Vermelho

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Continuei minha caminhada me questionando o que poderia ser aquele lugar, talvez estivesse morrido? Em algum tipo de limbo? Não costumava acreditar nessas coisas mas agora buscava qualquer resposta para o que estivesse acontecendo.
O piso negro opaco sobre meus pés ia sendo consumido por grãos de areia vermelhos e o céu antes branco vazio, agora era consumido por gotas vermelhas que pareciam de aquarela e no lugar das estátuas de mármore estruturas em ruínas se erguem aleatoriamente no horizonte, assim como grandes cataventos.
Meu caminho se seguia tranquilo até eu ouvir uma sirene de algum lugar é sentir um vento forte me empurrar violentamente para trás me fazendo tropeçar e ser jogada.
Quando me levantei o medo de outro vendaval me atingir me fez correr em busca de abrigo porém nenhuma das ruínas eram fechadas, mesmo assim, ao correr por uma delas a sirene tocou novamente e os ventos começaram a soprar porém dessa vez eu não fui levada, o que não fazia muito sentido mas agora as ruínas seriam meu porto seguro.
A caminhada em busca do fim daquele lugar continuou, a sirene toca mais uma vez porém não havia abrigo, o medo de ser levada me fez paralisar, pelo menos dessa vez só eu posso me machucar.
Fechei os olhos esperando o vento forte me levar porem nada ocorre, quando abri novamente os olhos e olhei ao redor, claramente estava ventando, então olhei para frente e vi Thiago com um grande escudo nos protegendo do perigo de fora.
Pela primeira vez desde que cheguei aqui tentei falar, porem apenas um som baixo, ele apenas sorriu sereno e disse.
"Não fale nada minha querida, só observe."
Eu apenas consenti com a cabeça e ele desfez a pose protetora assim que os ventos cessaram, num impulso eu apenas o abracei sem ligar muito para se aquilo tudo era real ou não, o abraço foi retribuído me aquecendo por dentro, onde nem percebia mais o quão fria estava.
Afastados do abraço Thiago parecia me dizer que queria que eu o acompanhasse, e assim o fiz, o acompanharei até o fim desse lugar.
Subimos uma escada longa ate um lugar parecendo um altar ou santuário que estava totalmente seco e destruído, ele me deixou livre para explorar o pouco que era possível me observando de longe, o lugar mesmo destruído tinha seu charme, não sei se conseguiria notá-los, se não fosse a presença de Thiago, tranquilizando o ambiente.
Ainda caminhando pelo ambiente eu vi uma escada que descia e curiosa desci sem antes observar se Thiago ainda tinha visão minha, alguns degraus mais abaixo e a escada se transforma numa rampa de areia me fazendo escorregar nela, no fim, sem possibilidade de volta, o sentimento de desamparo aparece junto com a ideia que havia deixado Thiago sozinho, porem antes mesmo de eu buscar outro modo de reencontrá-lo via a distancia Thiago descendo a mesma ladeira. Assim que chegara a parte inferior sorrindo.
"Oh minha querida tava querendo se livrar de mim"
Ele falou isso e respondi com alguns socos leves no braço rindo dele que retribui as risadas porém logo trocando seu semblante por algo sério e me entregando seu escudo, tentei recusar porém ele segurou minhas mãos dizendo:
"Você tem q aprender Liz."
Várias dúvidas surgiram na minha mente, por que eu tinha que aprender? Ele não vai ficar comigo? Percebendo minha expressão Thiago apenas aproximou as minhas mãos dele me passando a segurança que eu precisava para continuar.
Durante o percurso no qual Thiago me guiava houveram alguns vendavais os quais aos poucos fui me acostumando com o cargo de ter de nós proteger, mesmo quase sendo levada da primeira vez que tive que aguentar as forças que nos empurravam para trás.
  Ao chegarmos a beira de uma escada porem antes de subir Thiago me levou ao lado onde tinha um espaço meio escuro com apenas uma fonte luz pequena, me aproximei dela e vi que parecia com uma estrela flutuando, quando cheguei minha mão próxima a ela a mesma saiu de seu modo estático e me rodeou parando sobre meu ombro, iluminando seu arredor.
