Make Me Wanna Die

Capítulo.5 - Os Yannes

Acordei com um grito da minha vizinha Cintia, novamente ela estava brigando com o vizinho ao lado, eles todo dia discutem e eu nem sei o motivo, afinal ainda não tive paciência de perder meu tempo prestando atenção. Peguei meu celular em cima do pequeno criado-mudo feito de madeira ao lado da minha pequena cama e vi que havia recebido um e-mail da UNS, fiquei animada, quero saber o que Dr.Kinsley conseguiu para mim.

"Cara Srta. Chloe Sales..."

O e-mail se iniciou dessa forma, escolhi esse sobrenome para passar o tempo por aqui, nunca uso meu real sobrenome e sempre falsifico meu RG, tenho um contato que faz isso para mim por um preço bem acessível.

"Consegui uma oportunidade para você na biblioteca da universidade, estamos precisando de alguém para organizar os livros e ajudar os alunos quando necessário, não será preciso uma entrevista, a senhorita pode iniciar amanhã se tiver disponibilidade, caso contrário, nos mande um e-mail se explicando. Att: Dr. Kinsley."

Nada que eu já não esperasse, o não já não era mais uma opção desde que ele ficou vidrado em meus seios, com certeza Dr. Kinsley quer me ver novamente e eu quero vê-lo, mas quem eu quero mais ver é Noah, só de pensar naquele homem me da água na boca, preciso descobrir um podre dele para poder devora-lo sem arrependimentos. Respondi o e-mail do Dr.Kinsley avisando que tenho disponibilidade para ir amanhã a universidade. Fui me levantar para tomar um banho e escutei um som muito alto de batidas na porta, com certeza é a insuportável da minha vizinha Cintia, vou ter que colocar um sorriso no rosto fingindo ser uma boa vizinha e atende-la.

- Bom dia. – Falei sorrindo e fingindo ser a pessoa mais simpática do mundo assim que abri a porta.

Cintia como sempre está horrível, seu cabelo parece sujo e preso em um rabo de cavalo, suas roupas parecem trapos velhos, ela usa camiseta branca toda manchada e uma bermuda com um jeans surrado que parece que ela comprou há vinte anos atrás. Pior que Cintia não é velha, ela é uma mulher de no máximo uns vinte e oito anos, não sei o que acontece com ela.

- Bom dia Chloe, vim ver se você não precisa de alguma coisa, gosto de ser receptiva com os vizinhos. – Ela sorriu, mas ela com certeza está sendo simpática espontaneamente, diferente de mim.

- Ah... – Fiquei um pouco sem graça e incomodada. – Não se preocupe, estou ótima.

A verdade é que não vejo a hora de fechar a porta, na verdade queria fechar a porta na cara dela agora, mas estou me segurando, não quero inimizades logo nos meus primeiros dias aqui.

- E como foi na UNS? – Ela perguntou.

- Foi ótimo, o diretor foi muito simpático. – Respondi animada para passar impressão de que estou adorando falar com ela.

- Que bom! Será que posso entrar? – Ela mesma se convidou quando viu que eu não iria a convidar.

Odeio esse tipo de gente inconveniente que percebe que você não está muito afim e mesmo assim força.

- Claro... – Dei espaço para ela entrar. – É bem humilde como você já sabe, mas sinta-se à vontade.

- Espero não estar atrapalhando, mas preciso te fazer um convite.

  Sentei-me no meu pequeno sofá e ela me acompanhou, sentando-se ao meu lado.

- Eu e meu irmão Noah...

- Espera, Noah? – A interrompi.

- Sim, você o conhece? – Ela ficou curiosa.

- Se for o Noah que anda por aí com uma bíblia e cursa arqueologia na UNS, talvez eu tenha o visto quando fui lá. – Falei.

- Ele mesmo! – Ela pareceu animada por eu conhece-lo.

Muito destoante a distribuição de beleza dessa família, enquanto Noah é lindo Cintia parece um trapo, mas pelo menos agora o assunto ficou interessante.

- Ele está treinando para ser padre e hoje ele vai fazer sua primeira missa, eu vim aqui te convidar. – Ela encostou no meu ombro, odeio que me toquem, mas fingi gostar do gesto e sorri.

