O Vale da Sombra e da Morte - parte I

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Sob mais uma ensolarada tarde, Mike e seus amigos caminhavam em uma estreita trilha para prosseguir o destino de suas vidas. A vereda a qual avançavam continha longos quilômetros estreitos, onde na esquerda havia uma densa e perigosa floresta, e na direita, uma depressão perigosa. Ela media apenas três metros de largura, e o chão era de puro terreno irregular, coberto de lamas, insetos e alguns pedregulhos. Eles andavam em fila para não caírem, sendo Mike o primeiro, Lucy a segunda, logo depois Thomas e por último Lucas. 

Comentavam o que poderia haver depois daquela grande depressão:

— Meu pai dizia que lá embaixo é um lugar mal-assombrado. — Tom afirmava.

— Bem, eu conheço uma lenda que lá é um lugar onde ninguém nunca saiu, e quem cair acabará morrendo lá, vendo aparições fantasmagóricas. — Lucas complementou.

— A impressão de aparição é o fato de haver uma grande densidade de vegetação e umidade, ocasionando em pouca luminosidade e neblina.

— Já pensou, um lugar escuro e nublado, onde a luz do Sol não bate?. — Mike imaginava. — Onde as almas que morrem ficam presas e atormentam os humanos que se enfiaram lá? Hahaha.

— Bem, ainda bem que é só uma lenda né. Mas ela é tão famosa que o local é conhecido como Vale da Sombra e da Morte, o que só aumenta a força do boato. — Lucas concluiu.

— O que você acha disso, Lucy?

Mike virou a cabeça, esperando alguma resposta da sua amiga.

— E-eu não sei... só não quero parar lá.

— Calma Lu, isso é só uma brincadeira de mal-gosto pra assustar os forasteiros. Não precisa ficar com medo.

— B-bem, mas é como dizem, toda brincadeira tem um fundo de verdade. Não é mesmo? E s-sendo lenda ou não, prefiro não arriscar. Não quero correr o risco de cair.

— Lu, você está bem? Está um pouco tensa.

— Bem, sendo lenda ou não, este é um local muito perigoso. Muita atenção para não escorregarem em musgo ou tropeçarem em pedras, por que essa depressão é muito grande. —Meu pai já passou por aqui e contou que muitas pessoas morreram por aqui. — interviu Tom. — Não é mesmo Lucas?

Silêncio.

— ...Lucas?

Quando parou para olhar atrás de si, constatou que Lucas já não estava tão próximo. Ele estava parado, observando para a sua esquerda. Parecia atento em algum detalhe. 

Subitamente, ele correu desesperadamente e gritou:

— Corram, corram rápido, são eles!

— Eles quem?

— Ladrões! Querem o mapa!

Ninguém entendeu nada. Mas Tom teve a vaga impressão de ver um vulto distante se mover entre a vegetação densa, movendo as folhas das plantações. Resolveu complementar:

— Tem alguém vindo bem rápido, Lucy e Mike, corram!

Imediatamente todos iniciaram uma corrida rápida. Já estavam acostumados. O problema é que eles estavam em um local estreito, e movimentavam-se em fila, onde caso alguém quisesse aumentar sua velocidade não tinha espaço para isso, e quem estava cansado não podia parar. Pobre da Lucy, que ficara entre Tom e Mike e precisava medir seus passos.

Eles estavam lentos, e o vulto parecia aproximar-se exponencialmente. Mike tentou acelerar, mas de qualquer maneira, estaria longe de seus amigos, então por isso preferiu manter-se em uma velocidade moderada. O que ele não sabia é que isso incomodava Lucy, que queria correr mais.Tom pretendia ficar mais rápido também, mas não podia fazer isso, pois Lucy bloqueava sua passagem. Lucas ficava atrás, esperando pacientemente os outros avançarem, enquanto repetia interjeções para que fossem adiante. No final das contas, a mais prejudicada era a menina da turma. 

