maçaneta da porta do seu quarto poucos minutos depois, mas quando estava prestes a abrir a porta sentiu surgirem duas presenças atrás de si. Virou-se despreocupado, reconhecendo os rostos de dois dos homens que trabalhavam para a sua mãe.

— A senhora Vasilien o aguarda. — informou o guarda da direita que possuía uma cicatriz antiga no rosto.

Loki analisou rapidamente a situação. Aqueles dois estavam entre os melhores da segurança da mansão e talvez ele até conseguisse neutraliza-los para conseguir escapar, mas isso iria exigir esforço demais. Esforço esse que nem era tão garantido de dar bons resultados.

E foi por isso que se deixou levar pelos corredores decorados com quadros caríssimos e lâmpadas de formato curioso. Afinal, só precisava dar um pouco de atenção a sua mãe. Uma pequena compensação, no seu ponto de vista, já que no dia seguinte não estaria mais presente. Quando chegaram numa sala de leitura, os guardas saíram e fecharam as grandes portas duplas, dando privacidade para o que fosse acontecer ali.

Sentada numa poltrona perto da lareira do cômodo, Nal levou uma xícara, provavelmente com chá e sangue, aos lábios uma última vez antes de depositá-la na mesinha ao lado. O olhar austero não saindo de cima de Loki desde que ele adentrara a sala.

— Queria me ver, mãe?

A mulher uniu as mãos sobre o colo, sem respondê-lo.

— O que achou da ideia da festa junto com um noivado? — indagou perscrutando o rosto do filho em busca de qualquer mudança de expressão. Contudo, ele era tão bom em mascarar os sentimentos quanto ela própria. — Conversei pessoalmente com os pais das famílias que considerei mais importantes e a princípio não acharam a ideia tão interessante, mas, como sabe, sei ser persuasiva.

Loki deu alguns passos despreocupados em direção a mãe, parando numa distância respeitável.

— Sim, eu sei. E como disse no jantar: sempre com ótimas ideias, mãe. — disse usando seu melhor tom imparcial.

Nal levantou da poltrona e se aproximou dele, o encarando de perto. Ela era ligeiramente mais baixa que Loki, mas possuía uma aura de poder que lhe lembrava o perigo de uma deusa da guerra. Nal sorriu e Loki não gostou nada disso.

— Então vai me dizer que não planejava fugir quando todos fossem dormir? Acha que não conheço o filho que tenho? — numa velocidade incrível ela agarrou a mão esquerda dele, perfurando-o com uma das unhas acuminadas bem no meio da palma. Loki mal teve tempo de reagir antes de cair com um dos joelhos tocando o chão. — Por muitos anos venho aguentado sua rebeldia e atitudes indecorosas, Loki, mas não deixarei que estrague essa oportunidade que estou dando a você. E você não irá me decepcionar.

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