Capítulo 14_Energia Escura III

67 2 1
                                    

    Após cair na fenda tudo tinha ficado escuro para Welty. Ele apenas sentia que estava descendo. À medida que planava pelo buraco sentiu cruzar alguma coisa gelada e pegajosa. Algo o fez ter uma vertigem, ele parou de voar e caiu abruptamente até se chocar de bruços contra algo duro e frio.

     Aos pouco sua visão se recobrou, conseguiu ver o piso de pedra onde tinha caído e a escuridão à frente, muita pouca luz havia ali. O anjo se ergueu lentamente apoiando as mãos sobre uma parede até finalmente se ver de pé. Olhando ao redor conseguiu ver paredes de pedra imersas nas sombras da sala, a luz vinha de uma brecha do que parecia ser uma pequena janela, poucos raios entravam por ela.

     Welty andou até ela e apoiou as mãos na base de metal da porta, ao olhar pela brecha viu mais uma parede de pedra e uma tocha, era dali que a luz provinha. Ao forçar a porta ela não se abriu, não havia maçaneta. Ele a empurrou com o ombro, a superfície parecia velha, pois rangeu e um raio de luz surgiu por uma abertura no vão.

     Sem perder tempo, o anjo sacou a espada e a enfiou ali, forçou-a o máximo que pôde até que finalmente o metal deu uma entortada considerável para fora. Com um último impulso ele se jogou contra a porta. Ela se abriu abruptamente fazendo-o cambalear de encontro a parede que vira pela brecha da janela.

     Algo o havia transportado para aquela masmorra. Aquele devia ser o plano dos demônios, prender os anjos ali em baixo simplesmente os jogando na fenda, tamanho poder assim poderia ser desastroso. Assim que se recompôs, Welty passou a andar pelo corredor extenso, sem saber exatamente onde o levaria. Quando passou por uma das portas um ruído chamou sua atenção vindo de uma das celas fechadas:

     — Quem está ai dentro? — questionou se aproximando.

     Duas mãos de garras pontudas seguravam as barras da pequena janela, mas não foi possível ver o rosto da figura sobre a escuridão ao fundo:

     — Oh... conseguiu sair vejo.... — Uma voz feminina veio de dentro, era baixa e arrastada.

     — ...

     — Me tira daqui! — a figura exclamou com certa raiva.

     — Por que deveria fazê-lo? Nem sei quem é ou o que pretende — Welty explicou mantendo certa distância da porta.

    Não houve respostas, o anjo iria continuar seu caminho quando a figura ali dentro voltou a falar:

     — Espere!

     — Hum?

     — Se me soltar... conto onde seu deus está.... — A voz saiu num tom de alegria ao final.

     — Não acho que seja o suficiente para crer que me contará.

     — ...sei com quem ele está.... nunca vai encontrá-lo sem mim....

     — Uma traidora?  satirizou ainda desconfiado.

     — Arg! Já falei que vou te contar...

     Welty encarou a porta da cela pensativo por alguns minutos:

     — Certo, mas não tente nada.

     — Claro!

     O anjo forçou a porta enferrujada com a espada:

     — Se afaste. — Assim que a porta se desprendeu de sua tranca imaginária, a figura lá dentro a empurrou com brutalidade.

     Welty desviou rapidamente quando a porta quase o atingiu, a figura passou rápida pela abertura e se virou para ele ao pousar no piso, suas asas estavam muito abertas. Era uma demônio, tinha o semblante furioso, porém um sorriso estranho lhe escapava dos lábios, ela o encarou com o canto dos olhos muito vermelhos:

O Belo JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora