Capítulo 17_Cristais em Sangue

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    Ao entrarem na sala horas antes, Edie e Kia a princípio não encontraram nada de incrível como esperavam, a sala era apenas uma sala como Maick tinha dito.

     O lugar era amplo, sem janelas, com apenas algumas velas num lustre pendurado no teto, ele balançava de um lado para o outro ameaçando cair a cada tremor, o piso era de mármore vermelho juntamente com as pilastras, as paredes eram de ouro. Vasos estavam espalhados pela sala, alguns quebrados outros caídos, um tapete cruzava o centro dela. Uma escada dava para um longo altar e uma parede aos fundos, ali uma grande cortina vermelha ia de uma parede a outra.

     As duas tinham inspecionado todos os cantos, até que afastaram a grandiosa cortina, descobrindo uma escada de pedra estreita que descia para algum lugar. Seguindo as escadas, deram em um corredor largo e mal iluminado, apenas um pouco de luz crescia do fundo:

     — Que lugar queeeenteee... — Edie enxugou a testa suada, o lugar era mais abafado do que o lado de fora. — ...isso literalmente é um inferno, onde será que esse corredor vai dar?

     — Não faço a mínima ideia...  Kia falou num sussurro.

     — Hm... Kia?

     — O quê?

     — O que você... o que você acha que está causando esse tremor? — Edie andou lentamente para acompanhá-la.

     — ...eu não sei Edie, mas...

     — ...mas não é coisa boa não é???

     — ...mas...

     — ...você acha que esse lugar vai explodir??? Com a gente nele???

     — ...mas...

     — Ah Kia! Seja lá o que aconteça, saiba que eu te adoro! Você é minha melhor amiga para sempre! Eu nunca vou te abandonar...

     Kia revirou os olhos e suspirou:

     — ...eu também — murmurou baixinho.

     Edie passou uma braço ao redor dos ombros da anjo e continuou a andar:

     — Vem... — Puxou-a consigo ajeitando os óculos determinada.

     As duas andaram mais um pouco se aproximando cada vez mais da luz, os tremores e barulhos também pareciam cada vez mais próximos, o teto e o chão vibravam sem parar. Finalmente chegaram a origem da luz, uma rachadura grande e estreita abria-se na parede de pedra do corredor, era grande o suficiente para que as duas espiassem e até mesmo passassem:

     — UOU! — Edie espiou dentro da rachadura e surtou com a imagem do lugar, Kia também se aproximou para olhar e não conseguiu conter a surpresa.

     Um chão calçado de pedras grande e extenso se erguia adiante de todo o amplo espaço fechado e enorme, o calor provinha de um mar de lava que circundava todo o local borbulhando e respingando perigosamente, grandes pedaços de pedra se erguiam da lava. No teto daquela estrutura cavernosa, um buraco enorme deixava a luz alaranjada entrar e iluminar o centro do piso do pátio subterrâneo, onde os destroços de pedra do buraco estavam espalhados no chão, chamuscados e destruídos. Era quase impossível imaginar que tudo aquilo estivesse bem embaixo da muralha.

     Alguma coisa explodiu uma enorme pedra do outro lado, aquilo fez um pedaço do teto ceder ruidosamente. Edie e Kia observaram os pedaços dele voarem para todos os lados e uma poeira escura densa se levantar. Quando a massa negra se esvaiu, ambas conseguiram ver a causa daquele caos:

     — ... é aquele demônio!... ele tá aqui!!!

     — Cuidado, não deixe ele te ver... — Kia murmurou a puxando para trás da abertura bruscamente.

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