Capítulo 3

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Hoje acordei com o sorriso de Ella na cabeça. Isso já está virando rotina. Sorrio com meu pensamento porque eu não me importo nem um pouco de acordar pensando nela.

Ja faz uma semana desde a primeira vez que saímos juntos e acordar com o seu sorriso na cabeça já se tornou até normal.
Me levanto. Ainda estou me acostumando com essa rotina de cadeira de rodas, é bem complicado. Eu confesso que fiquei muito abalado quando perdi o movimento das pernas mas eu tentei ser o mais forte possível pela minha mãe.  Ela ficou sem chão.  Não deve ser nada fácil ver o filho único nessa situação.

E como vocês podem ver, a Ella aparecer na minha vida foi como um refúgio. Me fez parar de pensar nisso e me concentrar em outra coisa. Claro que eu não tenho do que reclamar de Filipe e Miguel. Eles fazem tudo para me ajudar a superar. Eu, sinceramente, gostaria que todos encontrassem na vida amigos como eles.

Depois de ir no banheiro, saio em direção a cozinha.

- Bom dia, amore mio. - Falo para Julia - Abaixa pra eu te dar um beijo.

Ela sorrir e vem.

- Bom dia, pequeno. - fala e eu sorrio. Ela me chama  assim desde de criança.

Julia está com a gente desde sempre. Minha mãe diz que antes de eu nascer ela já estava por aqui. Era ela quem cuidava de mim quando minha mãe e meu pai estavam trabalhando. É como uma segunda mãe.  E também ficou muito mal com tudo o que aconteceu.

- Qual o motivo de tanta alegria logo cedo? - Pergunta voltando para o fogão.  - eu ainda nem terminei de fazer o café.  Vai ter que esperar.

- Eu só estou feliz Julinha. - Ela me olha de rabo de olho - Sabe eu estava pensando aqui comigo. Porque você nunca teve filhos?

Vejo ela ficar tensa e me arrependo de ter tocado no assunto.

- Bom, eu não posso engravidar. - Ela tem um olhar distante - pelo menos, não mais.

- Não mais?

- Eu já engravidei uma vez, pequeno. Mas era uma gravidez de risco. Quando estava com seis meses eu caí da escada e... bom... você sabe.

Ela vem colocar a mesa.

- Eu sinto muito.

- Tudo bem.  - Ela um sorriso fraco - eu já superei. Devido a queda e por a gravidez ser de risco ocasionou uma lesão no útero e eu não pude mais engravidar.

Vou em direção a mesa e me posiciono no meu lugar de sempre. Nesse momento meu pai e minha mãe aparece.

- Que é esse milagre de você acordar a essa hora? - meu pai fala. - Bom dia - mexe no meu cabelo.

- Bom dia - minha mãe dar um beijo na minha cabeça.

- Bom dia. Só fiquei sem sono. - Omito a parte em que fiquei pensando em Ella.

Tomamos café conversando sobre coisas aleatórias e logo depois subo pra me arrumar pra ir à escola.

Hoje meu pai decidiu me deixar na escola então não vou precisar pegar o ônibus. O que eu achei ótimo. Odeio ter que subir naquele ônibus com todos olhando pra mim com pena. Eu não preciso da pena deles. Aposto que apesar de tudo sou mais feliz que muitos deles.

Chegamos na escola bem rápido. Meu pai me ajuda a descer e sai logo em seguida.

Eu me direciono ao prédio que chamamos de escola e não tem quase ninguém, já que cheguei mais cedo.

Vou para minha sala cumprimentando alguns funcionários que vejo pelo caminho. Quando chego, me sento no meu lugar de sempre.

Pego meu caderno e abro na matéria de redação. Fico pensando em várias pessoas em quem eu possa escrever e a única pessoa que eu realmente gostaria de conhecer é ela.

Depois de muito pensar resolvo escrever uma carta, já que não vou ter coragem de pedir isso pessoalmente. E o pouco que conheço ela, as minhas chances aumentam se ela não tiver olhando nos meus olhos, já que é tímida.

Começo a escrever, mas nada me parece bom. Ou é meloso demais ou é muito  radical. Depois de amassar vários papéis eu cheguei a algo razoável.

" Oi,

Bom eu tenho um trabalho de redação para fazer e ele consiste em  fazer uma redação sobre alguém que não seja da minha sala. E depois de muito pensar você é a única pessoa que eu realmente gostaria de conhecer.

Você aceita me ajudar? Por favor, diz que sim."

Fico olhando para a carta e não ficou tão bom, mas vai isso mesmo.
Decido colocar o endereço do Miguel já que ela sabe onde moro. Seria fácil deduzir que sou eu. Depois me entendo com Miguel.
Deixo a minha mochila em  cima da mesa e saio. Fico na porta da sala vendo o movimento dos alunos. A sala dela é no mesmo andar que o meu. E eu agradeço mentalmente por isso. Logo vejo ela entrar na sala e vou em sua direção. Fico observando como quem não quer nada e vejo onde ela está sentada. Agradeço de novo quando vejo Maisa agarrar seu braço a arrastando, literalmente, para fora da sala. Entro rápido na sala, vou em direção à sua cadeira e coloco a carta em cima de sua mochila de modo que ela possa ver. Saio rapidamente e volto para minha sala.
Espero que não tenha feito bobagem.

*****

Oi pessoal. E o que estão achando da história? Deixem nos comentários a opinião de vocês. 😘❤

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