Como Lucy não podia ter liberdade pra pisar onde queria, por um momento acabou pisando em um sulco, perdendo o equilíbrio e cambaleando. Esse foi um dos momentos mais lentos da sua vida. Sentindo que podia levantar-se, instintivamente segurou no braço de Mike, que estava à sua frente. Mas o que ela não sabia é que essa ação somente piorara a situação, pois levou seu amigo da frente consigo. Tom, incapacitado de prever o seu movimento, também tropeçou e caiu, contudo não tão junto dos dois. 

Lucy escorregou por uns momentos, e quando viu que poderia levantar-se, apoiou-se sobre um joelho e tentou puxar Mike para si também. Ele, por sua vez, não conseguiu manter o equilibrio e a empurrou pra um dos lados, e juntos eles deslizaram para a temida depressão.

Tom permanecia apoiado sob sua perna, para se levantar. Mas ao ver seus amigos caindo, sem pensar, tentou dar a mão pra algum deles. Vendo que sua ação não teve efeito, desceu pra ajudá-los, afinal Mike e Lucy rolavam violentamente até o fim, podendo sofrer muitas lesões.

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Rolaram e rolaram, como nunca em suas vidas. Não podiam enxergar nada, apenas vegetações e muitas coisas rodando em ao redor. Tom, enquanto descia, tropeçou e bateu a cabeça em algo, mas continuou o destino do mesmo jeito que seus companheiros: rolando.

Quando Mike finalmente ficou inerte, e percebeu-se deitado em um terreno fofo, levantou-se, tonto, e tentou compreender onde situava-se. 

Era um lugar frio, escuro, e mesmo assim, muito nebuloso. Não podia enxergar o que havia à poucos metros de distância, e mesmo assim, o que enxergava ao seu redor eram apenas sombras. Havia muitos troncos de árvores, o chão continha plantas e pedregulhos, mas era de uma textura macia, e úmida. Por um momento, conseguiu perceber insetos rastejantes emitindo sons de que estava movimentando-se, e sentia alguns sendo esmagados enquanto andava. Pensou estar sonhando. Em um lugar tão escuro e difícil de se movimentar, como poderia encontrar os seus amigos? Será que estava lá sozinho? Não, lembra de Lucy ter caído consigo, e provavelmente ela estava por perto. Será que ela conseguiria escapar de lá?

Lucy estava aterrorizada. Era este o tal Vale da Sombra e da Morte. Via muitas formas estranhas à sua volta, e enquanto andava, sentiu o barulho de algo se quebrando. Seria um inseto? Não, o som de um bicho sendo esmagado não era soava tão consistente quanto esse. Quando olhou pra ver onde pisava, tinha a vaga impressão de estar observando para uma carcaça velha de um esqueleto. Deveria haver muitos como esse, pensou. Então era verdade! Ninguém nunca escapou de lá! Espíritos haveriam de aparecer para assombrar-lhe até a morte. As almas dos defuntos que não foram enterrados haveriam de comer a sua carne, para que ela fosse a próxima, afim de vagar pelo vale. 

Quando deu por si, percebeu que estava sendo como uma criança assustada na noite. Não podia acreditar em uma lenda e dar-se por vencida. Antes, acreditou por precaução. Mas agora era tarde, já estava lá, e deveria lutar pela sobrevivência. Talvez Mike estivesse próximo, em algum lugar. Tentou gritar para ver se alguém a ouvia, mas a vegetação densa, a impedia de saber se alguém estava lá. E, talvez pelo pavor, ou pela atmosfera, sua voz saiu rouca, sendo praticamente inaudível. Seu coração batia cada vez mais rápido. Tinha que fazer algo, urgentemente. Mas nãos sabia, não podia ver nada; nem ao menos sem se mexer, sem pisar em algum inseto, vegetação, ou talvez até carcaça. Estava com medo de aparecer alguma entidade. Caso percebesse algo sobrenatural, saberia que este é o seu fim. 

Por um momento, Lucy percebeu um vulto na sua frente.

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⏰ Última atualização: Jan 16, 2015 ⏰

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