Desistência e Persistência

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— Vamos mais rápido Lucy, ou eles irão nos alcançar! — Gritou Mike, desesperadamente, enquanto corria.

— Mike, por favor espere, não sei se posso mais... aguentar...

Lucy estava cansada de correr, não tinha o fôlego de Mike, que aumentava conforme a sua determinação. Sua respiração estava pesada, o coração batia muito rápido, e as pernas tremiam. Corriam por locais irregulares, pois já haviam se distanciado de um lugar civilizado fazia algum tempo. A garota que não conseguia desviar das pedras, troncos, e plantações que encontrava no caminho, acabou por tropeçando em seu próprio pé, visto que sua movimentação estava muito desengonçado devido ao cansaço. Caiu de frente no chão, sentira o gosto da terra em sua boca.

Para ela, este era o fim, aguardava angustiadamente a chegada da presa. Não havia mais como se levantar e correr, pois esta acreditava que servia apenas de empecilho.

— Mike... me desculpe... eu não posso mais correr... — escorreram lágrimas em seu rosto, assim como o gado haveria de lamentar-se caso soubesse do dia de seu abate.

Mike não havia notado a ausência de Lucy. Apenas percebeu quando estava alguns metros adiantado e sentiu que não ouvira mais reclamações de cansaço desta. Quando olhou pra trás, reparou que ela encontrava-se deitada chorando. Entendeu que era cansaço, e voltou resmungando interiormente.

Mike, por que você está voltando? Eles vão nos alcançar! Mike... — ela não entendia por que motivo ele ainda continuava se importando com ela, mesmo não ajudando em nada.

— Idiota, quantas vezes eu te abandonei?

Sabendo que esta não podia mais movimentar-se, ele levou-a em seu ombro, e pesadamente, continuou a corrida.

Mike, estava cansado de fugir, permanecia nesse estado fazia quase uma hora. E, nesse instante, carregava sobre seus ombros um peso que o fazia sentir dores musculares e diminuir a velocidade. Por alguns momentos, pensava que não havia mais ninguém lhe seguindo, e diminuía a brevidade na intenção de parar; contudo lembrava-se que o único jeito de dar-se como salvo seria encontrando um local seguro, de preferência na civilização, então com medo que fosse alcançado, acelerava fortemente.

Sua carreira haveria de chegar ao fim quando Mike pisou em falso: não percebeu a depressão no terreno, e despencou imediatamente, rolando por alguns instantes, levando consigo sua companheira.

Permaneceram os dois ali, caídos. Sentiam-se como presas que fugiam do caçador, que logo daríam-se por vencidas em algum momento. Fecharam os olhos e esperavam pela amarga (na verdade com gosto de lama) derrota. Desistiram de continuar lutando contra o destino. Lucy estava com a cabeça dilatando e seus ouvidos apitando, por isso não conseguia escutar nada. Contudo Mike ouviu os passos de alguém se aproximando, que não podia ver. Eram eles, os homens maus que os seguiam para roubar-lhes o que seus pertences. A jornada acabava ali, sem ao menos começar.

Quando estava muito perto, ao ponto deles já poderem enxergar uma silhueta, perceberam que não se tratava daquele que fugiam, mas outra pessoa. Ela aproximou-se, debruçou-se estendeu a mão.

— Querem ajuda?

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O rapaz era um bom moço: entregou-lhes algumas vestes - pois encontravam-se mal vestidos -, comida, bebida, umas sacolas, e limpava-lhes algumas feridas. Eles encontravam-se na beira da estrada, sentados sobre uma pedra, já calmos. O salvador era um rapaz com uma faixa de uns 17 anos, vestia-se bem, como alguém que sai pra passear, e tinha uma aparência jovial: alto e magro, contudo robusto. Tinha um parecer firme e seguro, e levava com si uma grande mochila nas costas e uma bolsa de viajante no ombro.

— Obrigada mesmo, não sabe como estávamos desesperados! — Dizia a sorridente Lucy, enquanto Mike bebia um refresco.

— Aliás, qual é o seu nome mesmo?

— Me chamo Thomas, mas eu não gosto desse nome porque é motivo de trocadilhos infames. Por isso eu prefiro ser chamado de Tom.

— O meu é Mike, Mike Hoffmann.

— O meu é Lucy, prazer! - disse simpaticamente.

— Vocês ainda não me explicaram direito por que fugiam, disseram que corriam de uns homens maus, mas qual o motivo deles te caçarem? — Interrogou o rapaz, curioso.

— Bem, é que demos informações demais pra algumas pessoas. — Mike respondeu.

— Apenas estávamos querendo algumas instruções para podermos nos orientar e seguir o nosso rumo, com a ajuda das indicações do mapa. Mas acontece que nós, crianças ingênuas, acabamos dando informações o suficiente para que eles também se interessassem pelo tesouro. — Disse Lucy.

— Percebemos que não podemos dar dados importantes para qualquer um, ainda mais algo relevante como o tesouro.— o outro implementou.

— E não notamos que tratavam-se de homens maus, devemos ter mais atenção em quem confiar.

— Tesouro? Que tesouro? — O rapaz ficou interessado.

Mike tirou o mapa sujo do bolso e lhe mostrou:

— Este é o mapa que estamos dando nossas vidas, aqui permaneceuma raridade escondida por muito tempo.

— Tesouro, é? E como vocês sabem que é verídico?

— O vilarejo em que vivíamos foi dizimado por uns criminosos que procuravam pelo mapa que indica onde ele está escondido.

— Mas nós nos escondemos no porão para que não fôssemos encontrados - incrementou a garota.

— E coincidentemente, num canto escondido do porão, achamos o que eles tanto procuravam.

— E pensamos, se isto é algo tão importante que está tirando vidas de muitas pessoas, devemos encontrá-los antes dos meliantes, pois deve ser muito valioso! Ele pode mudar as nossas vidas!

— Além de que também pode servir como vingança de nossos familiares que foram assassinados. Não podíamos parar ali, tínhamos que persistir e continuar, pelo vilarejo, mesmo que sozinhos!

Antes que percebessem, já haviam lhe dado muita informação, também.

— Hmm... muito interessante essa estória crianças, olha eu queria dar uma coisa pra vocês antes que partissem...

Abriu a mochila, e retirou um objeto sorridentemente. Era uma adaga. Num movimento brusco, ele manteve-a próxima ao pescoço de Mike, como uma ameaça.

— Certo, deem-me esse tal mapa e vão embora.

Hoffmann's Adventures - O Mapa do TesouroOnde histórias criam vida. Descubra agora