Padre? Como alguém tão gostoso e com uma tatuagem enorme de crucifixo no braço é um padre? É obvio que eu preciso ir vê-lo, preciso saber mais dele, isso não vai me impedir de descobrir algo errado, pelo contrário, isso pode até melhorar as coisas, eu duvido que um homem daquele com cara de quem pode destruir sua vida é tão santo como ele aparenta ser, talvez ele tenha algo do qual se arrependa tanto que se tenta parecer um anjo para esconder.

- Claro que vou! – Dei um empurrãozinho de brincadeira em Cintia tentando fazer amizade com ela, a frase que mais aplico na minha vida é, mantenha os amigos perto e os inimigos mais perto ainda.

- Oba! Vamos juntas então, eu tenho um carro aí, parece mais uma carroça, mas da para o gasto. – Ela riu da própria piada e para piorar ela ronca enquanto ri, uma verdadeira caipira. – Nos vemos as oito então.

- Isso. – Me levantei. – Desculpa perguntar, mas você tem instagram? Vamos nos comunicar por lá.

Perguntei, pois com certeza Noah a segue e assim poderei stalkear ele e descobrir um pouco mais sobre sua vida. Meu instagram é trancado e eu não uso foto de perfil, bloqueio todas as pessoas depois que vou embora das cidades para não ter perigo delas descobrirem minha localização, sei que existem caçadores que sabem da minha existência e não posso arriscar me expor assim.

- Claro, segue aí, é Cintia Yannes.

Abri meu celular e a encontrei, as fotos dela conseguem ser mais horríveis do que ela pessoalmente, o que é engraçado, pois era para ser ao contrário, mas cada um com a sua loucura né.

- Pronto, segui.

- Opa, chegando em casa te sigo de volta! – Ela pareceu animada.

- Bom então nos vemos mais tarde. – Abri a porta para ela ir embora logo e eu poder pesquisar Noah.

- Até! – Ela me puxou para um abraço, o que me deixou totalmente enojada, mas tentei ser legal e a abracei de volta.

E então ela finalmente saiu e eu fechei a porta respirando aliviada, sentei-me em minha cama, entrei nos seguidores de Cintia e pesquisei "Noah Yannes" e encontrei o perfil dele, internet eu te amo! Seus posts basicamente são frases da bíblia e passeios universitários que ele faz como arqueólogo, o impressionante é que o garoto nem precisa se esforçar para sair bonito em uma foto já que a beleza dele é muita, uma pena para todas as mulheres desse mundo depois que eu assassinar ele, mas ainda descobrirei que isso será um mal necessário. Havia um post com a imagem de sua tatuagem, cliquei na mesma hora para ver se tinha alguma legenda e de fato tinha.

"Sei que a tatuagem não é bem vista, mas eu acho que quando amamos demais algo, devemos marca-lo em nosso corpos e em nosso corações, eu amo a palavra e esse crucifixo significa isso, eu gostaria de ser um padre revolucionário, gostaria de mudar algumas coisas, em especifico, algumas regras que não acho que deveriam existir, afinal a principal missão de alguém que se compromete com a palavra é espalha-la e ajudar ao próximo."

Esse post foi ótimo, aliás, foi incrível, esplêndido, um padre revolucionário, imagina quantos pecados uma pessoa assim pode já ter cometido?! Noah, seus podres vão aparecer um por um e eu terei o melhor baquete de minha vida, seus olhos podem ser de um verde inocente, mas eu duvido que por trás de tudo isso não tenha nada.

Fechei o instagram, não tem nada mais que eu precise ver depois disso, agora é hora do meu banho, vou tirar o dia para descansar já que amanhã já começo a trabalhar e a noite tem a missa do Noah. Escutei meu celular notificar, quando olhei vi que era Cintia me mandando mensagens pelo direct e começava com "olha que horrível..." fiquei curiosa e cliquei para ver, era uma noticia de um garoto morto cruelmente por um assassino, mas com mordidas que pareciam mais de um animal, porém ele tinha digitais espalhadas pelo corpo que faziam as pessoas pensar que talvez poderia ser um canibal, abri a foto e era Derek que eu tinha matado há uns dias atrás, mas que droga! Respondi Cintia fingindo estar aterrorizada e logo sai do celular, não quero me preocupar com isso agora, nunca me descobriram e não é agora que vão descobrir.

CONTINUA...