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Dulce

Depois do jantar, nós devoramos um pote de sorvete que ficou esquecido em meu congelador antes da viagem à Los Angeles. Colocamos um filme para assistir e quando, no meio do filme, eu comecei a sentir leves dores em meus pontos, Christopher se dispôs a limpá-los.

Com a cabeça encostada no sofá, eu observava o rosto dele cada vez mais concentrado, passando o algodão por meu rosto cuidadosamente. Ele estava perto demais de mim, com seu corpo praticamente sobre o meu, fato que me deixou um tanto quanto nervosa.

— Prontinho. — ele apoiou sua mão ao lado do meu rosto e levou seus olhos aos meus, mantendo um sorriso singelo nos lábios, sem afastar-se de mim nenhum centímetro.

— Obrigada. — respondi após alguns segundos em transe.

— E então... — ele se afastou e eu soltei um murmúrio de lamento abafado. Eu queria tanto o calor de seu corpo perto do meu que senti frio com seu afastamento. — Já está tarde, acho melhor eu ir. — ele ia levantar, mas eu segurei o seu braço.

— Não me deixa sozinha. — pedi. — Eu... tenho medo. — falei um pouco constrangida.

— Dul... — ele chegou mais perto e apoiou sua mão em meu rosto. — Eu detesto que esteja se sentindo tão insegura. Juro que se eu pudesse, tiraria todos esses sentimentos ruins de você e os colocaria em mim.

Me acomodei para mais perto dele, envolvi meus braços em volta de sua cintura, enterrei meu rosto em seu peito e o abracei, fechando meus olhos e respirando fundo para inalar o máximo de seu cheiro. Ele me abraçou de volta com cuidado, certificando-se de não me apertar tanto para não me machucar. Apoiou seu queixo no topo de minha cabeça e passou suas mãos por minhas costas, confortando-me.

— Fica aqui. — pedi novamente.

— Ok. Ficarei até que você durma.

— Não, por favor. Dorme aqui, não gosto de pensar que não vai ter ninguém aqui enquanto eu estou desacordada.

— Tudo bem, eu durmo.

Nós continuamos abraçados por longos segundos, num silêncio tão confortável que eu não sentia a necessidade de falarmos absolutamente nada. Eu só queria continuar com minha cabeça encostada em seu peito, ouvindo as batidas de seu coração, que eram como sons de calmaria, apagando todos os meus medos um a um.

Amaldiçoei a invenção dos celulares quando o meu começou a tocar, me obrigando a me afastar de Christopher para ir atender. Deixei um sorriso aparecer em meu rosto quando vi que era o meu pai.

— Oi, pai!

Querida, desculpe não ter ido te receber no aeroporto, eu estive muito ocupado e só tive tempo de ligar agora. Como você está? Tomou seus remédios? Descansou? Quer que eu vá te fazer companhia para que não fique sozinha? — eu não estava acostumada com tamanha preocupação vinda do meu pai, mas eu aumentei o meu sorriso ao ver o quanto nossa relação havia evoluído.

— Não se preocupe, papai. Estou muito bem e não estou sozinha. — olhei na direção de Christopher. — Um amigo vai dormir no meu apartamento hoje.

Podemos almoçar juntos amanhã? Se não quiser sair de casa, nós pedimos no seu apartamento.

Sim, é uma boa ideia, eu vou adorar.

Vou deixar você em paz agora, até amanhã, querida.

Até. — desliguei e coloquei meu celular de volta na mesinha de centro.

Caindo em Tentação Onde histórias criam vida. Descubra agora