Instinto Defensivo

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Capítulo 5 - Instinto Defensivo

Novamente Lucy estava tentava finalizar seu banho na lagoa. Mike e Lucas foram acender a fogueira, enquanto Tom estava recolhendo frutas pelo caminho. O Sol já havia se posto fazia alguns minutos, e a garota já estava saindo. Ela sentia algo estranho em seu coração, como se algo ruim estivesse pra acontecer. Tinha a estranha sensação que se têm-se quando se vê uma porta ameaçando bater. Desde o começo da viagem, esteve rodeada de pessoas, que emitiam sons, ruídos, falavam incessantemente. Finalmente estava sozinha, em um completo silêncio, e isso a incomodava. Algo errado estava acontecendo. Vestiu-se rapidamente, com o coração acelerado.

Cada segundo que passa, sua aflição aumentava, e seu coração batia mais rápido. Algo terrível estava acontecendo, tinha que ir-se antes que fosse tarde demais. Quando voltou caminhando, sentiu suas pernas bambas, mas algo a dizia que deveria andar mais rápido. Ao aumentar a velocidade do passo, notou que deveria correr. Ao chegar o local onde as bagagens estavam, deparou-se como uma cena inexplicável. Chocada, gritou:

— Mike??

Ele estava desmaiado com o corpo sangrando, e Lucas ao seu lado. À sua frente, havia alguns homens, não conseguia distinguir direito. Mas o que conseguiu perceber é que estavam em posição de batalha.

Lucy agiu instintivamente. Antes que alguém pudesse fazer algum movimento, locomoveu-se rapidamente na direção de algum dos estranhos e deu-lhe um pontapé que o atirou no chão. Tom aproximou-se, assustado com o barulho. Ao notarem que havia muita gente presente no local, os estranhos recuaram imediatamente e sumiram no meio das árvores e arbustos.

Lucy, desta vez, dirigia-se ao menor, que por sua vez permanecia parado desde que ela chegara.

— O que aconteceu?

— Mike está desmaiado, e machucado. Primeiro vamos cuidar das feridas, depois eu explico.

Seria tempo o suficiente para Lucas refletir bem o que aconteceu nesses últimos minutos e relatar com palavras bem escolhidas.

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Estavam todos envolta da fogueira, esperando as palavras de Lucas. Mike estava deitado, com uma mochila em suas costas. Lucy enfaixava sua cabeça com gaza. Tom estava estava fazendo um espetinho de algum alimento inextinguível, e Lucas permanecia sentado, esperando a hora de falar. Tom não aguentou a demora.

— Vamos, comece.

— Ladrões tentaram levar nossas coisas.

— Sim, isso eu sei. - interviu Lucy - Mas o que houve?

— Bem, estávamos eu e Mike juntando os gravetos por sobre onde íamos acender a fogueira, esta que está na nossa frente, agora. Então repentinamente alguns ladrões escondidos apareceram para nós e tentaram levar nossas coisas. Mas nós conseguimos recuperá-las. Eles perceberam que nós éramos um empecilho, e tiveram que lutar conosco. Acontece que queriam me atingir primeiro, eu não sei o porquê. Eram uns quatro rapazes, se eu me lembro bem. Aliás, acho que tinha uma garota entre eles. Todos pareciam muito habilidosos e experientes. Mas o mais estranho, foi que quando dirigiram-se na minha direção, Mike tentou me defender. Ele lutou incessantemente, tentando deter os outros. Perceberam que o que eles queriam não estava comigo, e sim com ele. Como ele já estava lutando, todos os quatro foram até o Mike, para derrubá-lo. Eu tentei fazer algo, mas eles eram muitos, e também eram fortes. Mas Mike não desistiu, lutou bravamente. Por um momento, conseguimos fazê-los estranhos recuarem um pouco. Mas nesse momento, Mike já estava liquidado. Caiu desmaiado. Então você apareceu, e eles se foram.

— Mike... você se lembra o que aconteceu? Confirma o que ele disse? — Lucy dirigia-se ao ferido que estava do seu lado.

