Capítulo 1

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Hoje faz exatamente vinte anos que eu e Ella trocamos cartas.

Ela não sabia que era eu mas eu sabia que é ela.

Bom, Vocês devem estar se perguntando que história é essa de cartas, não é mesmo? Pois eu vou contar pra vocês o que aconteceu nesse mês da minha vida, que tinha tudo para ser apenas mais um mês chato da minha vida e acabou se tornando o mais inesquecível.

[ Vamos começar do início, quando eu estava saindo da minha casa para ir à escola.

Mal coloquei o pé fora de casa e lá estava ela, como sempre, esperando o ônibus escolar. Vou em sua direção e paro ao seu lado.

- Bom dia - Falo e ela me olha estranho.

- Bo-bom dia. - Gagueja. O que é normal já que sempre gagueja.

Ficamos ali calados esperando o ônibus e não demora muito para ele aparecer na esquina.

Ele para e nós entramos. Melhor dizendo ela entra, eu passo pelo que estou passando nos últimos três meses. Devido ao veiculo não ser adaptado eu tenho que fazer um grande esforço para conseguir adentrar o transporte. Depois de muita dificuldade consigo entrar e como vem acontecendo ninguém fala comigo.

Sigo a procura de um lugar bom pra mim e paro perto de onde Ella está. Pego meu fone de ouvido e coloco em música qualquer no celular.

Cerca de trinta minutos depois o ônibus para em frente ao colégio.
Sou obrigado a esperar todos saírem para poder sair também. Quando todos saem, eu vejo que Ella está parada como se esperasse para eu sair tambem.

Vou em direção a porta e quando penso que vou ter que fazer a estratégia que uso para sair ela se aproxima se  preparando para me ajudar.

- Não precisa. - sou seco. Odeio que sintam pena de mim.

Ela me ignora totalmente e continua o que estar fazendo. Já fora do ônibus ela só me olha dar um sorriso tímido e sai.

Entro na escola e como sempre vou para minha sala. Desde o que aconteceu comigo todos os que achava ser meus amigos se afastaram totalmente. Eu fiquei muito mal mas depois de um tempo passei a não ligar. Os únicos que ficaram foi Miguel e Felipe, que são meus melhores amigos desde sempre. Agora posso ver que eram os únicos que gostavam de mim de verdade.

Quando entro na minha sala lá estavam eles sentados no lugar de sempre.

- Bom dia. - Falo

- Bom dia - respondem juntos e Miguel logo retira uma cadeira para me dar espaço.

- Me fala, a gente pode brincar a vontade ou você está naquele seu humor maravilhoso? - Felipe pergunta rindo.

-  Estou de boa. - respondo rindo também.

- Sabe o que eu estava pensando aqui? - Miguel pergunta.

- Ainda não temos o dom de ler mente, então, desembucha. - Felipe fala e recebe um tapa na cabeça.

- O que vocês acham de a gente ir no cinema hoje?

- Huummmm, cineminha é? Já te falei que não sou gay, cara, supera. - Felipe zoa. Eu fico só olhando e rindo.

- Tô falando sério idiota. Vai passar aquele filme do palhaço. "It a coisa" eu acho.

- Ah, sei qual é. Irado Hein. Eu topo e você Vicente? - Felipe pergunta.

- Ah, não sei. - Ainda não me sinto totalmente a vontade com as pessoas me olhando.

- Bora lá cara, vai ser legal. - Miguel tenta me convencer - Se você não se sentir a vontade a gente volta. Não tem problema.

- Tá bom.

Nesse momento a professora de redação entra na sala.

- Bom dia crianças. - ela rir porque sabe não gostamos quando nos chama assim.

- Crianças que já fazem outras, não é professora. - Jullian fala e todos da reim.

- Bom, eu estava em casa pensando em um trabalho para passar para vocês. E...

- Trabalho de novo? - Alguém interrompe.

- Esse vai valer a nota do bimestre. - ela responde, a maioria reclama. - Como eu ia dizendo, eu pensei em vocês fazerem uma redação sobre alguém que vocês desejam conhecer melhor.

Todos comemoram.

É um trabalho muito bom. Posso até fazer sobre o Miguel ou Felipe. Vai ser moleza.

- Mas...

- Tava bom demais pra ser verdade como diz o ditado. Tudo que é bom dura pouco. - Felipe canta.

- Tem que ser alguém de outra turma. Nada de escolher amigos de vocês, tem que ser alguém que vocês realmente queiram conhecer, mas não tiveram oportunidade ainda.

- Sim professora, mas como é que a senhora vai saber que a gente realmente não conhece essa pessoa?

- Eu vou saber. Então nem tentem me enganar. Dito isso, vamos a aula.

Eu gosto muito dessa professora. Todos gostam, na verdade. Ela é incrível. Além de explicar muito bem, ainda se enturma para conhecer por nome cada um dos alunos. E olha que essa escola não é nada pequena.

?¿?¿?¿?¿?¿

Depois que o sinal bate para irmos embora, eu decido ficar na frente da escola em baixo de uma árvore que tem lá e quando chego, Ella já está lá.

Não é possível, essa menina está em todo lugar.

O ônibus chega e leva mais ou menos o mesmo tempo da ido para chegarmos em cada e novamente ela me ajuda a descer.

Marquei com os meninos as 15:00hrs. Ainda são 12:00hrs então vou para o meu quarto, tomo um banho e decido dormir um pouco, já que ontem não dormi muito bem.

Acordo com minha mãe me chamando e ela diz que os meninos estão me esperando.
Desço do jeito que estou mesmo e depois de avisar minha mãe nós saímos.

?¿?¿?¿?

Estávamos na fila esperando nossa vez de entrar, quando vejo Ella logo atrás na mesma fila.

Mas não é possível.

Essa menina está em todo lugar?

Ela me ver e dar um sorriso tímido voltando a prestar atenção no que uma outra garota diz. Ela parece empolgada, tanto que até arranca alguns sorrisos de Ella, não o que ela me deu agora a pouco mas um sorriso mais aberto. E que sorriso. Ela é tão linda.

Saio dos meus pensamentos com um tapa na cabeça.

- Acorda Vicente , é a nossa vez. - Felipe fala.

Cartas Para EllaOnde histórias criam vida. Descubra agora