Capítulo 4 - E agora preciso ir para o alternativo?

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— Primeiramente, eu gostaria de saber pelo menos o seu nome antes de começar qualquer loucura.

Falei de forma firme. Ele não podia perceber que sua beleza havia me deixado de certa forma, extasiada.

— Achei que pessoas como você fossem acostumadas com loucura. Enfim, meu nome é Pedro Vanderbilt. Eu sou, ou pelo menos, acho que sou aluno dessa Academia.

Seu tom era irônico e ele passava constantemente a mão pelos cabelos enquanto conversava comigo.

— Ok. Pedro então. Acho que você já sabe, mas me chamo Lauren Miller. E por curiosidade, se você está morto, por qual razão consegue falar comigo?

— É porque na realidade, não estou realmente morto.

Isso era impossível. Até onde sei, não tem como um ser humano ficar meio vivo, nem se ele for um super.

— Como assim não está realmente morto? Você precisa do que? Da minha ajuda para sucumbir ao inferno ou subir aos céus?

— Não acho que vou sucumbir ao inferno tão cedo.

Ele se direcionou até a parede e se sentou por cima da fina grama coberta de orvalho. Fiz o mesmo para conseguir olhar em seus olhos. Quando me sinto intimidada ou sem controle dos acontecimentos em minha volta, ver diretamente os olhos do outro me trás uma falsa segurança.

— Então, se não está morto, o que aconteceu?

— Aconteceu que o seu querido e exímio diretor me prendeu numa espécie de universo paralelo. Eu estou na academia de forma corpórea, mas em um lugar sujo e escuro, o oposto daqui.

— E por qual motivo ele faria isso?

— É por isso que preciso da sua ajuda. Onde quer que eu esteja, ele retirou o meu poder e isso fez a minha mente vagar sem rumo. O que você está vendo, é na verdade uma representação do que os inferiores apelidaram de alma.

Era muita coisa para processar. Um menino que não está vivo nem morto, quer a minha ajuda para sabe-se lá Zeus o que, e o meu diretor do nada além de ranzinza é também um vilão?

— Tá, calma. Então você precisa de mim para tocar nas coisas e usar os meus poderes para te ajudar?

— É isso mesmo. Não sei onde estou, não tenho meus poderes e por um acaso, finalmente alguém com seu poder deu o ar da graça por aqui.

— E como você descobriu meu poder?

— Foi fácil. Só tive que encarar cada aluno durante um ano para achar um que me avistasse. Voi lá, mademoiselle. Esse alguém é você.

— Tudo bem, meu caro Gentleman. Como você espera que eu possa te ajudar?

Ele se aproximou de mim e dramaticamente semicerrou os olhos para dar ênfase ao que ia dizer. Eu conseguia ouvir meu coração feito um tambor no meu peito.

— Você vai me ajudar a sair de onde quer que eu esteja, descobrindo onde fica o portal.

— E como você espera que eu consiga fazer isso?

— E ainda pergunta? Pelo que pesquisei, você além de ver mortos, também faz coisas com a mente. Sei lá, você não pode hipnotizar alguém e descobrir?

— Não é assim tão simples. Pode ser perigoso, alguém pode me ver e eu posso ser expulsa daqui.

— Ah qual é! Você consegue. Bom, isso é o de menos agora. Preciso saber se você pode ou não me ajudar.

Eu precisava pensar. Não era assim tão fácil de decidir. Eu vejo um "defunto" e agora preciso ir para o alternativo?

— Eu preciso pensar. E não posso fazer isso sozinha. Você precisa me deixar contar para as minhas amigas.

— Tá, que seja. Eu só preciso que ache o portal e me tire daqui. Depois, a gente tenta desmascarar aquele diretor.

— E o que você acha que ele quer, realmente?

— Posso falar a verdade? Não tenho a mínima ideia. Mas sei que envolve poderes, já que ele absorveu os meus em algum lugar.

— Isso fica cada vez mais estranho. Eu nem sei quem é você.

— Bom, quanto a isso, use a criatividade. Pedro Vanderbilt não é um nome tão comum assim. Certeza que vai achar algo.

— E o que eu faço agora?

— Não sei. Decida se quer ou não. Tente fazer isso logo, ok? Não sei quanto tempo eu tenho. Até logo.

E, por fim, tendo dito isso, ele sumiu. Eu fiquei paralisada por minutos, chuto que foram uns 15, tentando assimilar todas aquelas informações. Que história maluca era essa? Eu nunca converso com nenhum deles, e quando acho que estabeleci um controle, vou ir parar em um mundo alternativo?

Meus devaneios foram interrompidos por um barulho de galho se quebrando. Fiquei em alerta e vi que era um professor. Esperei ele adentrar o refeitório e fui rapidamente de volta para as barracas. Todos já estavam se ajeitando para dormir e foi fácil despistar os olhares. Adentrei a barraca ofegante pela corrida.

— E ai, o que aconteceu? O que ele quer?

Anne me perguntou isso enquanto as outras pararam o que estavam fazendo para me encarar. Olhei para o celular e vi que elas tinham me avisado que um professor estava indo para o refeitório, mas eu não havia percebido.

— Ele basicamente me disse que nosso diretor o sequestrou, o mandou para uma dimensão alternativa que pelo descrito, parece o "Mundo Invertido" de Stranger Things. Ele disse que tem um portal e que precisa que eu o ache para o tirar de lá. A "alma" dele vaga pela academia e ele precisa de mim, já que sou a única que consegue o enxergar.

— Wow. Tá, não era o que eu estava esperando.

Kate me ofereceu um marshmallow e se jogou na cama, me encarando fixamente, como as outras três.

— E o que você disse? Vai o ajudar?

Nicole estava sentada com o celular na mão. Parecia a mais crédula com a história e não demonstrou tanto espanto quanto as outras.

— Não sei. Disse que vou pensar. Não posso fazer isso sozinha. Preciso de vocês.

— Então ele também quer a nossa ajuda?

Anne me olhou com uma cara de ironia, de quem não sabia se acreditava ou não.

— Ele não quer a ajuda de vocês. Eu quero. Ele me disse que o nome dele era "Pedro Vanderbilt". Vocês podem pesquisar comigo na biblioteca? Tudo bem se não quiserem ajudar.

— Por mim tudo bem. Todo dia é um bom dia para acabar com o patriarcado de um diretor chato, mesmo que a gente morra no meio disso.

Nicole me olhou rindo, e logo depois de falar isso, todas nós caímos na risada.

Apesar de toda loucura, era bom poder contar com elas.

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BOAAA NOITE!! Tudo bem com vocês?

Esse capítulo ficou mais curto, mas achei que uma extensão causaria um final chato.

Estão gostando até aqui? Sábado tem mais um!

Um beijo, um queijo e até o próximo capítulo!

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