The Man of My Dreams

V. EGOÍSTAS

O calor do sol atingiu meu corpo fazendo com que me encolhesse e tentasse me ajeitar sobre a cama. A maciez sobrenatural do colchão e dos lençóis me fez querer dormir por dias seguidos, mas despertei ao sentir sua presença cálida ao meu lado.

Abri os olhos lentamente e examinei seu rosto tranquilo, imerso em sonhos. Passei as pontas dos dedos por sua pele enquanto desejava memorizar cada milímetro na mente e no coração. Suas sobrancelhas grossas, seu nariz comprido e reto, mas que lhe caía tão bem, os lábios tão lindos e rosados.

Pensar que em um futuro próximo essa visão tão angelical se tornará uma lembrança distante dilacera meu coração. Quando percebi, já estava marcando o imaculado lençol brancos com lágrimas.

Sem abrir os olhos, Mark puxou-me para seu peito em um abraço repleto de significado. Quis mais do que tudo que pudéssemos nos fundir e juntos formar um novo ser. Queria que tivéssemos mais tempo.

- Shh. Vai ficar tudo bem. - seus dedos acariciavam meus cabelos mas não podia mais me conter. As pequenas lágrimas transformaram-se em um choro agressivo, eu tremia em seus braços.

- Mark... Por quê?

- Shh. Calma.

Cada um de nós estava em seu próprio mundo, dizendo coisas que não eram ouvidas pelo outro, tentando confortar a nós mesmos.

___

Levantei da cama em um sobressalto, o rosto encharcado de suor. As mãos sobre a cama sentiram que também havia molhado o lençol. Passei os dedos pela nuca e nada, mas quando cheguei aos olhos percebi a verdadeira origem deste "suor".

As memórias de Tuan estão surgindo cada vez mais rápido, destrancando locais até então desconhecidos em meu coração. Jamais pensei ser capaz de ter sentimentos tão avassaladores assim. Aconcheguei-me em posição fetal embaixo do cobertor tentando me acalmar.

Quanto mais lembranças surgem, mais creio que na verdade o Treinador Wright tem razão. Todas as evidências apontam para a morte de Mark. O mais plausível é que o trauma da perda tenha apagado minhas memórias.

Os sentimentos evocados pelas lembranças eram estranhos, quase clandestinos, se pensasse que na realidade eu não conhecia a pessoa que os causava. Por mais afetuosos que fossem, ainda assim faziam-me sentir enjoada e doente.

As horas voaram enquanto eu me revirava na cama sem conseguir adormecer. Quando menos esperava, os raios de sol começaram a atravessar as cortinas. Mais um dia me sentindo um caco pela falta de sono.

Quando Jackson chegou para me buscar me arrastei para dentro do carro, murmurando um bom dia desanimado.

- Nossa, você está horrível!

- Obrigada. Eu me sinto horrível também.

- Aconteceu alguma coisa?

- Pode-se dizer que sim. - observei a paisagem que passava rápido pela janela. - Ah, você não vai acreditar na maior!

- Conta!

- O Treinador Wright é padrasto do Im Jaebom. Ele foi ontem no quartel.

- Nossa, que mundo pequeno. Ele falou com você?

- Só o básico, porque o sádico do Jaebom estava me fazendo de secretária dele. Na verdade ele foi embora assim que pôde.

- Isso me faz ter mais certeza ainda de que ele é suspeito. É estranho que ele tenha fugido assim.