Dia 130

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A morte beijou o meu rosto e diziam que a culpa foi minha...

Mas a culpa não é real, ninguém tem culpa por tudo ser pintado de preto e impedir a gente de ver as cores. Não é culpa minha que você queira ser uma estrela no céu de outro alguém e não é culpa minha chorar. Eu posso chorar. Eu não preciso escrever o soneto perfeito, eu preciso libertar esse pássaro azul em meu peito, mas ele tem medo, ele tem medo, ele tem medo.

Talvez seja apenas isso, medo.

Esquecemos de tudo, mas não preciso fazer um soneto perfeito.

Talvez um haicai baste.

"Eu não superei minha morte

nem a sua.

Há tempos já morremos."

Dormi, acordei no outro dia, a luz não entrava pela janela. Mas a porta ainda estava aberta.

Fumei um cigarro e saí, fui à editora. Publiquei um livro que ninguém vai ler. Mas pelo menos matei quem eu era antes e tirei-a da minha lembrança. O fone de ouvido dava a lista de música uma luz que a cidade não tinha. Olhava a rua da janela do ônibus.

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⏰ Última atualização: Sep 11, 2020 ⏰

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