Thiago me chamou tirando minha atenção da pequena estrela no meu ombro, agora subindo as escadas entramos em algum tipo de caverna ou fortaleza, suas colunas pareciam com uma mulher aos poucos se tornando uma coluna de pedra.
Andava distraída com as colunas não prestando atenção no altar que subia fazendo com que tropeçasse e caísse com o escudo me protegendo do chão rachado o qual quebrou por baixo do escudo, dando tempo apenas de arregalar meus olhos e ouvir Thiago gritar meu nome.
Caindo num poço o qual não sabia como iria voltar, encontrando outras barreiras e finalmente chegando ao fundo.
O lugar possuía umas pedras escuras e o chão branco que possuía um reflexo negro com pássaros voando ao redor que aumentavam de quantidade a cada passo, várias estátuas de mulheres chorando, vários jarros espalhados e mais uma das estrelinhas em um dos cantos me aproximo dela buscando que me acompanhasse assim como a outra no meu ombro.
Assim que a estrela está atrás de mim os pássaros se juntaram em uma sombra me empurrando para fora para uma plataforma que parecia está acima das nuvens.
Segui pela plataforma com belas formas até finalmente encontrar algo que me lembrava do local em que antes estava com Thiago. THIAGO! Corri para dentro em busca de meu amigo sem saber se o via de novo, não acreditava na ideia de tê-lo perdido de novo até ouvir sua voz ao longe.
"LIZ! LIZ!"
Assim que o escutei fui correndo em sua busca o abraçando assim que o encontrei.
"Meu Deus mulher quer me matar?"
Ele diz me abraçando forte e eu mais ainda.
Nessa parte da fortaleza não haviam as grandes colunas apenas algumas pedras equilibradas em formas perfeitas e plataformas brilhantes que Thiago parecia entender quando me mandou pular de uma área mais alta com o escudo em mãos.
Dando o salto, a plataforma do meio afunda fazendo outras duas brilharem e começarem a se mexer. Subo de volta e Thiago me guia para cima de uma das que se mexiam, ao chegar na borda as estrelas que me acompanhavam formavam uma ponte em forma de constelação, seguimos por ela fazendo uma melodia linda ao andar por ela.
Seguimos por todos os caminhos recolhendo estrelas e observando as belas paisagens, apenas aproveitando a companhia um do outro, queria ficar assim para sempre.
Thiago no final me guia a mais uma das plataformas, ao subornos nela todas as cinco estrelas recolhidas formaram uma grande ponte, linda por sinal.
Assim que subimos a ponte fomos ao telhado da grande fortaleza, que se mostrava como um grande moinho que no centro havia um dos mecanismos em que precisava ser acionado, tentei de perto porém não houve muito efeito, tentei subir nas paletas mais baixas sem efeito novamente.
Olhei para Thiago indignada com o mesmo que estava parado segurando o riso, ele apontou para um buraco na parte mais alta, eu não acreditaria se fosse outra pessoa, outro lugar, porém aqui apenas balancei a cabeça em negação e segui para o lugar, subindo pelas espátulas ate ver de cima a queda que seria, Deus, tomara que eu não me esborrache.
Me joguei acionando o dispositivo que fez o moinho girar e nós fazendo subir pelas nuvens agora mais brancas que vermelhas.
Agora sobre as nuvens podia ver onde provavelmente meu caminho continuaria de a cordo com que o moinho diminuía de velocidade.
O mesmo para e caminhei para a fora quando virei para trás e não vi nada, por segundos achei ter sentido tristeza de não ter me despedido porem sentia que já não precisávamos mais disso.
Ao fim de onde estava havia uma estátua de uma mulher a qual não consegui analisar suas feições tendo em vista que galhos cresceram ao seu redor um deles me levando para baixo.

Liz GrisOnde histórias criam vida. Descubra agora