— Não, não me lembro de nada. Mas...

— Mas o quê?

— Eu tive um sonho estranho, não sei se isso aconteceu ou é besteira minha.

— O quê?

— Parece que eu estava tentando proteger alguma coisa.

— Sim, estava me protegendo dos ladrões. Não entendo o porquê, eu não mereço ser p...

— Era você? Estranho, no sonho eu jurava estar protegendo algum objeto.

— Lucas? — Lucy estava sentiu ter deixado passar alguma coisa.

— Objeto, como assim? — Lucas interrogou.

— Sim, alguma coisa, pequena. Bem, deixa pra lá, acho que foi só um sonho... não me lembro de nada... mas você disse que estava protegendo você... 

— Lucas, você está escondendo algo?

— O que eu haveria de esconder daqueles que salvaram a minha vida?

— Lucas, já chega. — Lucy levantou-se bruscamente. — Fala a verdade. isso não é um pedido.

Tom estava um pouco confuso, mas sabia reconhecer a alteração de Lucy, aliás, foi assim que a conhecera. Entendia que ela estava agindo intuitivamente. Afinal, talvez tivesse razão. Mike disse que, em sonho, protegia algum objeto. Ora, não foi um sonho, Mike estava lutando, contundo com o desmaio, sua memória esvaiu-se. Lucas desmente a afirmação do outro, mas percebe-se que está mentindo. O que ele está escondendo? Muitas pessoas fortes vieram nos tomar algum pertence, que Mike protegera bravamente, como disse o menino. um objeto... proteger... ladrões...

O mapa!

— Tá, eu falo. Existem gângstêrs experientes atrás de um mapa. Eles estão por perto, e querem o tesouro também. Sabe que está conosco, eu não sei como. 

— Mas como eles sabem que estamos com o mapa?

— Já disse que não sei.

— Mas se eles estão com o mapa... e ainda estamos com ele...

— Eles irão retornar! — exclamou Tom.

— Eu... não sei...

— E se aparecerem novamente?

Lucas permaneceu um momento, pensativo. O que dizer?

— Os ladrões são fortes, e muitos. Mike lutou bravamente, mas não podemos com eles, talvez nem tenhamos a mesma sorte que antes.

— Temos que ficar mais atentos, talvez eles retornem. — Tom observou.

— Então quer dizer que você mentiu sobre proteger o mapa? E no lugar falou sobre você?

— Eu não queria preocupar vocês. Me desculpem... por favor. 

— Tudo bem Lucas, eu te perdoo. Só quero frisar uma coisa: nunca minta para nós. Nunca. Que isso não se repita.

O silêncio governou novamente, por alguns instantes. Lucas parecia queria dizer mais alguma coisa, mas era muito difícil.

— E sobre me proteger... não é mentira. — Lucas engoliu seco. — Ele me defendeu. Os ladrões pareciam querer me acertar primeiro, talvez pra me fazer de vítima, ou talvez pra me nocautear mesmo. Viram o menor e pensaram ser o mais fraco. Mas na verdade eu sou bem mais experiente que Mike. Mas... mesmo assim... ele me veio lutar pra me resguardar. Eu não entendo... logo eu... que tentei rouba-los... por quê?

— Sendo um ladrão ou não, você é um de nós. Não interessa seu passado. Interessa o agora. E agora está conosco. 

— Mas eu não mereço! Eu tentei roubá-los! Tentei enganá-los! Menti pra vocês... e ainda tentam me defender. isso não é justo comigo. — novamente ficou emocionado — por que... são tão legais comigo?

— Cara, independente do que você foi ou o do que é, somos uma equipe. Se tentássemos "cortar" você fora, ou se não confiarmos em você, isso faria de nós uma equipe fraca. Não somos como os outros. Bem, talvez eu seja, mas Lucy e Mike não. Eles são diferentes, aceite isso. 

Hoffmann's Adventures - O Mapa do TesouroOnde histórias criam vida. Descubra agora