Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que, por ele, vades crescendo.
Pedro, 2:2.
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RENASCIMENTO
O avião estava silencioso, o destino era eminente. Nova Iorque, a cidade mais movimentada dos Estados Unidos. Lá não haviam muitos espiões, então era fácil de se esconder. Caroline estava dormindo, com seus fones e tapas olhos. Nunca havia viajado de avião sem sua família, o medo era visível, embora está se acostumando, as turbulências sempre à assustava. A cada trinta minutos, a aeromoça perguntava se desejava algo, bebida, comida, uma toalha, vantagens da primeira classe. Mas sempre sua resposta era não, ela estava ótima assim. Pelo menos em questão de fome.
Desde que deixou Madeleine, morta no ateliê, junto com um dos espiões, Caroline não havia dito nada. Não sei dizer se estava de luto, ou, se simplesmente, não ligava para a morte dela. E se não ligasse, será que iria se importar com a morte de Anne?
Havia se passado dias, foram viagens atrás de viagens, de Paris, foram pra Italia, em seguida para Marrocos, depois para o Haiti, e por último, seguindo destino para o Estados Unidos, aonde iriam ficar em Nova Iorque, escondidas e protegidas, longe de jurisdição macabra de sua família. Mas sem muito o que pensar, acabou caindo no sono, esperando que o avião chegasse no destino.-Senhores passageiros, o avião irá pousar imediatamente, permaneçam sentados e com cinto por favor. Desliguem seus celulares, tablets e computadores. -Anne acorda ao ouvir uma voz mascula. Se depara com Caroline acordada, observando através da janela.
-É lindo olha. -Disse Caroline apontando para a janela. -A cidade de Nova Iorque, é tão linda, suas luzes reluzentes brilhando como estrelas no céu. Pessoas indo e vindo, carros correndo, pessoas atrasadas para o trabalho, Starbucks e Burger King, são os meus preferidos.
-Realmente é lindo. -Anne a encara enquanto ela sorri ao olhar a cidade pelo pequeno círculo de vidro, que refletia seu rosto.
O avião aos poucos foi descendo. Suave, quase igual uma pena, se for comparar. Não demora muito até que todos começam a se levantar, pegando pequenas malas sobre um tipo de baú. Devo ser a única sem mala aqui dentro. Pensou Anne, se levantando, e caminhando pelo corredor, à espera de Caroline, que a seguiu logo atrás.
A escada era estreita, seus pés pisavam degrau por degrau, com calma. Era alto, o medo de cair daquela altura era assutador.
-Chegamos Lunaire. -Disse Caroline já no chão. -Próxima parada, nosso apartamento, então se prepare para andar.
-Sério Caroline? -Cruzou os braços. -Andar? Mais ainda?
-Lunaire, mimada e riquinha, acostumada a andar com seu motorista. -Começou a caminhar, e Anne logo atrás.
-Me chame de Anne, Caroline. -Murmurou Anne.
-Tudo bem, Anne. -Sorriu Caroline. -Não se preocupe, iremos de taxi. Nem eu aguento mais andar. Por mais tempo que a gente ficou nas alturas, não quero andar nem mais que um quilômetro.
-Assim espero. -Sorriu Anne, lhe dando um tapa no ombro. -Sabe Caroline, a gente éramos tão amigas antes, mas sinto você afastada. Embora não lembrar se fiz algo para que isso acontecesse.
-Relaxa Anne. Eu mudei desde aquela época, eu estou mais séria, e meus sentimentos estão trancados, como se estivessem em um baú. -Seu rosto volta para Anne, enquanto paga suas malas. -Mas isso não signifique que eu não goste de você. Pelo contrário, eu gosto. Tanto que decidi arriscar minha vida, para te proteger.
-E eu estou grata por isso, e farei de tudo para te recompensar. -Sorriu Anne, a ajudando com uma mala pequena, porém pesada.
Andando, e passando por todas aquelas pessoas, Anne e Caroline, chegam à saída, aonde já tem um táxi à espera delas.
-Imagino que esse seja o nosso taxi Anne. -Disse Caroline, caminhando até o carro, aonde ela abre a porta, e acena com a mão, pedindo com que Anne, entre.
-Quem pediu esse taxi para nós? -Disse Anne se sentando no lado esquerdo do carro.
-Meu namorado. -Entrou Caroline, fechando a porta. -Por favor, siga viagem, até você sabe aonde. -Sorriu Caroline.
-Você namora? -Espantou Anne. -Você Caroline Martín, namorando com um homem. -Rio.
-Por incrível que pareça Anne, eu gosto de homens também. -Revirou os olhos. -E fora que o meu passado, fica no passado, e você sabe disso.
Anne sem mostrar alguma expressão facial, vira seu rosto sobre a janela do carro, aonde observa a paisagem. Carros, pessoas, prédios, tudo que a cidade de Nova Iorque pode oferecer para os olhos humanos.
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VOLTE PARA CASA
Chick-LitFugir ou sofrer. Era assim que a pequena jovem vivia sua vida adulta, logo depois de trocar seu nome para "Anne Lunaire". É complicado de entender, mas ao saber que sua família havia lhe enganado e oferecida à um homem, sem sua permissão, para ser s...