Capítulo 8

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Depois de tanto pensar acabei pegando no sono.
Acordo com meu pai me chamando.

- Vicente, acorda meu filho. - Bate na porta.

- Oi. - falo ainda sonolento. - pode entrar, está aberta.

Ele entra e vem em minha direção se sentando na cama ao meu lado.

- Sabe, Vicente. Eu estava conversando com sua mãe sobre você. - ele começa - estávamos lembrando o que o médico disse sobre o seu caso - me remexo inquieto não gostando do rumo da conversa. - Eu sei que não gosta de falar sobre isso. Mas... o médico disse que há uma possibilidade de você voltar a andar. - fala me olhando atento.

- Eu não sabia disso. - falo.

- Estávamos te dando um tempo pra processar tudo. Foi o que a psicóloga da sua mãe disse.
Estávamos pensando... o que você acha de fazer alguns exames? Para ver quais as chances? - me olha em expectativa.

- eu posso voltar a andar? - perguntar em êxtase.

- É uma possibilidade.

- Quando a gente vai fazer os exames?

Meu pai abre um enorme sorriso.

Eu não consigo nem descrever a felicidade que senti nesse momento.

[Fala pra eles que você...

Não... Para de me interromper.]

Ah, desculpa a intromissão. Essa foi a Ella querendo falar as coisas antes da hora.

Mas tudo tem seu tempo não é?

Vamos por partes.

Por agora vocês só precisam saber que eu aceitei fazer os exames.

Bom, como era sábado e os meninos estavam meio estranhos, eu preferi ficar em casa pensando em como eu explicaria para Ella como a gente vai fazer isso.

*****

Depois de passar horas pensando ainda não sei o que dizer.

Vocês achariam estranho se eu dissesse que estou nervoso? Pois é, eu estou.

Saio do quarto e vou pra sala depois de tomar um banho.

A casa foi toda adaptada para minhas condições físicas, de modo que eu só preciso de ajuda se for para pegar alguma coisa no alto ou entrar no carro ou algo do tipo.
Deu muito trabalho para meus pais como vocês devem imaginar. Afinal só fazem três meses.
Um dia vou pagar a eles tudo o que estão fazendo por mim.

Fico assistindo até minha mãe chamar para o jantar.

Jantamos conversando sobre os exames que vou fazer. Minha mãe já ligou para o médico e marcaram para o mês que vem, dia 15. Hoje é 27.

Eu estou muito nervoso.

Eu sei que não vai ser fácil. Tem a quimioterapia que vai durar por bastante tempo até eu me sentir seguro.

Mas eu não consigo nem descrever o que eu estou sentindo agora. Essa foi a melhor notícia que eu já recebi nos últimos três meses.

Se Deus quiser eu vou poder voltar a andar.

Eu sei que já to em dívida com Ele.
Afinal se eu sobrevivi ao acidente foi por que Ele quis...
Mas voltar a andar é o meu maior sonho agora.
Eu espero de coração que Ele queira isso.

?¿?¿?¿?¿?

Na segunda, chego na escola ansioso para contar a novidade já que passei o domingo inteiro sem falar com eles.
Quando entro na sala, eles estão no lugar de sempre.

- Oi, gente, vocês não vão acreditar.- falo animado.

- Que é isso, cara. Feliz logo cedo. Qual é a novidade de hoje? - Miguel pergunta.

- Bom, como posso falar isso pra vocês. Tem uma possibilidade de eu voltar a andar. - eles me olham sérios - O que foi? Não estão felizes?

- Isso é coisa de brincar, Vicente. - Felipe fala sério.

- Eu não estou brincando.

- Você está falando sério mesmo? - Miguel fala ainda a em choque.

Balanço a cabeça confirmando.

- Nossa, Vicente. Que bom, cara.

Eles me abraçam comemorando.

- Qual é o motivo da comemoração? - Pedro pergunta entrando na sala.

- Se fosse pra você saber a gente teria te convidado pra comemorar junto, não acha? -Pedro fala com raiva.

- Nossa, qual o motivo de tanto rival logo cedo, Fezinho? - Fala debochado.

- Sai daqui, Pedro. Nos não queremos confusão. - falo.

- Não tô brigando com ninguém - levanta as mãos em sinal de rendição e sai rumo aos seus amigos.

- Mas é muita cara de pau mesmo. - Felipe fala.

- Deixa ele e atenção na outra notícia que tenho pra vocês. - Eles me olham em expectativa - Ella aceitou fazer a redação comigo.

- Você tá cheio de novidades.

- Isso por que foi só um dia sem conversar. Imagina como seria se fosse uma semana ou um mês - Felipe sorrir.

- Está bem. Mas e a sua possibilidade de voltar a andar ? Como vai ser isso?

- Bom, meu pai conversou isso comigo no sábado. Ele disse que estavam esperando eu me recuperar do acidente porque senão eu ficaria muito ansioso e isso atrapalharia.

- É quando vai ser a cirurgia? - Felipe pergunta prestando total atenção em mim.

- Minha mãe falou com o médico e eles marcaram alguns exames para o dia 15 do mês que vem. Eu estou muito ansioso, hoje já é 29.

Eles arregalam os olhos. Deve ter caído a ficha agora.

- Depois dos exames, dependendo dos resultados é que eles irão marcar a data da cirurgia.

- Nossa. Agora não vou parar de pensar nisso. - Miguel parece estar sem reação ainda.

- Nem eu, cara, nem eu.

- E a Ella? Como vocês vão fazer?

- Quando você vai contar pra ela que é você por trás das cartas. Ela precisa saber, você sabe, não é? - Miguel sempre sensato.

- Vamos continuar por cartas, por enquanto. Tenho medo de ela desistir quando souber que sou eu.

- Vicente, me fala a verdade. Você está ou não está apaixonado pela Ella? - Vicente pergunta.

- Apaixonado é uma palavra muito forte. - falo pensativo - Eu gosto da Ella. Eu me sinto bem quando estamos juntos, ela não me julga, não me olha diferente elestastastamos o sorriso - sorrio nesse momento - o sorriso dela não sai da minha cabeça. Eu não sei o que é isso que eu estou sentindo mas eu gosto.

- É, você está apaixonado. - Felipe conclui.

Nesse momento a professora entra e eu não tenho a chance de retrucar.

?¿?¿?¿?¿?¿?

Oi gente como vocês estão? Estão bem?

E o que vocês estão achando dessa história do Vicente não contar pra Ella que é ele por trás das cartas?

Vocês acham que ele está certo?

Cartas Para EllaOnde histórias criam vida. Descubra agora